segunda-feira, 28 de março de 2011

O Culto Cristão: sua forma histórica


Dentre todos os campos do conhecimento teológico, poucos evoluíram tanto nos últimos 100 anos como a Teologia do Culto, acompanhada pela Liturgiologia, ou seja, o estudo da forma e do conteúdo do culto que é prestado pelos cristãos, no passado e no presente.

É o desejo da Igreja Presbiteriana de Franca, nesta ocasião em que celebramos a Reforma Protestante, oferecer à nossa comunidade de fé a oportunidade de conhecer a forma com que nossos antepassados cultuavam, buscando na História as formas e atos do culto, como eram praticados nas igrejas protestantes daquela época. Por isso, temos na ordem litúrgica de hoje textos e orações que vêm da Igreja Reformada de Genebra (compostos, na sua maioria, pelo próprio João Calvino), da Igreja Luterana, da Igreja Anglicana e também de nossa igreja-mãe, a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América.

Esta é uma grande oportunidade didática e cultural, mas não se trata apenas de “arqueologismo litúrgico”, ou de uma vontade de fazer diferente apenas pela graça de fazer diferente uma vez no ano. Nosso desejo, com este culto celebrado na forma histórica, não é apenas o de dar à Igreja uma “ida ao museu”.

A forma histórica do culto não se limita à escolha da música, ao “cantar somente hinos do hinário”, ou a ter a ordem litúrgica previamente definida e escrita. Um culto celebrado na forma histórica pode muito bem incorporar cânticos e textos contemporâneos, como faremos hoje.

O que realmente define o culto histórico é a sua participatividade: o culto da Igreja dos primeiros séculos era um grande diálogo entre o ministro e o povo de Deus, oferecido para a glória do Senhor. Se uma oração era feita, o povo respondia com um “amém” cantado. Se um texto da Bíblia era lido, o povo respondia cantando um Salmo. Quando a Palavra de Deus era proclamada por um pregador, o povo respondia declarando a sua fé, usando as palavras do Credo. E, ao final, povo e ministro se juntavam em uma oração responsiva, dando graças a Deus pela salvação em Cristo Jesus, e assim partiam o Pão e tomavam do Cálice da Ceia do Senhor.

No século XVI, essa participatividade tinha sido eliminada na Igreja de Roma: o diálogo acontecia em latim, língua que poucos falavam, e apenas entre o sacerdote e o Coro, em voz baixa. Ao povo cabia apenas assistir o que acontecia e orar silenciosamente; nem mesmo a oportunidade de cantar lhe era dada; se quisessem, deveriam entrar para o Coro.

Com a Reforma, a participação do povo foi reafirmada, desde a primeira Missa Alemã de Lutero (1522): o povo ouvia a Palavra de Deus na sua própria língua, e passou a poder, também, orar a ele e cantar seus louvores, exercitando e aumentando, assim, a sua fé. O acerto dessa medida foi tão grande que, quase 500 anos depois, na década de 1960, a Igreja de Roma decidiu também adotá-la.

No entanto, com o passar do tempo, muitas igrejas da Reforma acabaram se acomodando, preferindo deixar de lado a participação do povo nas leituras, orações e na condução da ordem litúrgica. Tornou-se comum dizer que “a liturgia do povo no culto é apenas cantar”. As orações e leituras tornaram-se monopólio do pastor.
Isso se vê ainda hoje, não apenas nas igrejas protestantes históricas, mas também em muitas das novas igrejas evangélicas e neopentecostais que têm surgido: todo o culto é conduzido pelo pastor e pelo Conjunto musical. Apenas eles fazem as leituras bíblicas, as orações e, em alguns lugares, só eles cantam, ficando o povo como mera platéia da liturgia que é oferecida no presbitério, já transformado em palco com canhões de luz e gelo-seco – talvez seja a versão pós-moderna dos excessos medievais de velários votivos e de incenso, mesmo que eles não tenham noção disso.

Nas últimas décadas, porém, muitas igrejas, presbiterianas e reformadas, no Brasil e no exterior, têm redescoberto a importância de um culto celebrado não de improviso pelo pastor, nem monopolizado por ele e pelo Conjunto musical, mas preparado e executado com grande amor e cuidado por toda a comunidade de fé.

