sábado, 11 de outubro de 2008

A Vocação dos Eleitos - Agostinho


Procuremos entender a vocação própria dos eleitos, os quais não são eleitos porque creram, mas são eleitos para que cheguem a crer. O próprio Senhor revela a existência desta classe de vocação ao dizer: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi (Jo 15: 16). Pois, se fossem eleitos porque creram, tê-lo-iam escolhido antes ao crer nele e assim merecerem ser eleitos. Evita, porém, esta interpretação aquele que diz: Não fostes vós que me escolhestes.*Não há dúvida que eles também o escolheram, quando nele acreditaram. Daí o ter ele dito: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi, não porque não o escolheram para ser escolhidos, mas para que o escolhessem, ele os escolheu. Isso porque a misericórdia se lhes antecipou (Sl 53:11) segundo a graça, não segundo uma dívida. Portanto, retirou-os do mundo quando ele vivia no mundo, mas já eram eleitos em si mesmos antes da criação do mundo.*Esta é a imutável verdade da predestinação da graça. Pois, o que quis dizer o Apóstolo: Nele ele nos escolheu antes da fundação do mundo?(Ef 1:4). Com efeito, se de fato está escrito que Deus soube de antemão os que haveriam de crer .e não que os haveria de fazer que cressem, o Filho fala contra esta presciência ao dizer: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi. Isto daria a entender que Deus sabia de antemão que eles o escolheriam para merecerem ser escolhidos por ele.
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Conseqüentemente, foram escolhidos antes da criação do mundo mediante a predestinação na qual Deus sabia de antemão todas as suas futuras obras, mas são retirados do mundo com a vocação com que Deus cumpriu o que predestinou. Pois, o que predestinou, também os chamou com a vocação segundo seu desígnio. Chamou os que predestinou e não a outros; predestinou os que chamou, justificou e glorificou (Rm 8:30) e não a outros com a consecução daquele fim que não tem fim.
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Portanto, Deus escolheu os crentes, mas para que o sejam e não porque já o eram. Diz o apóstolo Tiago: Não escolheu Deus os pobres em bens deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam? (Tg 2:5). Portanto, ao escolher, fá-los ricos na fé, assim como herdeiros do Reino. Pois, com razão, se diz que Deus escolheu nos que crêem aquilo pelo qual os escolheu para neles realizá-lo.
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Pergunto: quem ouvir o Senhor, que diz: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi, terá atrevimento de dizer que os homens têm fé para ser escolhidos, quando a verdade é que são escolhidos para crer? A não ser que se ponham contra a sentença da Verdade e digam que escolheram antes a Cristo aqueles aos quais ele disse: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi.
posted by Josemar Bessa at 4:31 PM
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Este texto está no tópico - Agostinho
posted by Josemar Bessa at 4:59 PM

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A Explicação para os Aparentes Casos de Perda de Salvação
por
Wayne Grudem

