sábado, 10 de janeiro de 2009


A Bíblia não diz que Deus não quer que Ninguém Pereça?
por
R. C. Sproul

O apóstolo Pedro declara com clareza que Deus não quer que ninguém pereça.
"Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para conosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento" (2Pedro 3.9).

Como podemos encaixar este versículo na predestinação? Se não é a vontade de Deus eleger todos para a salvação, como pode então a Bíblia dizer que Deus não quer que ninguém pereça?
Em primeiro lugar precisamos entender que a Bíblia fala da vontade de Deus em mais de uma maneira. Por exemplo, a Bíblia fala do que nós chamamos de vontade soberana eficaz. A vontade soberana de Deus é aquela vontade pela qual Deus faz com que as coisas aconteçam com absoluta certeza. Nada pode resistir à vontade de Deus neste sentido. Por sua soberana vontade, Ele criou o mundo. A luz não poderia recusar-se a brilhar.
A segunda maneira na qual a Bíblia fala da vontade de Deus é com respeito ao que chamamos de vontade preceptiva. A vontade preceptiva de Deus refere-se a seus comandos, suas leis. E a vontade de Deus que façamos o que Ele ordena. Somos capazes de desobedecer a sua vontade. Na realidade, quebramos seus mandamentos. Não podemos fazer isso com impunidade. Fazemos isso sem sua permissão ou sanção. Ainda assim o fazemos. Nós pecamos.
Um terceiro modo que a Bíblia fala da vontade de Deus faz referência à disposição de Deus, ao que agrada a Ele. Deus não tem prazer na morte do ímpio. Existe um sentido no qual a punição do ímpio não traz alegria a Deus. Ele escolhe fazê-lo porque é bom punir o mal. Ele se alegra na justiça de seu julgamento, mas é "triste" que tal julgamento justo precise ser realizado. E algo como um juiz sentar-se na corte e sentenciar seu próprio filho à prisão.

Vamos aplicar estas três definições possíveis à passagem de 2 Pedro.

Se tomarmos a declaração compreensiva "Deus não quer que ninguém pereça", e aplicarmos a ela a vontade soberana eficaz, a conclusão é óbvia. Ninguém perecerá. Se Deus soberanamente decreta que ninguém deve perecer, e Deus é Deus, então certamente ninguém jamais perecerá. Este, então, seria um texto de prova não para o arminianismo, mas para o universalismo. O texto, então, provaria demais para os arminianos.
Suponha que aplicamos a definição da vontade preceptiva de Deus a esta passagem. Então a passagem significaria que Deus não permite que ninguém pereça. Isto é, Ele proíbe o perecimento das pessoas. E contra sua lei. Se as pessoas fossem adiante e perecessem, Deus teria de puni-las por perecerem. Sua punição por perecerem seria mais perecimento. Mas como alguém se envolve em mais perecimento do que o perecimento? Esta definição não funcionará nesta passagem. Não faz sentido.
A terceira alternativa é que Deus não tem prazer no perecimento das pessoas. Isto se enquadra no que a Bíblia diz, em outros lugares, sobre a disposição de Deus em relação aos perdidos. Esta definição poderia servir nesta passagem. Pedro poderia simplesmente estar dizendo aqui que Deus não tem prazer no perecimento de ninguém.
Embora a terceira definição seja possível e atraente para ser usada na solução desta passagem, com a qual a Bíblia ensina sobre predestinação, há ainda um outro fator a ser considerado. O texto diz mais do que simplesmente que Deus não quer que ninguém pereça. A cláusula inteira é importante: "pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento."
Qual é o antecedente de nenhum? É claramente "nós" . Será que "nós" se refere a todos nós humanos? Ou se refere a nós cristãos, o povo de Deus? Pedro gosta de falar dos eleitos como um grupo especial de pessoas. Eu acho que o que ele está dizendo aqui é que Deus não quer que nenhum de nós (os eleitos) pereça. Se esse é o seu significado, então o texto exigiria a primeira definição e seria mais uma forte passagem a favor da predestinação.
De duas maneiras diferentes o texto poderia ser harmonizado com a predestinação. De maneira nenhuma sustentaria o arminianismo. Seu único outro significado possível seria o universalismo, que então entraria em conflito com tudo o mais que a Bíblia diz contra o universalismo.
Fonte: Eleitos de Deus – Editora Cultura Cristã – Pág 144-146 --
Reverência para com Deus
por
Henry Sikkema

Quando Davi intentou tomar a arca do concerto da casa de Abinadabe, ele teve intenções corretas, mas ele o fez da maneira errada, levando, no final das contas, à morte de Uzá (2 Samuel 6:1-11 e 1 Crônicas 13). Como Davi entendeu mais tarde (em 1 Crônicas 15:13 ss), ele estava errado na primeira vez em que tentou levar a arca para Jerusalém. Ele comentou que porquanto da primeira vez vós não a levastes, o Senhor fez uma brecha em nós, porque não o buscamos segundo a ordenança. Ele então declara o modo que deveria ser feito – os Coatitas (um clã dos Levitas) deveriam carregar a arca nos pólos e aos Levitas não lhes eram permitido tocar nas coisas santas (Números 4:14-15 dá estes mandamentos) ; somente um grupo seleto de Levitas deveria tocar os instrumentos musicais, e não Davi e todo o Israel. Note que Davi diz isto embora Deus não tenha proibido explicitamente o uso de um carro – o mandamento de carregar a arca nos pólos é suficiente para proibir qualquer outro método de transportar a arca. Como C.H. Spurgeon escreveu num sermão sobre A Lição de Uzá:
"O povo não demonstrou qualquer reverência para com Deus, consultando Seu registro de regras que Ele tinha imposto para orientação deles, - parecendo pensar que tudo o que lhes agradasse, O agradaria, - todo tipo de adoração que eles escolhessem inventar, seria suficiente o bastante para o Senhor Deus de Israel, - portanto, isto terminou em fracasso.... .."[15]
Quando Davi fez estas coisas como Moisés tinha ordenado, conforme a palavra do Senhor (1 Crônicas 15:15), então, Deus ajudou os levitas que Levavam a arca do concerto do Senhor (verso 26). Assim, novamente vemos claramente que Deus Se agrada somente com aquilo que Ele ordena.
Nota
[15] C. H. Spurgeon, um sermão sobre A Lição de Uzá. Vol 49(1903) #2855 , Página 517 citado em O Princípio Regulador Escriturístico da Adoração por Rev. G.I.Williamson, para a Conferência Psalmody (Salmodia), na Assembléia de Bonclarken, Flat Rock NC, 1990.

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