Ao fazer isso, resgatamos os ricos ensinamentos dos escritos dos Apóstolos e dos Pais da Igreja dos primeiros séculos, atualizamos com os novos desenvolvimentos da Teologia e também da música sacra contemporânea, somando a nossa fé à de nossos pais e enriquecendo a herança – teológica, litúrgica e musical – que deixaremos para as gerações seguintes.

Muitas igrejas presbiterianas têm adotado esse estilo de culto, ao mesmo tempo histórico e contemporâneo, com formas escritas em alguns pontos e com orações espontâneas em outros, com os hinos da história cristã e com a nova música de nosso tempo, como sendo o seu culto-padrão. Outras fazem ambos – um culto histórico de manhã e outro menos formal à noite, mais ao estilo “evangélico”, para fazer como disse o Apóstolo Paulo: “fiz-me de tudo para todos para, por todos os meios, chegar a salvar alguns” (I Co. 9.22).

A celebração de hoje é uma oportunidade de descobrirmos tudo isso e de repensarmos os rumos da nossa própria fé, teologia e culto. Deus nos abençoe!



Eduardo H. Chagas
Regente do Coro da Igreja

Editorial publicado no boletim da Ordem Litúrgica do culto do dia 31/10/2009, da Igreja Presbiteriana de Franca/SP.

quarta-feira, 23 de março de 2011

" EU SOU O VERDADEIRO PROFETA DA NAÇÃO "

     Por Taciano Cassimiro

Não se assuste, o que segue, é o que estão dizendo ser o verdadeiro evangelho e verdadeiro profeta.

É vergonhoso ver uma massa humana correndo atráz de tudo que Jesus Cristo nunca ensinou ou prometeu ...deixando de lado as Escrituras Sagradas e mergulhando cada vez mais no misticismo.

Eis, o que alguns profetas estão pregando:

     Eu sou o profeta, pra ficar mais claro, EU SOU O VERDADEIRO PROFETA DA NAÇÃO. Eu prego o verdadeiro evangelho, o resto é conversa furada. Eu coloco sobre você a minha unção, você penteará seus cabelos com meu pente ungido e abençoado, que elimina caspa e mata até piolhos e outras coisas do gênero. Eu dou a você a garrafa com a minha unção. Você colocará todos os seus problemas dentro do caldeirão da benção, e cada vez que EU mexer, seus problemas começarão a ser extirpados, destruidos e lançados no inferno. E caso sobre algum problema, EU tenho a marreta de fogo, e dela não há mal que resista, pois, ela esmaga tudo, venha e prove a marreta de fogo. E caso queira receber mais bençãos passe pelo tapetão de fogo, pela nuvem de fumaça da benção. Você não nasceu para ser pobre, ficar doente, não possuir carro, pois você é filho (a) do rei, se tiver sede venha a mim e beba da água ungida. EU SOU O PROFETA DA NAÇÃO e prego  o verdadeiro evangelho, qualquer duvida me procure!

 Infelizmente é isso que muitos estão procurando!

Bom, antes que você pense que eu sou o " TAL ", que fique bem claro, que, " EU NÃO SOU ". Pois bem, é lamentavel saber que as afirmativas acima são apresentadas como sendo o EVANGELHO DE JESUS CRISTO.

Analise as Palavras de um grande pregador do passado
Em seu sermão " O Sistema da Graça " sobre Jeremias 6:14 ( Curam Superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: paz, paz , quando não há paz), George Whitefield disse:

" Do mesmo modo que Deus não pode conceder maior benção a uma nação ou a um povo do que dar-lhe ministros fieis, sinceros e retos, a maior maldição que Deus poderia mandar para um povo seria dar-lhe guias cegos, impenitentes, carnais, mornos e incapazes. Todavia, em todas as épocas, tem havido muitos lobos em vestes de carneiros...que profetizaram palavras mais suaves do que as permitidas por Deus."

Vejamos as Palavras de Jesus

Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.

Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?

E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.  
                                                       Mt 7.21-23

  Que Deus nos conceda misericórdia e graça, para não sermos seduzidos pela tentação de ser o " EU SOU O VERDADEIRO PROFETA DA NAÇÃO."

segunda-feira, 21 de março de 2011

A BÍBLIA E SUAS VERSÕES

Bíblia de Jerusalém, ed. Paulus
Desde a invenção da imprensa, no século XV, por Johannes Gutemberg, muitas versões da Bíblia foram impressas. Na medida em que manuscritos mais antigos foram surgindo (principalmente no século XIX), as Bíblias foram sendo atualizadas na tentativa de produzir uma tradução que expressasse com mais fidelidade o conteúdo dos textos originais. Ao longo do tempo foram sendo publicadas Bíblias para diversos gostos ou correntes teológicas: Versões populares, críticas, com capa colorida, com letras grandes, etc. Atualmente as Bíblias mais conhecidas são as seguintes: 

 1. As primeiras versões impressas em português

A mais antiga tradução completa da Bíblia para o português é obra de João Ferreira de Almeida, cristão protestante de origem judeu-portuguesa. Sua primeira tradução foi publicada em 1753 em três volumes.  A seguir as traduções de Almeida publicadas em um único volume.