Será sempre fácil distinguir os membros da igreja que têm autêntica fé salvífica daqueles que tem apenas um convencimento intelectual da verdade do Evangelho, mas não a autentica fé no coração? Não, nem sempre é fácil, e a Bíblia afirma em várias passagens que descrentes em aparente comunhão com a igreja podem dar alguns sinais ou indicações exteriores que os façam parecer crentes verdadeiros. Por exemplo, Judas, que traiu Cristo, deve ter agido quase exatamente como os outros discípulos durante os três anos em que esteve com Jesus. Tão convincente era a sua conformidade à conduta dos outros discípulos, que, ao final dos três anos de ministério de Jesus, quando ele declarou que um dos seus discípulos o trairia, nem todos suspeitaram de Judas, mas "começaram um por um a perguntar-lhe: Porventura, sou eu, Senhor?" (Mt 26.22; cf. Mc 14.19; Lc 22.23; Jo 13.22). Porém, Jesus sabia que não havia fé genuína no coração de Judas, pois disse a certa altura: "Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo" (Jô 6.70). João mais tarde escreveu no seu evangelho que "Jesus sabia, desde o principio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair" (Jo 6.64). Mas os discípulos mesmos não sabiam.
Paulo fala dos "falsos irmãos que se entremeteram" (Gl 2.4), e afirma que nas suas viagens esteve "em perigos entre falsos irmãos" (2 Co 11.26). Afirma também que os servos de Satanás se transformam "em ministros de justiça" (2 Co 11.15). Isso não significa que todos os descrentes da igreja que dão alguns sinais de verdadeira conversão sejam servos de Satanás agindo secretamente para minar a obra da igreja, pois alguns podem estar ainda ponderando as declarações do Evangelho e avançando rumo à verdadeira fé, outros podem ter ouvido uma explicação incorreta da mensagem evangélica, e outros podem não ter ainda alcançado a verdadeira convicção do Espírito Santo. Mas as declarações de Paulo significam que alguns descrentes dentro da igreja são falsos irmãos e irmãs enviados para perturbar a comunhão, enquanto outros são simplesmente descrentes que acabarão alcançando a genuína fé salvífica. Nos dois casos, porém, eles podem dar diversos sinais exteriores que os façam parecer crentes autênticos.
Podemos ver isso também na declaração de Jesus sobre o que acontecerá no juízo final:
"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de me dizer: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade." (Mateus 7.21-23)
Embora essas pessoas profetizassem, expulsassem demônios e fizessem "muitos milagres" em Nome de Jesus, a capacidade de fazer tais obras não garantia que eram cristãs. Diz Jesus: "Nunca vos conheci". Não diz: "Eu vos conheci um dia, mas já não vos conheço" nem "Eu vos conheci um dia, mas vos afastastes de mim", e sim: "Nunca vos conheci". Nunca foram crentes de verdade.
Ensinamento semelhante se encontra na parábola do semeador em Marcos 4. Diz Jesus: "Outra caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. Saindo, porem, o Sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se" (Mc 4.5-6). Jesus explica que a semente plantada em solo rochoso representa aqueles que "ouvindo a palavra, logo a recebem com alegria. Mas eles não têm raiz em si mesmos, sendo, antes, de pouca duração; em lhes chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam" (Mc 4.16-17). O fato de eles não terem "raiz em si mesmos" indica que não avia fonte de vida dentro dessas plantas; do mesmo modo, as pessoas representadas por tais plantas não têm vida genuína em si. Exibem uma aparência de conversão e aparentemente se tornam cristas, pois aceitaram a palavra "com alegria", mas, quando vem a dificuldade, elas não são mais encontradas em lugar nenhum – a sua conversão aparente não foi genuína fé salvífica no seu coração.
A importância de persistir na fé é também confirmada na parábola de Jesus como videira, na qual os cristãos são retratados como ramos (Jo 15.1-7). Diz Jesus:
"Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam." (João 15.1,2,6)
Os arminianos alegam que os ramos que não dão fruto são ainda assim ramos genuínos da videira – Jesus fala de "todo ramo que, estando em mim, não der fruto" (v.2). Portanto, os ramos que são apanhados, lançados no fogo e queimados devem representar crentes autênticos que foram um dia parte da videira, mas caíram e ficaram sujeitos à condenação eterna. Mas essa questão não é uma implicação necessária do ensinamento de Jesus sobre essa questão. O símile da videira usado nessa parábola é limitado quanto ao volume de detalhes que pode dar. Na verdade, se Jesus quisesse ensinar que associados a ele havia crentes verdadeiros e falsos, e se quisesse usar a analogia da videira e seus ramos, então o único modo de se referir às pessoas que não tinham vida genuína em si seria falar de ramos que não dão fruto (lembrando a analogia das sementes que caíram no solo rochoso: "eles não têm raiz em si mesmos" [Mc 4.17]). Aqui em João 15, os ramos que não dão fruto, embora estejam de certo modo ligados a Jesus e exibam uma aparência de ramos legítimos, assim mesmo dão indicação da sua verdadeira condição pelo fato de não dar fruto. Isso é igualmente indicado pelo fato de a pessoa "não permanecer" em Cristo (Jo 15.6) e ser lançada fora para secar como ramo arrancado da videira. Se tentamos esticar a analogia um pouco mais, dizendo – por exemplo – que todos os ramos de uma videira estão de fato vivos, senão nem estaria ali, então o que fazemos é estender a metáfora além daquilo que ela é capaz de ensinar – e nesse caso nada haveria na analogia que pudesse representar os falsos crentes. O objetivo da metáfora é simplesmente dizer que aqueles que dão fruto, dão, portanto, provas de que permanecem em Cristo; aqueles que não dão fruto, não permanecem nele.
Finalmente, há duas passagens de Hebreus que também afirmam que aqueles que acabam se afastando podem dar muitos sinais exteriores de conversão e parecer cristãos em muitos aspectos. A primeira delas, Hebreus 6.4-6, foi muitas vezes usada pelos arminianos como prova de que os crentes podem perder a salvação. Mas num exame mais detido essa interpretação não se revela convincente. Escreve o autor:
"É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus, e expondo-o à ignomínia." (Hebreus 6.4-6)
O autor continua com um exemplo extraído da agricultura:
"Porque a terra que absorve a chuva que freqüentemente cai sobre ela e produz erva útil para aqueles por quem é também cultivada recebe bênção da parte de Deus; mas, se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada." (Hebreus 6.7-8)
Nessa metáfora agrícola, os condenados no juízo final são comparados à terra que não produz vegetação ou fruto útil, mas só espinhos e abrolhos. Quando lembramos outras metáforas bíblicas em que o bom fruto é sinal de verdadeira vida espiritual e a ausência de frutos denuncia os falsos crentes (por exemplo: Mt 3.9-10; 7.15-20; 12.33-35), já temos uma indicação de que o autor está falando de pessoas cuja prova mais confiável da sua condição espiritual (o fruto que produzem) é negativa, sugerindo que o autor fala de pessoas que não são verdadeiramente cristãs.
Alguns já objetaram que a longa descrição de coisas que aconteceram a essas pessoas que se afastaram significa que elas devem ter nascido de novo. Mas essa não é uma objeção convincente quando se examinam os termos usados. O autor diz que "uma vez foram iluminados" (Hb 6.4). Mas essa iluminação significa simplesmente que eles compreenderam as verdades acerca do Evangelho, não que tenham respondido a essas verdades com genuína fé salvífica.
Do mesmo modo, a expressão uma vez, usada para falar daqueles que "uma vez foram iluminados", traduz o termo grego hapax, que é usado, por exemplo, em Filipenses 4.6 (quando os filipenses enviam doações a Paulo "não somente uma vez, mas duas") e em Hebreus 9.7 (que fala da entrada no Santo dos Santos "uma vez por ano". Portanto, essa palavra não significa que algo acontece "uma vez" somente e não pode ser repetida, mas simplesmente que aconteceu uma vez, sem especificar se será ou não repetida.
O texto diz ainda que essas pessoas "provaram o dom celestial" e que "provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro" (Hb 6.4-5). Inerente à idéia de provar é o fato de ser esse provar algo temporário e de a pessoa poder ou não decidir aceitar a coisa provada. Por exemplo, a mesma palavra grega (geuomai) é usada em Mateus 27.34 para dizer que aqueles que crucificaram Jesus "deram-lhe a beber vinho com fel; mas ele, provando-o, não o quis beber". A palavra também é usada em sentido figurado com o significado de "vir a conhecer algo". Se interpretamos a palavra nesse sentido figurado, como deve ser entendida aqui, pois a passagem não fala de provar comida de verdade, então isso significa que essas pessoas compreenderam o dom celestial (o que provavelmente significa que experimentaram parte do poder do Espírito Santo em ação) e conheceram parte da Palavra de Deus e parte dos poderes do mundo vindouro. Não significa necessariamente que tiveram (ou não) genuína fé salvífica, mas pode significar simplesmente que a compreenderam e tiveram alguma evidência do seu poder espiritual.
O texto também diz que essas pessoas "se tornaram participantes do Espírito Santo" (Hb 6.4). A questão é o significado exato da a palavra metochos, que é aqui traduzida como "participante" . Nem todos os leitores das traduções da Bíblia sabem que esse termo tem uma ampla gama de significados e pode sugerir participação e apego bem íntimos, ou então meramente uma associação mais tênue com a outra pessoa ou pessoas citadas. Por exemplo, o contexto mostra que Hebreus 3.14 torna-se participante de Cristo significa ter uma participação bem íntima com ele numa relação salvífica. Por outro lado, a palavra metochos pode também ser usada num sentido muito mais livre, referindo-se meramente a associados ou companheiros. Lemos que quando os discípulos pegaram grandes quantidades de peixes, a ponto de as redes estarem já se rompendo, "fizerem sinais aos companheiros do outro barco, para que fossem ajudá-los" (Lc 5.7). Aqui, o termo define os que eram meramente parceiros ou companheiros de Pedro e dos outros discípulos na pesca. Efésios 5.7 usa uma palavra muito próxima (symmetochos, composta de metochos e da preposição syn ["com]) quando Paulo exorta os cristãos a ficar atentos aos atos pecaminosos dos descrentes: "... Não sejais participantes com eles" (Ef 5.7). Ele não está preocupado com a possibilidade de a própria natureza deles se transformar pelo contato com os descrentes, mas simplesmente com a hipótese de o testemunho deles ficar comprometido, de a própria vida deles vir a ser influenciada pelos descrentes.
Por analogia, Hebreus 6.4-6 fala das pessoas que "se associaram ao" Espírito Santo e que, portanto, tiveram a vida influenciada por ele, mas isso não implica que eles vivenciaram a obra redentora do Espírito Santo, nem que foram regenerados. Aplicando analogia semelhante ao exemplo dos companheiros de pesca de Lucas 5.7, Pedro e os discípulos poderiam estar associados a eles e até ser influenciados por eles, sem sofrer uma completa mudança de vida por conta dessa associação. A própria palavra metochos possibilita uma gama de influencia que vai da razoavelmente fraca à razoavelmente forte, pois significa somente "aquele que participa de, partilha de ou acompanha alguém numa atividade". Foi aparentemente isso que aconteceu a essas pessoas mencionadas em Hebreus 6, que participaram da igreja e portanto tiveram contato com a obra do Espírito Santo, sendo sem dúvida nenhuma influenciados por ele de algum modo.
Por outro lado, diz o texto que é impossível renovar "para arrependimento" as pessoas que experimentaram essas coisas e depois cometeram apostasia. Alguns já argumentaram que se esse é um arrependimento ao qual elas precisam ser renovadas, então deve ser um arrependimento autêntico. Mas isso não é necessariamente verdadeiro. Primeiro, é preciso que esse "arrependimento" (gr. metanoia) não implica necessariamente arrependimento íntimo do coração para a salvação. Por exemplo, Hebreus 12.17 usa essa palavra para falar da mudança de idéia que fez Esaú buscar desfazer a venda do seu direito de primogenitura e refere-se a ela com o termo "arrependimento" (metanoia). Esse não seria um arrependimento para salvação, mas simplesmente uma mudança de idéia e o cancelamento da venda do direito de primogenitura. (Repare também o exemplo do arrependimento de Judas, em Mateus 27.3 – conquanto com uma palavra grega distinta.)
O verbo cognato "arrepender-se" (gr. metanoeó) é às vezes usado para indicar não arrependimento salvífico, mas meramente pesar por ofensas individuais, em Lucas 17.3-4: "Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe". Concluímos que "arrependimento" significa simplesmente pesar por atos realizados ou pecados cometidos. Nem sempre será possível dizer se é ou não genuíno arrependimento salvífico, "arrependimento para salvação". O autor de Hebreus não se preocupa em especificar se se trata ou não de arrependimento genuíno. Diz simplesmente que se alguém sente pesar pelo pecado, compreende o Evangelho e experimenta as várias bênçãos da obra do Espírito Santo (se dúvida em comunhão com a igreja), mas depois se afasta, não será possível restaurar tal pessoa novamente a uma atitude de pesar pelo pecado. Mas isso não implica que o arrependimento foi genuíno arrependimento salvífico.
A esta altura podemos perguntar que tipo de pessoa se define com todos esses termos. São sem dúvida pessoas que estiveram intimamente ligadas à comunhão da igreja. Sentiram algum pesar pelo pecado (arrependimento) . Compreenderam claramente o Evangelho (foram iluminadas). Apreciaram os atrativos da vida cristã e a mudança que acontece na vida das pessoas quando se tornam cristãs, e provavelmente foram atendidas nas suas orações e sentiram o poder do Espírito Santo em ação, talvez até usando alguns dons espirituais, como os descrentes de Mateus 7.22 ("uniram-se" à obra do Espírito Santo, ou se tornaram "participantes" do Espírito Santo e provaram o dom celestial e os poderes do mundo vindouro). Ouviram a verdadeira pregação da Palavra e apreciaram muitos dos seus ensinamentos (provaram a bondade da Palavra de Deus).
Mas, depois, apesar de tudo isso, se "caíram [...] crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia" (Hb 6.6), então rejeitaram deliberadamente todas essas bênçãos e se voltaram decididamente contra elas. É possível que todos conheçamos (às vezes pela sua própria confissão) pessoas que estão há muito tempo na comunhão da igreja sem ser cristãs nascidas de novo. Há muito tempo ponderam o Evangelho, mas continuam a resistir ao chamado do Espírito Santo, talvez por causa da relutância em entregar a sua soberania a Jesus, preferindo apegar-se a si mesmas.
Ora, o autor nos diz que se essas pessoas deliberadamente rejeitam todas essas bênçãos temporárias, então é impossível renová-las para algum tipo de arrependimento ou pesar pelo pecado. O seu coração estará endurecido, a sua consciência, insensível. Que mais se poderia fazer para trazê-las à salvação? Se lhes dissermos que a Bíblia é a verdade, elas dirão que já a conhecem, mas que resolveram rejeitá-la. Se lhes dissermos que Deus atende a oração e transforma a vida do crente, elas responderão que também já sabem disso, mas que não querem nada disso. Se lhes dissermos que o Espírito Santo tem poder para agir nas pessoas e que o dom da vida eterna é indescritivelmente bom, elas dirão que compreendem, mas não querem nada disso. A sua constante familiaridade com as coisas de Deus e a forte influencia do Espírito Santo só serviu para endurecê-las contra a conversão.
Ora, o autor de Hebreus sabe que na comunidade à qual ele escreve há alguns em perigo de cair dessa maneira (ver Hb 2.3; 3.8,12,14015; 4.1,7,11; 10.26,29,35- 36,38-39; 12.3,15-17). Ele quer alertá-los de que, embora tenham participado da comunhão da igreja e experimentado várias bênçãos divinas, ainda assim, se caírem depois de tudo isso não haverá salvação para eles. Isso não implica que ele pense que os verdadeiros cristãos possam se perder – Hebreus 3.14 implica bem o contrário. Mas ele quer que essas pessoas alcancem a certeza da salvação mediante a persistência na fé, e, portanto, sugere que, se vierem a cair, isso mostraria que jamais foram pessoas de Cristo (ver Hb 3.6: "...mas Cristo é fiel como filho sobre a casa de Deus; e esta casa somos nós, se nos apegarmos firmemente à confiança e à esperança da qual nos gloriamos). Portanto o autor quer fazer um grave alerta àqueles em perigo de cair da fé cristã. Ele quer usar a linguagem mais forte possível para dizer: "Vejam aqui até onde a pessoa pode chegar na experiência das bênçãos temporárias, sem no entanto realmente estar salvas". Ele os exorta a vigiar, pois não basta depender de bênçãos e experiências temporárias. Para isso, ele fala não de uma verdadeira mudança no coração ou de algum bom fruto, mas simplesmente das bênçãos e experiências temporárias que essas pessoas tiveram e que lhes deram uma compreensão parcial do Cristianismo.
Por essa razão, ele imediatamente passa da descrição desses que cometem apostasia a outra analogia que mostra que tais pessoas que se afastam jamais deram fruto autêntico. Como já explicamos acima, os versículos 7-8 falam dessas pessoas usando a metáfora dos "espinhos e abrolhos", tipo de frutos que nascem no solo que não tem em si vida prestável, ainda que receba repetidas bênçãos de Deus (nos termos da analogia, ainda que a chuva freqüentemente o regue). Convém notar aqui que as pessoas que cometem apostasia não são comparadas a um campo que um dia deu bom fruto e agora já não dá, mas sim a uma terra que jamais deu bom fruto, porém apenas espinhos e abrolhos. A terra pode parecer boa antes do surgimento dos brotos, mas o fruto dá a prova incontestável de que a terra é ruim.
Forte apoio a essa interpretação de Hebreus 6.4-8 se encontra no versículo imediatamente seguinte. Embora o autor venha falando com muita dureza sobre a possibilidade de apostasia, ele agora volta a falar da situação da grande maioria dos leitores, que ele julga serem cristãos de verdade. Diz: "Quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das coisas que são melhores e pertencentes à salvação, ainda que falamos desta maneira" (Hb 6.9). Mas a questão é: "coisas que são melhores" que o quê? O plural "coisas que são melhores" forma um contraste apropriado com "boas coisas" mencionadas nos versículos 4-6: o autor está convencido de que a maioria dos seus leitores experimentou coisas melhores que as meras influências parciais e temporárias do Espírito Santo e da igreja, mencionadas nos versículos 4-6.
De fato, o autor fala dessas coisas dizendo (literalmente) que se trata de "coisas que são melhores e pertencentes à salvação" (gr. kai echomena sótérias). Essas não são somente as bênçãos temporárias mencionadas nos versículos 4-6, mas coisas melhores, coisas que não têm somente influência temporária, mas que são também "pertencentes à salvação". Assim, a palavra grega kai ("também") mostra que a salvação é algo que não fazia parte das coisas mencionadas nos versículos 4-6 acima. Portanto, a palavra kai, que não é traduzida explicitamente nas versões RSV e NVI (mas a NASB chega perto), proporciona uma chave vital à compreensão da passagem. Se o autor quisesse dizer que as pessoas mencionadas nos versículos 4-6 estavam realmente salvas, então seria muito difícil compreender por que ele diria no versículo 9 que estava persuadido de coisas que são melhores para elas, coisas pertencentes à salvação, ou que carregam em si a salvação além das coisas mencionadas acima. Ele assim mostra que, se quiser, pode usar uma curta expressão para dizer que as pessoas "têm salvação" (ele não precisa enfileirar muitas expressões) e mostra, além do mais, que as pessoas de quem fala nos versículos 4-6 não estão salvas.
O que são exatamente essas "coisas que são melhores"? Além da salvação mencionada no versículo 9, são coisas que dão real prova de salvação – fruto genuíno (v. 10), plena certeza de esperança (v. 11) e fé salvífica, do tipo exibido por aqueles que herdam as promessas (v. 12). Dessa forma ele tranqüiliza os verdadeiros crentes – aqueles que dão fruto e demonstram amor pelos outros cristãos, que exibem esperança e fé genuína que perdura até o tempo presente, e que não estão prestes a se perder. Ele quer tranqüilizar esses leitores (que certamente são a maioria), ao mesmo tempo lançando um forte alerta aos que dentre eles possam estar em perigo de perdição.
Ensinamento semelhante se encontra em Hebreus 10.26-31. Ali diz o autor: "Se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados" (v. 26). A pessoa que rejeita a salvação de Cristo e que "profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado" (v. 29) merece castigo eterno. Isso, novamente, é um grave alerta contra a apostasia, mas não deve ser tomado como prova de que alguém que verdadeiramente nasceu de novo possa perder a salvação. Quando o autor fala sobre o sangue da aliança "com o qual foi santificado", a palavra santificado é usada simplesmente para denotar a santificação exterior, como a dos antigos israelitas, por uma ligação exterior com o povo de Deus. A passagem não fala de alguém genuinamente salvo, mas de alguém que recebeu alguma influencia moral benéfica mediante o contato com a igreja.
Outra passagem, esta dos escritos de João, é usada para sustentar a possibilidade da perda da salvação. Em Apocalipse 3.5, diz Jesus: "O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida". Alguns sustentam que, dizendo isso, Jesus sugere que é possível que ele venha a apagar os nomes de algumas pessoas do Livro da Vida, pessoas que já tinham seus nomes escritos ali e que portanto já estavam salvas. Mas o fato de Jesus afirmar enfaticamente que não fará algo não pode ser usado para pregar que fará a mesma coisa nos outros casos! O mesmo tipo de construção grega é usada para exprimir uma negação enfática em João 10.28, onde Jesus diz: "Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão". Isso não significa que algumas das ovelhas de Jesus não ouvem a sua voz nem o seguem, e por isso perecerão; afirma simplesmente que as suas ovelhas com certeza não perecerão. Do mesmo modo, quando Deus diz – "De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei" (Hb 13.5) – não sugere que deixará ou abandonará outras pessoas; apenas declara enfaticamente que não deixará nem abandonará o seu povo. Ou, numa analogia ainda mais próxima, de Mateus 12.32, Jesus diz: "Se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir". Isso não significa que alguns pecados serão perdoados no porvir (como alegam os católicos romanos para sustentar a doutrina do purgatório) – isso não passa de um erro de raciocínio: dizer que algo não irá acontecer no porvir não implica que pode acontecer no porvir! Do mesmo modo, Apocalipse 3.5 é apenas uma firme garantia de que aqueles que estiverem trajando vestes brancas e que permanecerem fieis a Cristo não terão os seus nomes apagados do Livro da Vida.
Finalmente, certa passagem do Antigo Testamento é muitas vezes usada para argumentar que as pessoas podem perder a sua salvação: a história do Espírito Santo que se aparta do rei Saul. Mas Saul não deve ser tido como exemplo de ninguém que perdeu a salvação, pois o "Espírito do Senhor" se retirou de Saul (1 Sm 16.14) imediatamente depois de Samuel ter ungido Davi rei, ocasião em que o "Espírito do Senhor se apossou de Davi" (1 Sm 16.13). na verdade, a descida do Espírito do Senhor até Davi é relatada no versículo imediatamente anterior àquele em que se narra que o Espírito saiu de Saul. Esse vínculo estreito significa que a Bíblia não fala aqui de perda total da obra do Espírito Santo na vida de Saul, mas simplesmente do afastamento do Espírito Santo como meio de consagrar Saul como rei. Porém isso não significa que Saul foi condenado por toda a eternidade. É simplesmente muito difícil dizer com base nas páginas do Antigo Testamento se Saul, ao longo de sua vida, foi (a) um homem não regenerado que tinha liderança e foi usado por Deus como demonstração do fato de que alguém digno de ser rei aos olhos do mundo não era só por isso apto para ser rei do povo do Senhor, ou (b) um homem regenerado, mas falto de entendimento, levando uma vida que cada vez mais se afastava do Senhor.
[Título original: "Aqueles Que Acabam Se Afastando Podem Dar Muitos Sinais Exteriores de Conversão"]
Fonte: Wayne Grudem. Teologia Sistemática. 1ª Edição. São Paulo, Edições Vida Nova, 1999. pp. 664-671.
80 Razões Pelas Quais o Crente Não Pode Perder a Salvação
por
Autor Desconhecido

01. Gênesis 7:16 - Sendo a arca um tipo de Cristo (IPe.3:20,21; Rm.3:6:4), o crente está seguro nele (Cl.3:3; Ap.3:7).
02. Efésios 4:30 - O crente está selado no Espirito Santo (Ef.1:13; IITm.2:19), e este selo é inviolável e irrevogável (Es.8:8; Dn.6:12).
03. II Coríntios 1:22 - O crente tem o penhor do Espirito Santo como garantia segura e inabalável (IICo.5:5).
04. Gálatas 3:15 - Deus fez com o crente, na pessoa de Abraão (Gl.3:29), uma aliança irrevogável.
05. I Coríntios 11:25 - Deus fez com o crente, na pessoa de Abraão, uma aliança incondicional, selada com sangue (Jr.34:18, 19; Gn.15:12-21) , e não com sapato (Rt.4:7,8) ou com sal (Nm.18:19; Lv.2:13).
06. Gênesis 15:12 - Deus fez com o crente, na pessoa de Abraão, uma aliança unilateral (o rompimento da aliança só seria possível se Deus morresse).
07. Jeremias 31:31-33 - Mediante a nova aliança (com sangue), o temor do Senhor é insuflado no coração do crente (Jr.32:39,40) para que não se aparte de Deus (Hb.3:12;8:8- 13; Ez.36:26,27) .
08. Salmos 12:7 - O crente é guardado por Deus, do mal que há no mundo.
09. Salmos 17:8 - O crente é guardado por Deus como a menina dos Seus olhos.
10. Salmos 25:20 - A alma do crente é guardado por Deus (Sl.97:10).
11. Salmos 37:28 - O crente é preservado para sempre.
12. Salmos 12l:5-8 - O Senhor guarda o crente; guarda a sua alma de todo o mal; guarda a sua saída; guarda a sua entrada; e o guarda para sempre.
13. Salmos 145:20 - O Senhor guarda os crentes que O amam.
14. Jeremias 31:3 - O amor de Deus para com o crente é eterno.
15. Jó 5:19 - O crente é guardado do mal (Sl.91: Jo.17:9-26).
16. I João 5:18 - O crente é guardado do maligno (IITs.3:3; Jr.31:11).
17. Judas 24 - O crente é guardado para não tropeçar (ISm.2:9; Is.63:13).
18. João 11:9 - A fé do crente não lhe permite tropeçar (Rm.9:31-33) .
19. Provérbios 10:25 - O crente tem perpétuo fundamento (IITm.2:19; ICo.3:11).
20. I Pedro 1:5 - O crente é guardado pela fé no poder de Deus.
21. Hebreus 12:2 - Jesus é o Autor da fé, e por isso, o crente não pode perdê-la (Fp.1:29; ICo.3:5; At.18:27; Gl.5:22; IITs.3:2).
22. Romanos 16:25 - O crente é guardado pelo poder de Deus (IITm.1:12; Jd.24).
23. Hebreus 6:17 - A salvação do crente se fundamenta em duas coisas imutáveis: a) a promessa (Js.21:45; At.13:32; IICo.1:20; Ef.3:6; Hb.9:14,15;10: 23; IJo.2:25); b) o juramento (Hb.6:16). Só a promessa, sem o juramento já era em si mesma suficiente, mas Deus querendo mostrar a imutabilidade daquilo que Ele decretou, foi além da promessa, fazendo juramento. E Deus foi ainda mais além quando jurou pelo Seu próprio nome, porque não havia outro nome superior ao Seu (Hb.6:13,16; Jr.44:26;Nm. 23:19).
24. Salmos 37:33 - O crente jamais será condenado (Sl.89:30-35; ICo.11:32).
25. Salmos 37:23,24 - Se o crente cair, não ficará prostrado (Sl.145:14; Pv.24:16; Jó 4:4; Rm.14:4;Mq.7: 8).
26. Salmos 121:3 - O crente pode cair da graça (Gl.5:4), mas jamais cairá para a perdição (Sl.17:5;66: 9).
27. Isaías 46:3,4 - O crente é conduzido por Deus até o fim (Sl.121:8).
28. I Coríntios 10:13 - A tentação não pode condenar o crente (Rm.6:14,18; IIPe.2:9).
29. João 4:14 - O crente jamais terá sede (Lc.16:24).
30. João 5:24 - O crente já passou da morte para a vida.
31. Romanos 6:8,9 - O crente já morreu com Cristo (IITm.2:11).
32. I Pedro 1:3,4 - O crente foi regenerado para uma viva esperança.
33. I Pedro 1:23 - O crente foi regenerado pela Palavra de Deus.
34. I João 3:9 - O crente foi regenerado pelo Espirito Santo (Jo.3:5; Tt.3:5).
35. João 6:37-40 - O crente jamais será lançado fora.
36. João 6:47 - O crente já possui a vida eterna (IJo.5:11-13; ITm.6:12).
37. João 10:28 - O crente não pode ser arrancado da mão do Filho.
38. João 10:29 - O crente não pode ser arrancado da mão do Pai.
39. Lucas 15:3-10 - Há alegria no céu por um pecador que se arrepende.
40. João 10:27 - O crente é conhecido do Senhor (Jo.10:14; IITm.2:19; ICo.8:3; Gl.4:9; Mt.7:21-23).
41. Mateus 28:20 - Jesus está com o crente todos os dias até o fim dos séculos.
42. Romanos 8:1 - Nenhuma condenação há para o crente (Rm.8:33,34) .
43. Romanos 8:30 - Sendo justificado, o crente também será glorificado.
44. Romanos 8:28 - Todas as coisas cooperam para o bem do crente (Gn.50:20).
45. Romanos 8:35-39 - Nada poderá separar o crente do amor de Deus (Jo.13:1).
46. I Coríntios 3:15 - O crente infiel será salvo como pelo fogo (ICo.5:1-5;11: 29-32).
47. I Coríntios 1:8 - O crente será confirmado até o fim (Rm.16:25; IITs.3:3).
48. Filipenses 1:6 - Deus mesmo terminará a obra no crente (Fp.2:13).
49. Colossenses 3:3 - A vida do crente está escondida com Cristo em Deus.
50. Efésios 5:27 - A igreja será sempre irrepreensível (IICo.11:2; ICo.12:26,27) .
51. I Tessalonicenses 5:1-10 - O crente não será surpreendido na vinda do Senhor.
52. II Timóteo 2:13 - O crente infiel será salvo pela fidelidade de Deus (Rm.3:3).
53. Hebreus 13:5 - O crente jamais será abandonado por Deus.
54. I João 5:1 - O crente é nascido de Deus, e não pode "desnascer"
55. I Pedro 1:4 - O crente possui a natureza divina.
56. Romanos 8:9-11 - O crente é propriedade de Cristo (ICo.6:19,20) .
57. I Tessalonicenses 5:23,24 - O crente é conservado irrepreensível.
58. I João 5:16 - O crente não pode pecar para a morte eterna (IJo.3:9;5:18) .
59. I Coríntios 12:3 - O crente não pode blasfemar contra o Espírito Santo (Mt.12:32; Mc.9:39,40;Lc. 11:23; IJo.5:10; Jo.3:33).
60. I João 2:19 - O crente é perseverante na fé (Mt.10:22;24: 13; IIJo.9; Ap.13:10;14: 12).
61. João 10:26 - O crente é ovelha e não porca lavada (IIPe.2:20-22) .
62. João 13:10 - O crente já está limpo do seu pecado (Jo.15:3).
63. I Coríntios 1:30 - Cristo é a justiça do crente.
64. I Coríntios 1:30 - Cristo é a santificação do crente.
65. I Coríntios 1:30 - Cristo é a redenção do crente.
66. Salmos 25:20 - Deus é o refúgio do crente (Hb.6:18).
67. I João 2:22,23 - O crente não pode negar o filho (Mt.10:33; IITm.2:12).
68. Romanos 8:37 - O crente sempre será vencedor (Jo.16:33; Ap.2:7,11,17, 26;3:5,12, 21).
69. I João 5:4 - O crente vence o mundo.
70. I João 2:14 - O crente vence o diabo (IJo.4:4; Ap.12:11).
71. Romanos 6:14 - O crente vence o pecado (a carne).
72. Romanos 11:29 - O dom de Deus é irrevogável.
73. João 19:30 - Todo o pecado do crente está consumado.
74. Gálatas 3:13 - O crente foi resgatado para sempre da maldição da lei.
75. Apocalipse 5:9 - O crente foi comprado com sangue (ICo.6:20;7: 23; IPe.1:18,19) .
76. Salmos 90:17 - É Deus quem efetua a obra no crente (Jo.3:21; Ef.3:20; Is.26:12;64: 4; Fp.2:13).
77. João 17:20 - Cristo intercedeu pelos crentes, e continua intercedendo (Hb.7:25; IJo.2:1; Rm.8:34).
78. Romanos 8:26,27 - O Espírito Santo intercede pelo crente.
79. II Coríntios 1:20 - Jesus é o "Amém" das promessas de Deus (Jo.6:47).
80. I Pedro 4:1 - O crente já cessou do pecado (Rm.6:14; IJo.3:9).-- Márcio Melânia