1819 – “Versão Antiga” (BAIXE AQUI - PDF)– baseada nos modelos ingleses e holandeses do século XVII (Textus Receptus). A Almeida Corrigida e fiel (Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil) conserva até hoje o Textus Receptus como base para sua tradução.

1898 – Versão Revista e Corrigida (ou revisada) – revisão ortográfica e eliminação de termos obsoletos.

1956 – Versão Revista e Atualizada – utiliza o texto crítico, baseado em manuscritos do século IV (codex Vaticanus e Sinaiticus) descobertos após a primeira tradução de Almeida.

Em 1790 surgiu a versão de Figueiredo, elaborada a partir da Vulgata pelo padre católico Antônio Pereira de Figueiredo. Foi publicada em sete volumes, depois de 18 anos de trabalho. 

2. Edições recentes

1981 – Bíblia de Jerusalém (BJ). Tradução empreendida por exegetas católicos e protestantes e por um grupo de revisores literários. Esta Bíblia possui muitas notas críticas, que, aliás, são muito técnicas para um leitor sem formação teológica. É, sem dúvida, uma das melhores Bíblias de estudo.

1982 – Bíblia Sagrada Vozes Tradução original do texto hebraico/aramaico e grego. Possui introdução aos livros e muitas notas (existe uma excelente versão digital em CD).

1988 – Bíblia na linguagem de hoje (BLH), elaborada pela Sociedade Bíblica do Brasil a partir dos idiomas originais. Apesar da louvável tentativa de tornar o texto bíblico acessível às pessoas menos instruídas, possui alguns anacronismos imperdoáveis, tais como a palavra “despacho” em Dt 18,11 e “médiuns” em 2 Cr 33,6.

1990 – Edição pastoral Paulus - Tradução dos textos originais em linguagem corrente. A preocupação básica, de acordo com a editora, é oferecer um texto acessível ao povo, principalmente às comunidades de base, círculos bíblicos, catequese, escolas, celebrações. As notas críticas possuem a mesma qualidade que as da Bíblia de Jerusalém, com a diferença de serem mais acessíveis àqueles que não possuem formação teológica (também ganhou uma ótima versão em CD).  

2001 – Nova Versão Internacional (NVI) - Publicada pela Editora Vida e pela Sociedade Bíblica Internacional. Tem sido elogiada pela clareza do texto. As críticas mais contundentes a essa versão vem de setores conservadores do meio protestante, por causa da adoção do texto crítico como base para a tradução do Novo Testamento.

1997 – Tradução Ecumênica da Bíblia (TEB) - Segue a edição francesa tanto nas notas como no texto bíblico, sendo, porém, cotejada com os originais hebraicos, aramaicos e gregos.  

2002 - Bíblia do Peregrino - tradução do grande exegeta espanhol Luís Alonso Schökel, publicada pela Editora Paulus. É a Bíblia com o maior número de notas publicadas no Brasil. A edição brasileira é uma tradução do espanhol.

2007 – Bíblia Almeida Século XXI - As principais críticas a esta versão são excessivo conservadorismo teológico presente nas introduções dos livros e no uso não inclusivo da palavra “homem” para se referir à totalidade da espécie humana (homem e mulher).


Por Jones Mendonça 


Fonte: Numinosun Teologia

sexta-feira, 11 de março de 2011

De que tipo de pessoas a igreja precisa?


Por 
Taciano Cassimiro

É fato o crescimento assombroso e “ maravilhoso “ dos evangélicos ,principalmente, no Brasil. Igrejas abarrotadas, repletas de pessoas que buscam paz, felicidade e muita prosperidade e, alguns poucos em busca do verdadeiro evangelho.

      Mas, De que tipo de pessoas a igreja precisa?      