Certitudo Salutis: A Certeza da Salvação

por
Oslei Nascimento
 
1. Definições e comentários introdutórios.

Por mais incrível que possa parecer, trabalhar sobre o tema certeza da salvação não é uma tarefa das mais fáceis! Quando o Dr. Augustus Nicodemus Lopes [1] palestrou e escreveu sobre a certeza da salvação a partir do conceito puritano, alertou seus ouvintes e leitores acerca do aspecto estritamente doutrinário do assunto e pediu a maior atenção possível, buscando obter atenção dobrada. Entendemos que, para ele, dissertar sobre essa segurança seria um trabalho delicado, ainda mais dentro do conceito puritano. A dificuldade surge da variedade de interpretações que este tema recebe das teologias: católica e reformada, com seus argumentos fundamentados em textos bíblicos que os comprovam. Assim, se já é difícil compreender a certeza da salvação plenamente, quanto mais defini-la!

Nem todos os autores e estudiosos preocupam-se em definir certeza da salvação. Alguns comentam, explicam, avaliam e comparam, mas não definem - como Pearlman e Chafer, por exemplo. É claro que outros, não apenas fazem o mesmo, mas também definem: a Enciclopédia Histórico-Teoló gica da Igreja Cristã define a certeza da salvação como "a confiança do crente em Cristo de que ele, a despeito da sua condição pecaminosa mortal, é, de forma irrevogável, um filho de Deus e um herdeiro do céu" [2], afirmando que esta convicção pode ser experimentada por todo cristão, haja visto que, o próprio Deus lhe dá esta certeza.
Já Murray, por sua vez, a define assim: "Quando falamos de certeza da fé nos referimos à certeza nutrida por um crente que está em estado de graça e salvação, o conhecimento que ele tem de que está salvo, passou da morte para a vida e tornou-se possuidor da vida eterna e de uma herança na glória". [3] Geoffrey define-a de maneira muito simples e agradável. A segurança da salvação é aquela que o crente possui e lhe dá a certeza de que é um crente e que o capacita a dizer "eu sei que meus pecados estão perdoados; eu sei que vou para o céu; eu sei porque...", e dá as razões. [4]

2. A certeza da salvação e o ato primário da fé.

Em seu Dicionário de Teologia, o assembleiano Andrade [5] colocou a frase em latim "Certitudo et gratiae praesentis et salutis aeternae" que significa a certeza da graça presente e da salvação eterna. E concluiu, destacando que a segurança da salvação deriva da justificação pela fé. Apresenta uma discordância, neste ponto, do conceito puritano, já que os reformadores, especialmente Lutero, associavam a certeza da salvação diretamente à justificação; enquanto que os puritanos, sob a influência de Theodore Beza, criam a certeza da salvação estar ligada à santificação. Ser salvo pela graça (o que está realmente ligado à justificação), não é a mesma coisa que ter certeza da salvação (derivada da santificação).

A maioria dos autores que cito, afirmam que há uma óbvia distinção entre a certeza da salvação e aquilo que é chamado ato primário da fé. O primário e direto ato da fé não é a crença de que somos salvos e somos herdeiros da glória eterna, mas sim, um ato de confiança a Cristo, graciosamente oferecido a nós no evangelho, no qual podemos ser salvos. O primeiro ato de salvação é crer em Cristo para a salvação, a certeza da fé é a convicção de que a salvação é nossa. Desde que a certeza da salvação ou segurança da fé é logicamente conseqüência ou reflexo do reconhecimento de Jesus Cristo como Salvador e Senhor, então não pode ser a essência deste primeiro ato de fé (esta certeza é chamada, portanto, de ato reflexo da fé).

Assim, sobre o sentido mais específico desta fé salvadora, Louis Berkhof, explica: "Há certas doutrinas concernentes a Cristo e Sua obra, e certas promessas feitas nele aos pecadores, que o crente aceita confiadamente e que o induzem a depositar em Cristo a sua confiança. Em resumo, o objeto da fé salvadora é Jesus Cristo e a promessa de salvação nEle". [6]

Berkhof, também afirma que o ato especial da fé salvadora consiste em receber Cristo e repousa nele como ele é apresentado no evangelho, conforme Jo 3:16-18: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Por quanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus" (Almeida, RA).

Mas isto não significa, entretanto, que este primário ato, de receber Jesus pela fé, deva ser entendido como sempre separado cronologicamente da certeza da salvação. É possível uma pessoa ser absolutamente salva sem saber ou ter certeza disso – mas ser salva! Por outro lado, esta convicção pode ser introduzida no ato da fé salvadora e ser instantaneamente registrada na consciência do crente.

Então, entende-se que uma pessoa pode receber Cristo através da fé salvadora e imediatamente ter impressa em sua consciência a certeza da salvação; outra pode também receber Cristo pela fé salvadora e levar algum tempo até que adquira a certeza da salvação e outra, ainda, pode ser sinceramente convertida a Cristo, mas não ter a certeza de que é salva – às vezes, até por não saber disso!

3. A certeza da salvação e a Confissão de Fé de Westminster.

É Geoffrey [7] quem afirma, portanto, categoricamente, que a segurança da salvação não é essencial para a fé salvadora. Conforme sua explicação, a pessoa pode ser uma cristã e não ter certeza, pode estar realmente salva, mas ter dúvidas. São descritas como crentes sinceros que sentem falta de segurança, duvidam da sua própria salvação. Refletem em seu caráter e personalidade a mansidão que o Senhor Jesus ordenou que aprendêssemos com ele e, demonstram a ação da graça em suas vidas, mas não têm qualquer convicção de serem salvos; embora tenham a certeza de que são crentes. Dessa forma, afirma que a segurança de salvação não é um fator primordial para que a fé salvadora esteja presente.

Robert Shaw concorda com Geoffrey em sua obra "The Reformed Faith" – ao explicar que a Confissão de Fé de Westminster sustenta estes argumentos quanto a certeza da salvação durante ou imediatamente após, ou não, da conversão a Cristo. Conforme este autor, tem sido ensinado por alguns, que qualquer um que crê em Cristo deve estar imediatamente consciente e convicto de sua salvação e que esta conscientizaçã o é a primeira evidência de que alguém esteja justificado.

Curiosamente, a Confissão de Fé faz completo silêncio quanto a veracidade desta evidência, informa Shaw. Ou ainda, ela claramente indica que esta conscientizaçã o é, de alguma forma, absolutamente inseparável da fé verdadeira. Esta conscientizaçã o, que podemos chamar, como já mencionamos anteriormente, de ato reflexo da fé, o conhecimento de que se tem crido e surge de reflexão, é sucessora do ato primário – ou primeiro – da fé, da conversão a Jesus Cristo.

Assim, determinando tudo aquilo que já foi discutido anteriormente, se a certeza da salvação é indispensável para a própria salvação e, se ela vem imediatamente após ou não o reconhecimento de Jesus Cristo como Salvador, Shaw explica que a Confissão de Fé de Westminster não considera essencial a segurança da salvação e graça à fé salvadora. E que, dessa forma, a Confissão admite também que uma pessoa pode crer em Cristo, e pode ser justificada por sua fé antes de obter a certeza de que está neste estado, justificada.

Certeza da salvação e justificação caminham muito próximas uma da outra. Acreditamos que, da mesma maneira que muitas pessoas têm grande dificuldade em experimentar da segurança da fé, assim também em compreender o processo da justificação e seus benefícios espirituais. .. muito provavelmente porque – talvez semelhantemente à certeza – ele não suscita sentimentos que identifiquem uma transformação interior. Antes, exige a fé mais pura e simples de que o fato se deu nos céus. O teólogo inglês J. I. Packer esclarece isto ao afirmar que: "A justificação é uma decisão jurídica conferida ao homem e não uma obra operada no interior do homem; é a dádiva divina de uma posição e de um relacionamento para com Deus e não de um coração novo. Não há dúvida que Deus regenera aqueles a quem justifica, mas essas são duas coisas distintas". [8]

Podemos concluir, portanto, que a certeza da salvação e seus benefícios podem ser experimentados e desfrutados por todo aquele que crê em Jesus Cristo como Filho de Deus, Salvador; mas, ainda assim, já que esta segurança não é indispensável para a fé salvadora, alguém pode crer em Cristo e pode não estar imediatamente consciente de que tem verdadeiramente crido para a salvação de sua alma. Nisto podemos contemplar a maravilhosa e soberana graça de Deus.

4. Bases neotestamentá rias.

É possível experimentarmos a plena certeza da salvação pelo simples testemunho de vida dos personagens bíblicos, tão conhecidos de todos nós. Tanto no Velho quanto no Novo Testamento encontramo-los vivendo impressionantes experiências, conseqüentes da alegria e esperança que depositavam em Deus. Teria Abraão abandonado sua terra e parentela para aquela terra que Deus lhe mostraria e, depois, ainda ter-se-ia permitido todas aquelas provas de fé se não cresse na fidelidade de Deus? Poderia Moisés aceitar o desafio de Deus de libertar o povo hebreu da escravidão no Egito e, viver todas aquelas aventuras se ele mesmo, não estivesse certo de que Deus seria fiel e cumpriria suas promessas?

Tanto nos evangelhos, quanto nas cartas paulinas e gerais podemos encontrar relatos de cristãos convictos de sua salvação, alegres por causa disso e da certeza do amor de Deus por eles. Caso não estivesse absolutamente certo de todas estas coisas, poderia o apóstolo Paulo ter escrito: "Ele me amou e a si mesmo se entregou por mim" (Gl 2:20b)? Ou "Nada nos separará do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 8:39b)? Caso este dedicado servo de Deus não estivesse convicto de sua salvação poderia ele testemunhar tão poderosamente, ao escrever da prisão: "Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia..." (2 Tm 4:7-8a)?

Também o evangelista João confirma: "Nós sabemos que já passamos da morte para a vida..." (1vJo 3:14a), repetindo palavras que ele próprio ouviu Jesus pronunciar: "... quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida" (Jo 5:24).

Temos, portanto, na Bíblia Sagrada, o registro do testemunho de centenas de vidas que servem como exemplo e estímulo para também nós cultivarmos em nossas vidas a segurança da salvação. O Dicionário Evangélico de Teologia confirma o que já vimos: "A doutrina da segurança espiritual é largamente ensinada no Novo Testamento, particularmente por Paulo, João e o autor de Hebreus". [9]

Se a vontade do Pai é que creiamos em seu Filho e, dessa forma, tenhamos vida eterna nEle, então não importa se nossa fé é fraca ou forte; importa que é fé depositada em Cristo, então é fé salvadora. Confiar em Cristo como Salvador, é fazer a vontade do Pai, portanto, se assim procedermos, podemos crer que estamos salvos! A obediência aos mandamentos de Deus ministra à nossa própria certeza o favor de Deus e a esperança da vida eterna.

5. Fundamentos espirituais.

Examinando o ensino bíblico descobriremos que, a segurança da salvação tem dois fundamentos (ou bases), um objetivo e outro subjetivo. Primeiro, fundamentado na autoridade objetiva da Palavra de Deus, o crente pode saber que foi escolhido desde a fundação do mundo e que Cristo já o justificou plenamente. Objetivamente, a certeza da salvação, portanto, não repousa sobre experiências emocionais, mas sobre a autoridade do testemunho da obra salvífica de Cristo. Por outro lado, subjetivamente, esta segurança envolve também a convicção pessoal criada pelo Espírito Santo no coração dos pecadores, de que foram perdoados, foram adotados na família de Deus como filhos amados e que pertencem a ele para sempre.

Estes dois fundamentos podem ser percebidos através das evidências que a maioria dos autores pesquisados mencionam, as quais vamos tratar a partir de agora: primeiro, os meios mais comuns que a graça propõe; segundo, o alicerce da Palavra de Deus; terceiro, a ministração do Espírito de adoção.

Podemos alcançar a convicção de nossa salvação pelos meios mais simples que a graça propõe. Podemos nos deixar convencer pelas evidências que o próprio Deus nos dá. O cultivo do hábito constante da oração, o louvor a Deus por meio de um hino, a leitura devocional e o estudo da Bíblia, a prática do evangelismo. .. trazem a certeza para dentro do nosso coração.

Uma outra evidência que temos para a certeza da nossa salvação é a fidelidade de Deus revelada na Palavra. Quando Deus faz uma revelação incondicional de sua fidelidade, esperamos que nenhum de seus filhos enfrente dificuldade em crer naquilo que ele mesmo prometeu. Podemos mencionar as promessas contidas em João 3:16, 4:14, 10:28; Romanos 8:1; 1 João 5:12 e outras. Lembremo-nos de que, o Senhor vela sobre sua Palavra, para a cumprir (Jeremias 1:12) como Ele mesmo disse por meio do profeta: "... a palavra que eu falar se cumprirá..." (Ezequiel 12:25).

Por fim, o testemunho interior do Espírito Santo na vida do cristão, como o apóstolo Paulo aponta: "O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus" (Rm 8:16) e "E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!" (Gl 4:6). É uma segurança ministrada pelo Espírito de Adoção.