      1.  A  igreja precisa de pessoas com discernimento

Somos convidados pelas Escrituras a provar se os espíritos procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo. E não raro encontramos pessoas que são instruídas no evangelho de Jesus Cristo, porém, se deleita em programas evangélicos de televisão que pregam de tudo, menos o evangelho. Evangélicos que assistem o Rev. Hernandes Dias Lopes pregar no Programa Verdade e Vida e, depois assiste Waldemiro Santiago, mais conhecido como o “ multiplicador de igrejas “, e RR. Soares pregarem e não percebem diferença alguma chegando à conclusão de que, falando de Deus ta tudo bem, e que ambos estão falando as mesmas coisas, sendo que de forma diferente.

A igreja precisa de pessoas que saibam distinguir o ensino bíblico genuíno, do ensino falso oriundo de homens que na verdade buscam a fama e o poder. Pra que isto aconteça é preciso retornar a fonte, ler a fonte, se alimentar na fonte chamada Bíblia, pois é ela quem nos mostra o certo e o errado. Ela nos ajudará a discernir tudo.

      2.      A igreja precisa de pessoas devotadas a Jesus Cristo

Igrejas abarrotadas, catedrais, templos e mais templos sendo construídos para comportar o povo. Nunca se vendeu tantas Bíblias, tantos livros evangélicos, e tantos CDs e DVDs com músicas e mensagens. Mas, todos esses dados não reflete a realidade do nosso povo. Estamos diante de uma multidão de pessoas que não levam a sério a vida Cristã, a vida de oração e obediência aos ensinamentos de Cristo.
             
  A igreja precisa de pessoas que sejam devotadas a Cristo, que o busque em oração, que se alimentem de sua Palavra, de pessoas que carregue em seu corpo as marcas de Cristo. De pessoas que ande na luz, vivam na luz, se relacionem na luz, e trate as pessoas pela e com a luz de Cristo. Somente as pessoas que o amam farão e viverão estas palavras.

 3.      A igreja precisa de pessoas praticantes da Palavra

As igrejas estão repletas de membros, cristãos nominais, se é que existe.  Pessoas que andam com a Bíblia, falam da Bíblia, dormem com a Bíblia aberta na cabeceira de suas camas, no entanto, não obedecem os ensinamentos da Bíblia, que são os ensinamentos de Deus.

A prova de que alguém é de Cristo reside na obediência a sua Palavra. Se é alguém é de Cristo obedecerá a seus ensinamentos, pelos frutos seremos conhecidos.

O pastor Isaltino Gomes Coelho Filho um dos maiores expoentes bíblicos no Brasil, conta que: No interior de São Paulo, havia um pastor. Homem simples, sem erudição secular e que não manifestava muita elegância na forma de vestir. Mas, os próprios incrédulos o respeitavam e diziam: “ Lá vai o santo dos protestantes.” Diziam isso por causa do seu caráter que impressionava a todos.
É isto mesmo que acontece quando praticamos a Palavra de Deus.

Que o Senhor Jesus nos ajude a sermos praticantes, e por certo, através de nosso testemunho, o nosso pai celestial que está nos céus será glorificado.


Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.
João 14.23

Tanque D'arca- AL
11.03.2011

terça-feira, 8 de março de 2011

Pastores -Teólogos




  Tom Ascol




Thomas K. Ascol é o pastor da Gace Baptist Church em Cape Coral, na Flórida. Obteve seus graus de mestrado (M.Div) e doutorado (Ph.D) pelo seminário teológico batista Sowthwestern. É preletor de conferências teológicas e autor de diversos livros e artigos teológicos e é o diretor executivo do ministério Founders.Tom Ascol é casado com Donna e o casal tem 6 filhos.
Cristo tenciona que suas igrejas sejam guiadas por homens que preenchem certas qualidades. Em suas cartas a Timóteo e Tito, o apóstolo Paulo escreveu com muita clareza a respeito do que os presbíteros de uma igreja devem ser. A principal preocupação é o caráter. Eles devem ser homens cujas vidas são exemplo de santidade.

Além disso, os homens que devem pastorear o rebanho de Deus têm de ser doutrinariamente corretos. Precisam crer sinceramente na verdade e ser capazes de ensiná-la com clareza. Paulo estabeleceu esse fato em Tito 1.9, depois de ressaltar as qualificações morais que todo presbítero tem de possuir. Um presbítero, ele escreveu, deve ser "apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem".