Um texto extraído da Internet traz uma interessante ilustração: Durante os últimos estágios da Segunda Guerra Mundial, o General Douglas MacArthur manteve a promessa que tinha feito ao povo das Filipinas quando foi forçado a deixar as ilhas em 1942. Ele retornou com tropas suficientes para ajudar os filipinos a retomar o seu país. Agradecido por sua ajuda quando todos pareciam perdidos, o governo em Manila orientou seus exércitos para começarem uma tradição: gritar o nome de MacArthur em cada chamada para a revista das tropas. Cada companhia designou um oficial que deveria responder, dizendo "Presente em espírito". Aquele gesto simbólico ajudou a garantir que a dedicação e a coragem do general permanecessem no coração dos soldados mesmo muito tempo depois de sua partida. [10] O Espírito Santo faz coisa semelhante em nossos corações. Ele clama "Paizinho" e prova que Deus é nosso Pai e nós, somos seus filhos. Assim, se você clama, está no caminho do céu, pode ter certeza da sua salvação.

6. Últimas considerações.

Um tema que parece tão simples a princípio revela-se desafiador e fascinante! Apesar de não ser considerado indispensável para a fé salvadora – de forma que alguns crentes serão salvos mesmo sem ter, sequer conhecimento disso – a certeza da salvação contribui para o desenvolvimento da própria fé, para o crescimento espiritual e para o aperfeiçoamento da vida cristã. Como escreveu Berkhof: "O conceito correto parece ser que a fé verdadeira, incluindo, como inclui, confiança em Deus, importa naturalmente em um sentimento de segurança e certeza, embora isso possa variar em grau". [11]

Como já mencionamos acima, nem sempre o crente pode estar consciente dessa segurança, haja visto que nem sempre vive plenamente a vida de plena confiança e não toma consciência das bênçãos espirituais que lhe são reservadas. Portanto, quando nos encontrarmos sob a influência de dúvidas e incertezas, devemos buscar cultivá-la, de todas as maneiras que o próprio Deus tem colocado ao nosso alcance, sendo que Ele prometeu não apenas salvar-nos, mas também sustentar-nos.

Como pudemos ver anteriormente, a obtenção e a constância da nossa certeza não depende de elementos externos, mas através do cultivo do hábito da oração, o estudo das promessas de Deus reveladas na Bíblia, e pela busca de uma vida transformada, na qual é evidente o fruto do Espírito, ela pode ser alcançada, cultivada e fortalecida.

sábado, 9 de agosto de 2008

Arminianos, ouçam Armínio!

A posição evangélica dominante nos dias de hoje identifica-se com o teólogo holandês Jacó Armínio, pelo que nos debates teológicos é designada como arminianismo. O que muitos não sabem é que Armínio era bem mais "calvinista" que os arminianos atuais imaginam ou gostariam de saber. Se eles soubessem o que ele escreveu a respeito de alguns assuntos importantes no debate sobre a salvação, poderiam não se tornar calvinistas, mas pelo menos seriam arminianos melhores.

Descobririam, por exemplo:

a) Que ele recomendava a leitura da obra de Calvino

"Depois da leitura das Escrituras..., e mais do que qualquer outra coisa,... eu recomendo a leitura dos Comentários de Calvino ... Pois afirmo que na interpretação das Escrituras Calvino é incomparável, e que seus Comentários são mais valiosos do que qualquer coisa que nos tenha sido legada nos escritos dos pais — tanto assim que atribuo a ele um certo espírito de profecia no qual ele se encontra em uma posição distinta acima de outros, acima da maioria, na verdade, acima de todos." (Carta escrita a Sebastian Egbertsz, publicada em P. van Limborch e C. Hartsoeker, Praestantium ac Eruditorum Virorum Epistolae Ecclesiasticae et Theologicae (Amsterdam, 1704), nº 101).

b) Que ele cria na doutrina da providência

"Nesta definição de Providência Divina, eu de forma alguma a privo de qualquer partícula daquelas propriedades que concordam ou pertencem a ela; mas eu declaro que ela preserva, regula, governa e dirige todas as coisas e que nada no mundo acontece acidentalmente ou por acaso. Além disto, eu coloco em sujeição à Providência Divina tanto o livre-arbítrio quanto até mesmo as ações de uma criatura racional, de modo que nada pode ser feito sem a vontade de Deus, nem mesmo as que são feitas em oposição a ela , somente devemos observar uma distinção entre as boas e as más ações, ao dizer, que "Deus tanto deseja e executa boas ações," quanto que "Ele apenas livremente permite as que são más." Além disto ainda, eu muito prontamente admito, que até mesmo todas as ações, sejam quais forem, relativas ao mal, que possam possivelmente ser imaginadas ou criadas, podem ser atribuídas ao Emprego da Divina Providência, tendo apenas um cuidado, "não concluir deste reconhecimento que Deus seja a causa do pecado." (Works, vol 1: The providence of God)

c) Que ele cria nos decretos divinos

"Os decretos de Deus são os atos extrínsecos de Deus, ainda que sejam internos, e, por essa razão, feitos pelo livre-arbítrio de Deus, sem qualquer necessidade absoluta . Todavia um decreto parece exigir a suposição de outro, a bem de uma certa conveniência de igualdade; como o decreto relativo à criação de uma criatura racional, e o decreto relativo à salvação ou condenação [dessa criatura] sob a condição de obediência ou desobediência. A ação da criatura também, quando considerada por Deus desde a eternidade, pode algumas vezes ser a ocasião, e algumas vezes a causa motriz externa de criar algum decreto; e isto de tal forma que sem tal ação [da criatura] o decreto não seria nem poderia ser feito. (...) Embora todos os decretos de Deus foram feitos desde a eternidade, todavia uma certa ordem de prioridade e posterioridade deve ser formulada, de acordo com sua natureza, e a relação mútua entre elas." (Works, vol 2: On decree of God)

d) Que ele cria na predestinação

"O primeiro na ordem dos decretos divinos não é o da predestinação, pela qual Deus preordenou para fins sobrenaturais, e pela qual ele resolveu salvar e condenar, declarar sua misericórdia e sua justiça punitiva, e ilustrar a glória de sua graça salvadora , e de sua sabedoria e poder que concordam com aquela mais livre graça.(...) Os eleitos não são chamados "vasos de misericórdia" na relação de meios para o fim, mas porque a misericórdia é a única causa motriz, pela qual é feito o próprio decreto da predestinação para salvação." (Works, vol 2: On predestination to salvation)

e) Que ele cria na imperdibilidade da salvação

"Embora eu aqui, aberta e sinceramente, afirmo que eu nunca ensinei que um verdadeiro crente pode, total ou finalmente, abandonar a fé, e perecer; todavia não nego que haja passagens da Escritura que me parecem apresentar este aspecto; e as respostas a elas que tive a oportunidade de ver não se mostraram, em minha opinião, convincentes em todos os pontos. Por outro lado, certas passagens são fornecidas para a doutrina contrária [da perseverança incondicional] que merecem especial consideração." (Works, vol 1: The perseverance of the saints).

De minha parte, ficaria muito feliz se os atuais arminianos firmassem posição com Jacó Armínio. Pois já estaríamos no lucro.

Copiado de: http://cincosolas.blogspot.com/2008/08/arminianos-ouam-armnio.html
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quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Algumas coisas que os não-calvinistas
deveriam saber sobre o Calvisnimo

por

Colin Maxwell


Esta é uma tentativa de corrigir alguns dos mal-entendidos sobre o Calvinismo. Isto não pretende ser uma defesa doutrinária detalhada das Doutrinas da Graça.

1) Calvinismo e Hiper-calvinismo são pólos opostos. Os termos não devem ser usados como sinônimos. Um hiper-calvinista não é apenas um calvinista zeloso. Ambos consideram o outro como calvinistas “mistos”. Ninguém chama a si mesmo de hiper-calvinista.

2) Sim, os calvinistas se dividem em várias facções. Mas existem muitas escolas doutrinárias, e.g. Dispensacionalismo, Governo da Igreja, Adoração... nós cantamos somente Salmos ou usamos hinos? Quais hinos? Nós usamos música? Qual música? Com que conjunto de textos nós baseamos nossa tradução da Bíblia? É o Textus Receptus que é importante ou a (KJV) AV ? Ou ambos? Etc.

3) O termo livre-arbítrio precisa ser definido para evitar confusão. Calvinistas poderão afirmá-lo ou negá-lo, dependendo do que eles acham que você quis dizer... Isto algumas vezes leva a acusações de contradição. Consulte as Confissões Calvinistas padrão, e.g. a Confissão de Fé de Westminster, capítulo 9, para uma definição de termos.

4) O termo livre agência não é automaticamente o mesmo que livre-arbítrio quando usado por um calvinista. Ele é o termo calvinista preferido para livre-arbítrio. Preferido de forma a evitar a confusão tratada no ponto acima.

5) Calvinistas acreditam na responsabilidade do homem, mas negam sua capacidade de arrepender-se e crer no Evangelho. Os dois termos não são sinônimos. Calvinistas crêem que a incapacidade do homem de arrepender-se e crer é causada por seu próprio pecado, e a sua incapacidade não anula a sua responsabilidade.

6) Calvinistas não acreditam que os homens são fantoches, bonecos de madeira ou robôs, mas seres responsáveis e tratados assim por Deus, mesmo quando decaídos.

7) Calvinistas não são fatalistas. Calvinistas acreditam que Deus ordenou o fim e também os meios para este fim. Portanto, eles crêem no evangelismo como o meio que Deus usa para cumprir sua intenção de salvar os eleitos. Não é verdadeiro dizer que os calvinistas acreditam que Deus salva homens sem o Evangelho. Calvinistas acreditam em oração.

8) Calvinistas acreditam que é obrigação dos homens arrependerem-se e crerem no Evangelho. Esta é um de nossas disputas com alguns hiper-calvinistas.

9) Calvinistas acreditam que o Evangelho deve (para citar Calvino) ser pregado indiscriminadamente aos eleitos e réprobos (Comentário de Isaías 54:13), visto que não sabemos quem são eles, mas somente Deus.

10) Calvinistas não limitam o valor ou mérito ou dignidade do sangue de Cristo. Eles limitam a intenção do sangue para salvar qualquer um além dos eleitos. Nós estamos satisfeitos o bastante (como estava João Calvino) com a afirmação de que o sangue de Cristo é suficiente para o mundo inteiro, mas eficiente somente para os eleitos.

11) Calvinistas não pregam apenas os Cinco Ponttos e nada mais. Pelo menos não mais que Dispensacionalistas que pregam apenas sobre profecias ou Pentecostais que só pregam sobre os dons do Espírito, etc.

12) Calvinistas não lêem os Cinco Pontos em todos os textos da Escritura. Muitos dos maiores comentários bíblicos, amados e valorizados por todos os cristãos (e.g, Mattew Henry) foram escritos por calvinistas.

13) Calvinistas acreditam que os homens podem resistir ao Espírito Santo. Eles acreditam que mesmo os eleitos podem resistir ao Espírito Santo, e o fazem... mas somente até o momento em que o Espírito regenera seus corações de forma que não resistam mais a Ele. Os não-eleitos efetivamente resistem a ele por toda a vida.

14) Calvinistas não acreditam que todos os homens são levados se debatendo e gritando irresistivelmente a Cristo. Nós acreditamos na graça irresistível. A vontade não é ignorada na salvação. Nenhum homem vem a Cristo involuntariamente, ou se lamenta por ter sido trazido.

15) Calvinistas não acreditam que existam almas lá fora que querem ser salvas, mas não podem ser salvas porque não são eleitas.

16) Calvinistas, sem ter acesso ao Livro da Vida do Cordeiro, vêem todo homem como potencialmente eleito e pregam o evangelho a ele.

17) Calvinistas acreditam na eleição incondicional mas eles não acreditam na salvação incondicional. A não ser que o homem nasça de novo, ele não entrará no Reino dos céus (João 3:3). A não ser que ele se arrependa, ele perecerá (Lucas 13:3). A não ser que seja convertido, etc... todas estas são condições da salvação.

18) Calvinistas acreditam que a regeneração precede a fé em Cristo. Nós não confundimos o termo regeneração com justificação ou salvação. O Espírito de Deus regenera o pecador eleito capacitando-o a abandonar seu pecado e voluntariamente abraçar a Cristo e então ser justificado pela fé e salvo pela eternidade. Regeneração, portanto, não é sinônimo de justificação ou salvação assim como convicação de pecado não é sinônimo de conversão a Cristo.

19) Perseverança dos santos não significa que os calvinistas crêem que eles podem levar sua querida vida sem qualquer referência a observar o poder de Deus. Isto simplesmente significa que nós cremos que os cristãos provarão ser vencedores, de acordo com 1 João 5:4-5, etc...

20) Alguns calvinistas usam a frase redenção particular em oposição à expiação limitada porque eles podem ver como a posição da redenção geral também limita a expiação, embora de uma forma diferente, isto é, ela não realiza a tudo que se pretende.

21) Calvinistas não acreditam que João Calvino era infalível... não mais que Metodistas acreditam que João Wesley foi infalível ou Dispensacionalistas dão a Schofield ou John Darby a palavra final.

22) Embora os calvinistas creiam que a graça salvadora e o arrependimento são dons de Deus, dados somente a seus eleitos, eles não crêem que Deus exercita a fé por eles ou arrepende-se por eles. O pecador eleito, capacitado pelo poder de Deus, realmente se arrepende e crê por si mesmo.

23) Embora possa não haver um meio-termo real entre a posição calvinista e aquela dos não-calvinistas, ainda assim muitos calvinistas acreditam que os dois lados realmente pregam o Evangelho. Apesar de nossas diferenças em muitos dos detalhes, um homem que prega que Cristo morreu pelos ímpios e que a obra foi suficiente para salvar aquele que se arrepende e crê está realmente pregando o Evangelho. Nós nos regozijamos na pregação do Evangelho de John Wesley tanto quanto na de George Whitefield, apesar de (naturalmente) considerarmos Whitefield um teólogo melhor.

24) Não há nenhuma contradição ou paradoxo entre a soberania de Deus e a responsabilidade do homem. Em nenhum lugar a Escritura diz que o homem é responsável porque ele é livre, ou seja, a afirmação de que a responsabilidade pressupõe a liberdade é uma falácia. Pelo contrário, a Escritura ensina que o homem é responsável porque Deus, que é soberano, o considerada assim. Além do mais, Paulo, em Romanos 1, afirma que é o conhecimento inato do homem que o torna responsável pelos seus atos, e não a sua suposta liberdade. Isso está de acordo com o que Jesus diz em João 9:41: “Respondeu-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado algum; mas, porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado”.

25) Embora os calvinistas creiam que até mesmo atos pecaminosos são ordenados por Deus (Efésios 1:11/Provérbios 16:4), isso não faz de Deus o autor do pecado. Concordamos com o Dr. Clark, que ao escrever seu livro sobre o problema do mal, disse: “Deus não é o autor deste livro, como os arminianos seriam os primeiros a admitir; mas ele é a causa última dele, como a Bíblia ensina. Todavia, eu sou o autor. Autoridade, portanto, é um tipo de causa, mas há outros tipos. O autor de um livro é a sua causa imediata; Deus é a sua causa última... Deus não comete mais pecado do que ele está escrevendo essas palavras”.



Então, aqui está. Eu não espero que esta lista realmente convença alguém da verdade da posição calvinista. Isto não intenta ser uma defesa doutrinária do Calvinismo. Eu dei poucas referências porque queria manter curto e de fácil acesso. As confissões calvinistas padrão (isto é, a Confissão de Fé de Westminster, etc.) devem ser consultadas para afirmações definitivas. O Dictionary of Theological Terms (Rev. Alan Cairus) é uma ferramenta inestimável. Espero que esclareça mais que alguns poucos mal-entendidos. É desanimador ao extremo ver uma caricatura de sua fé ridicularizada. Talvez alguém do outro lado da batalha (não-calvinistas) possa esforçar-se e esclarecer alguns mal-entendidos que os calvinistas porventura tenham.


Traduzido, modificado e expandido por: Josaías Cardoso

Agradecemos ao tradutor, que gentilmente se dispôs a traduzir esse artigo para o site Monergismo.com.

Este artigo é parte integrante do portal http://www.monergismo.com/. Exerça seu Cristianismo: se vai usar nosso material, cite o autor, o tradutor (quando for o caso), a editora (quando for o caso) e o nosso endereço. Contudo, ao invés de copiar o artigo, preferimos que seja feito apenas um link para o mesmo, exceto quando em circulações via e-mail.


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A Vocação dos Eleitos - Agostinho


Procuremos entender a vocação própria dos eleitos, os quais não são eleitos porque creram, mas são eleitos para que cheguem a crer. O próprio Senhor revela a existência desta classe de vocação ao dizer: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi (Jo 15: 16). Pois, se fossem eleitos porque creram, tê-lo-iam escolhido antes ao crer nele e assim merecerem ser eleitos. Evita, porém, esta interpretação aquele que diz: Não fostes vós que me escolhestes.
*
Não há dúvida que eles também o escolheram, quando nele acreditaram. Daí o ter ele dito: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi, não porque não o escolheram para ser escolhidos, mas para que o escolhessem, ele os escolheu. Isso porque a misericórdia se lhes antecipou (Sl 53:11) segundo a graça, não segundo uma dívida. Portanto, retirou-os do mundo quando ele vivia no mundo, mas já eram eleitos em si mesmos antes da criação do mundo.
*
Esta é a imutável verdade da predestinação da graça. Pois, o que quis dizer o Apóstolo: Nele ele nos escolheu antes da fundação do mundo?(Ef 1:4). Com efeito, se de fato está escrito que Deus soube de antemão os que haveriam de crer... (Para continuar clique aqui).
*
Este texto está no tópico - Agostinho
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O Calvinismo como uma Força Cultural.


Este é o primeiro de uma série de artigos sobre a importância e a influência de Calvino e do Calvinismo na história do mundo ocidental. E não estamos falando apenas da importância na Teologia e na vida cristã, mas em todos os ramos da cultura, economia e do pensamento moderno.
*

Calvino foi um patrono dos modernos direitos humanos. Em seu pensamento, ele antecipou a moderna forma republicana de governo. Contribuiu para a moderna compreensão da relação entre lei natural e lei positiva. Ao lado dos movimentos sociais e políticos de seu tempo, compreendeu plenamente que a origem do estado nacional moderno, o surgimento do comércio burguês internacional, o desenvolvimento da classe burguesa e a vasta expansão do mercado monetário exigiam uma nova avaliação da proibição de empréstimo de dinheiro a juro. Além disso, Calvino levantou-se contra os abusos do poder, em seu tempo, e debateu o problema do direito à revolta.

O impacto de Calvino e do Calvinismo sobre a moderna cultura ocidental está bem documentado. Reconhece-se que esta influência foi grande. Calvino e o Calvinismo ocuparam seu lugar entre as maiores forças que moldaram nossa moderna sociedade ocidental.