As igrejas devem ser assistidas pelo ministério de pastores que são teólogos. Essa idéia parece bastante estranha em nossos dias porque nos últimos cem anos testemunhamos uma separação desses ofícios. Pastores estavam ligados às igrejas, enquanto os teólogos, fomos levados a crer, estavam vinculados a universidades e seminários.

No entanto, a instrução de Paulo a Tito nos força a admitir que todo pastor é chamado a ser um teólogo. A verdade que Deus revelou em sua Palavra tem de ser explorada, entendida, crida, ensinada e defendida. Isso descreve a obra de um teólogo, e o ministério pastoral não pode ser realizado eficazmente por um homem que não se engaja nesse tipo de esforço.

As igrejas devem ser governadas pela Palavra de Deus. Os homens que têm a responsabilidade de liderar uma igreja não têm outra alternativa, senão a de serem bem alicerçados nas Escrituras.

Um pastor deve ser firme em sua compreensão da Palavra, "que é segundo a doutrina". Paulo estava se referindo ao que, naquele tempo, havia se tornado um corpo reconhecido de ensino doutrinário. Antes de um homem ser qualificado para servir na função de pastor em uma igreja, ele deve "apegar-se" às doutrinas da Palavra de Deus; ou seja, ele tem de compreender essas doutrinas e crer nelas. Nem o pensamento superficial, nem um compromisso indiferente com os ensinos das Escrituras será suficiente para o homem que deseja ser um pastor na igreja de Jesus Cristo. Isso significa que os pastores devem ser homens que se dedicam com diligência ao estudo e cultivam constantemente fé humilde.

Paulo menciona duas razões por que um pastor tem de ser um teólogo diligente. A primeira diz respeito à sua responsabilidade de nutrir e cuidar do rebanho ao qual ele serve. Pastores têm de alimentar as ovelhas, e a única dieta que Deus prescreveu para seu povo é a sua Palavra (Hb 5.12-14; 1 Pe 2.2). Um presbítero de igreja deve ser "apto para ensinar" (1 Tm 3.2), pois é por meio do ministério da Palavra que os crentes são alimentados. Como David Wells sugere corretamente, um pastor é um agente da verdade, cuja responsabilidade primária é estudar, proclamar e aplicar a Palavra de Deus, para que o "caráter moral seja formado e a sabedoria cristã se manifeste" no povo de Deus. Essa é a primeira razão por que um pastor tem de ser um teólogo – para que possa instruir na "sã doutrina".

Mas um pastor não tem apenas de ensinar os filhos de Deus. Ele precisa também defendê-los. Ele tem de afirmar a verdade e refutar o erro. E ambas as tarefas exigem discernimento resultante de estudo cuidadoso. A igreja de Cristo sempre esteve impregnada de pessoas que "contradizem" a sã doutrina. A tarefa dos pastores consiste de repreender essas pessoas, de modo que o erro delas não se espalhe, como um câncer,  na igreja (2 Tm 2.15-18).


O pastor tem de ser "bem instruído", escreveu Calvino, "no conhecimento da sã doutrina; a segunda é que tenha inabalável firmeza de coragem... e a terceira é que ele faça a sua maneira de ensinar tender à edificação".

Os maiores teólogos na história da igreja foram pastores fiéis. E os maiores pastores na história da igreja foram teólogos dedicados. É óbvio que os nomes em ambas as listas (com raras exceções) são os mesmos.

Agostinho, Lutero, Calvino, Gill, Edwards, Fuller, Spurgeon e Lloyd-Jones eram pastores-teólogos. Eram homens que levavam bem a sério as qualificações apostólicas quanto a um presbítero e, no cumprimento de sua chamada para pastorear o rebanho de Deus, dedicaram-se fielmente à obra de teologia.

J. I. Packer observou sabiamente: "Para ser um bom expositor... um homem tem de ser, primeiramente, um bom teólogo. Teologia é aquilo que Deus colocou nos textos da Escritura, e teologia é aquilo que os pregadores devem extrair desses textos".

Se anelamos ver renovada vitalidade espiritual enchendo as nossas igrejas, temos de insistir com aqueles que servem como pastores para que reconheçam estar inerente em sua vocação a responsabilidade de serem teólogos sãos. Somente assim o povo de Deus será instruído apropriadamente no caminho de Cristo e protegido, com eficácia, de erros e heresias que corroem a saúde espiritual.




Traduzido por: Francisco Wellington
Copyright© Tom Ascol
Copyright© Editora FIEL 2011.

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