É importante descrever estas influências do ponto de vista histórico. Qual foi a influência do Calvinismo? Até onde, precisamente, se estendeu essa influência? Contudo, para avaliar o Calvinismo como uma força cultural, propriamente, é preciso descer a um nível mais profundo de questionamento. Que é que, no Calvinismo, determina a forma peculiar pela qual ele se relaciona com a cultura? Qual é o caráter distintivo que ele imprime à cultura? Nestes aspectos, em que difere ele de outros movimentos protestantes? Sem levantar questões como estas, dificilmente alguém tem condições de inquirir significativamente em que extensão ocorre sua influência. (para continuar lendo clique aqui)
*
Não deixe de ler os próximos artigos desta série a serem postados em breve:
- A Propagação do Calvinismo no Século XVI e
- Suíça: Triunfo e Declínio

A Propagação do Calvinismo no Século XVI


Este é o 2º Artigo desta série. O primeiros é:




A comunicação é sempre uma questão de grande importância em qualquer civilização ou cultura, mas tem se tornado mais importante do que o comum em nossa própria sociedade. A imprensa, o rádio e a televisão desempenham grande papel em nossas decisões e, de uma forma geral, em nossa maneira de pensar. Com as facilidades de comunicação que temos hoje, e que o homem jamais teve em tempos passados, temos a tendência de achar que o tempo em que vivemos é o único período em que a comunicação, a propaganda – ou como quer que a chamemos – é valorizada de fato. Contudo, quando nos voltamos para o século dezesseis, não temos como evitar a surpresa ante a maneira como informações e idéias de todos os tipos circulavam pela Europa. Um dos exemplos mais marcantes desta difusão de idéias torna-se visível na forma como o Calvinismo se espalhou a partir da pequena cidade Suíça, Genebra, por grande parte da Europa, indo dos braços mais baixos do Danúbio até as regiões nórdicas da Escócia.


O Luteranismo também se espalhou bastante rapidamente nos primeiros tempos da Reforma, mas logo começou a recuar como maré vazante, com exceção feita apenas às regiões mais teutônicas como a Alemanha e Escandinávia. As idéias de Calvino, por outro lado, penetravam e, freqüentemente, suplantavam as de Lutero em regiões tão diversas quanto as da França, Escócia, Holanda e Hungria. Apesar das dificuldades da geografia física, dos obstáculos causados por oposição política e pela perseguição instigada por autoridades católicas, o Calvinismo conseguiu expandir sua influência e ampliar suas fronteiras a ponto de vir a ser considerado o inimigo numero um da Igreja Católica Romana e dos governos absolutistas. Embora haja inúmeras razões que demonstram este fato, um fator muito importante é constituído pela forma e pelos meios utilizados na propagação do Calvinismo por toda a Europa do século dezesseis.


Ao tentarmos compreender esta questão da comunicação, devemos reconhecer que a transmissão de idéias depende muito da sociedade em que estas idéias são expressas. Temos tido muito bons exemplos deste fato nos jargões criados por estudantes universitários e pela geração hippie dos anos sessenta. Além disto, a questão de tecnologia da comunicação e da transmissão de idéias na sociedade hoje é de importância crucial. Haja vista que hoje o computador está assumindo uma função completamente revolucionária neste mesmo campo. No entanto, dada à técnica desta maneira de comunicar, ela é compreendida por muitos poucos, ou seja, apenas por aqueles que foram tecnicamente treinados para usá-la. Desta forma, para compreender o sucesso da transmissão das idéias de Calvino, e para explicar parcialmente o sucesso obtido em divulgá-las, é necessário que olhemos primeiro os antecedentes sociais da Reforma e o desenvolvimento dos meios de comunicação. (Para continuar clique AQUI)




Este artigo está no tópico - Artigos em Série




Não deixe de ler SUÍÇA: TRIUNFO E DECLÍNIO, o próximo artigo desta série a ser postado.
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Biografia - Calvino.


"De acordo com a vontade que manifestara no testamento, envolveram-lhe o corpo num grosseiro pano cru e depositaram-no num caixão de pinho semelhante àqueles com que se enterravam os pobres.
Sem discurso e sem cantos, foi conduzido por uma imensa multidão ao cemitério de Plainpalais. Não se erigiu nenhum monumento sobre o túmulo, nem mesmo uma cruz ou a menor pedra. Assim desejara ele regressar ao pó, no anonimato e no silêncio. E ninguém pode hoje indicar com certeza o lugar onde jaz João Calvino.Poucos homens, no entanto, deixaram sobre a terra um rastro tão profundo. Quem poderá negar a sua grandeza? Semeou grandes idéias, realizou grandes coisas e determinou grandes acontecimentos. A história não teria sido tal como foi se ele não tivesse vivido, pensado e agido com a sua vontade implacável... Não resta qualquer dúvida, porém, de que a sua influência foi determinante, até no desenvolvimento do capitalismo, da democracia e do socialismo... Calvino pertence incontestavelmente ao pequeníssimo grupo de mestres que, no decorrer dos séculos, moldaram com as suas mãos o destino do mundo." (Daniel-Rops (autor católico) - História da Igreja - Vol. IV = "A História da Renascença e da Reforma" - Academia Francesa)
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terça-feira, 5 de agosto de 2008

As Dez Marcas do Homem Carnal

por

Rev. Richard Baxter



Os sinais de um homem carnal são estes:

1. Quando um homem em seu desejo de agradar seu apetite, não faz isto visando um objetivo mais elevado, ou seja, a sua preparação para o serviço de Deus, mas somente para seu próprio prazer (claro que ninguém faz tudo conscientemente visando o serviço de Deus. Entretanto, uma vida gasta no serviço de Deus é ausente do prazer carnal, de maneira geral).

2. Quando ele procura mais ansiosa e diligentemente a prosperidade do seu corpo do que de sua alma.

3.Quando ele não se abstêm de seus prazeres, mesmo quando Deus os proíbe ou quando ferem sua alma, ou quando as necessidades de sua alma clamam que os deixe. Mas ele tem que ter seu prazer, não importa o que lhe custe; e é tão persistente nisto, que não o pode negar.

4. Quando os prazeres da carne excedem os deleites em Deus, Sua Santa Palavra e caminhos, e as expectativas de prazer infinito. E isto não só na paixão, mas na estima, escolha e ação. Quando ele prefere estar em um jogo, ou festa, ou outro entretenimento, ou adquirindo boas pechinchas ou lucros do mundo, do que viver na vida de fé e amor, que seria um modo santo e divino de viver.

5. Quando os homens fixam suas mentes em planejar e estudar para fazer provisão para os prazeres da carne e isto ocupa o primeiro lugar em seus pensamentos e lhe é prazeroso.

6. Quando eles conversam, ou ouvem, ou lêem mais coisas agradáveis à carne do que àquelas que deleitam o espírito.

7. Quando eles amam a companhia de pessoas carnais, mais do que a comunhão dos santos, nos quais eles poderiam ser exercitados no louvor ao Seu Criador.

8. Quando eles consideram que o melhor lugar para viver e trabalhar é onde eles podem satisfazer sua carne. Eles preferem estar onde têm coisas fáceis e onde nada falta para o corpo, do que em lugares onde têm muito melhor ajuda e provisão para a alma, apesar da carne ser atormentada por isso.

9. Quando ele está mais disposto a gastar dinheiro para agradar sua carne, do que para agradar a Deus.

10. Quando ele não acredita ou gosta de nenhuma doutrina exceto a "crença-fácil" (isto é, a fé que não requer obediência aos ensinos bíblicos) e odeia a mortificação, que classifica como "legalismo" muito rígido. Por estes sinais e outros semelhantes, podemos facilmente conhecer o homem carnal.


Tradução: Tânia Gueiros

Revisão: Rev. Joás Gueiros


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As 10 Resoluções para uma Vida Inteira Bem Sucedida

por

Robinson Monteiro



“No próximo ano, eu vou...”. Invariavelmente estas são as primeiras palavras daquilo que costumeiramente chamamos de “resoluções do primeiro dia do próximo ano”. Fazer dieta, fazer mais exercícios, procurar um emprego melhor, plantar aquela árvore no jardim, arrumar o closet... enfim, varia-se o objeto da resolução, mas a direção continua a mesma: mudança.

Neste início de ano, eu gostaria de sugeri-lhe 10 resoluções que podem fazer este ano – e toda a sua vida – algo coroado de sucesso e êxito. Por que dez? Bem, poderia ser dois ou doze, mas o que menos importa é a quantidade, mas a qualidade da resolução. Vamos a elas:

  1. Priorize Deus na sua escada de valores. Nós fomos criados à Sua imagem e semelhança e nas palavras de Santo Agostilho, somente nele encontramos realização, sentido e prazer eternos.
  2. Priorize as pessoas sobre as coisas. Nossa família, amigos e o próximo em geral são mais importantes do que as coisas, pelas quais frequentemente magoamos, machucamos e desprezamos as pessoas.
  3. Priorize o ser sobre o ter. Mesmo numa sociedade materialista e pragmática como a que vivemos, não devemos resumir a nossa existência ao que temos sob o risco de naquele dia quando nada tivermos, descobrirmos que nada somos.
  4. Priorize o crer sobre o fazer. A maior obra que podemos fazer é crer que Deus está fazendo uma grande obra em nós e através de nós. Somos muito mais objetos e instrumentos do que sujeitos desta vida que vivemos.
  5. Priorize o investir sobre o gastar. Não apenas na questão financeira mas em toda a vida, quando investimos, lucramos e fazemos outros lucrar também.; quando gastamos apenas desperdiçamos.
  6. Priorize o hoje ao ontem. O passado é uma ótima referência para celebrar acertos e confessar erros, mas nunca uma fonte de onde devemos sempre estar bebendo.
  7. Priorize o amanhã sobre o hoje. O imediatismo é como uma erva daninha que pode sufocar a bela rosa do amanhã. Planejar e viver a longo prazo é mais sábio do que apenas existir para o aqui e agora.
  8. Priorize o positivo ao negativo. Se nada de bom tiver para falar, por que falar algo pessimista, negativo, depreciativo sobre algo ou alguém? O pessimismo é um veneno que mata primeiro o seu portador.
  9. Priorize o útil ao belo. Não porque são opostos, mas porque é mais fácil encontrar beleza no que é útil, do que utilidade no que é somente belo.
  10. Priorize o difícil ao fácil. A dificuldade treina o caráter, a persistência, a paciência. É da corda tensionada do violino que saem os sons mais bonitos. Facilidade gera flacidez.

Muitas receitas de sucesso já foram dadas. Esta não é mais uma, até porque é humana e incompleta. Para a Divina e perfeita receita do sucesso, vede Salmo 1.




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