sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Pastores de almas, uma espécie em extinção?

 Há pouco tempo ouvi uma história a qual compartilho com vocês. Uma irmã (a qual, por questões obvias, não vou revelar o nome e igreja), passou pela seguinte experiência:Em um final de culto, movida por um grave problema pessoal, ela procurou o seu pastor, no desejo de abrir o coração, pedindo-lhe que a ajudasse em aconselhamento pastoral. O pastor, sem poder ouvi-la naquele momento, até porque muita gente desejava lhe falar e, principalmente, cumprimentá-lo em virtude do "maravilhoso sermão "que havia pregado, solicitou à irmã que procurasse a secretaria da igreja e agendasse um encontro.


No dia seguinte a irmã procurou a secretaria, tentando agendar o encontro pastoral; no entanto, para sua surpresa, a secretária informou que o tal pastor não teria agenda livre para os próximos cinco meses, o que impossibilitaria o seu atendimento. A moça se desesperou, implorou, pediu pelo amor de Deus, mais nada pôde ser feito. A secretária explicou que o pastor tinha já agendado muitos encontros, jantares, viagens e conferências, as quais tinham que ser priorizadas, e que o máximo que ela poderia fazer seria encaixá-la num atendimento, quatro meses depois.

A moça saiu da igreja, naquela manhã de segunda-feira, pior do que entrara; na verdade, agora ela se sentia deprimida, desvalorizada e sem perspectiva alguma de ser ajudada em seu problema. O pastor, o qual ela pensava que poderia ajudá-la, infelizmente não poderia fazê-lo.

Seis meses se passaram e a moça desiludida, bem como desesperançosa, não fora mais à igreja. Para sua tristeza, ninguém, absolutamente ninguém, a procurara, querendo saber o motivo de sua ausência. Até que um dia, o pastor da igreja da qual fazia parte, encontrou-a na instituição bancária onde ela trabalhava. Ao vê-la, o pastor não esboçou nenhum comentário quanto à sua ausência; na verdade, a única coisa que falou, é que estava correndo em virtude da grande e complexa agenda.

Não sei o que você pensa e sente ao ler essa pequena história. Entretanto, quando soube do fato, fui tomado por uma grande perplexidade que me fez questionar sobre o papel pastoral nos dias de hoje. Aonde estão os pastores do povo de Deus? Aonde estão aqueles que por amor ao Rei, largam as 99 ovelhas e vão em busca de uma que se perdeu e sofre? Sem sombra de dúvidas, vivemos uma enorme crise de pessoalidade e afetividade na relação pastor-ovelha, isso porque, alguns dos ditos pastores se tornaram mega-stars da fé, imponentes pregadores, "Apóstolos desbravadores", além de "poderosos profetas". Junta-se a isso, o fato de que as mensagens pregadas nos púlpitos têm tido por fundamento o marketismo rel
igioso, cujo conteúdo é humanista e secularizado. Infelizmente, sou obrigado a concordar que tais pastores têm se preocupado mais com a porta de entrada, do que com a porta de saída dos seus apriscos; mais com números do que com gente. Na verdade, ouso afirmar de que vivemos numa era onde as pessoas foram definitivamente coisificadas, onde seres humanos, criados a imagem e semelhança de Deus transformaram-se em gráficos e estatísticas.

Diante desta nebulosa perspectiva, sou tomado pela imprenssão de que essa geração necessita urgentemente de pastores de almas, de gente abnegada, que se preocupe com a dor do próximo e tenha prazer em cuidar da ovelha ferida. Para tanto, torna-se indispensável remodelar e reformar os conceitos pastorais desta geração, impregnando nos novos ministros, amor, compromisso e fidelidade para com Deus e seu Reino. Além disso, julgo também que seja imprescindível de que os pastores desse tempo, sejam plenamente comprometidos com a Santa Palavra de Deus, preocupando-se com o que ela diz, tomando-a como regra, bem como modelo de fé e comportamento para o seu ministério pessoal.

Vale a pena lembrarmos daquilo que o reformador francês João Calvino costumava dizer quanto a Palavra de Deus.

(1) "A Escritura é a fonte de toda a sabedoria, e os pastores devem extrair dela tudo aquilo que expõem diante do rebanho"

(2) Calvino afirmava que através da exposição da Palavra de Deus, as pessoas são conduzidas a liberdade e a segurança da fé salvadora, dizia também que a verdadeira pregação, tem por objetivo abrir a porta do reino ao ouvinte, isto é, em outras palavras o que ele está a nos dizer, é que as Escrituras Sagradas, devem ser o principal instrumento na condução, consolidação e pastoreamento do povo de Deus.

No exercício de seu pastorado, Calvino dizia que a pregação pública deveria ser acompanhada por visitas pastorais.

(3) Junta-se a isso o fato, de que ele sempre procurou encorajar pessoas sobrecarregadas, as quais não conseguiam encontrar consolo mediante sua própria aproximação de Deus, a procurarem seu pastor para aconselhamento particular e pessoal.

Conforme registro de um dos seus colegas pastores em Genebra, "(...) os que lhe procuravam eram recebidos com simpatia, gentileza e sensibilidade. Ele os atendia e prontamente lhes respondia as perguntas, mesmo as mais sérias delas. Sua sabedoria era demonstrada nas entrevistas particulares tanto quanto nas conversas públicas onde ele confortava os entristecidos e encorajava os abatidos...".

[4]. Calvino também acreditava que o ensino, além de ser público nos cultos, deveria ser acompanhado por orientação pessoal e aplicado às circunstâncias específicas da vida de suas ovelhas. Atendia noivos que estavam se preparando para o casamento, pais que traziam seus problemas relacionados aos seus filhos, pessoas com dúvidas ou dificuldades doutrinárias, lutas com enfermidades, ouvia confissões de pecados, e a todos ele os recebia e levava o conforto e o encorajamento necessários.

[5]Amados irmãos, ainda que os nossos dias, sejam diferentes dos dias dos reformadores, carregamos em nosso tempo as mesmas demandas pastorais.
Nossas igrejas estão cheias de individuos em crise, de familias desestruturadas, além de pessoas que foram violentamente marcadas por satanás e o pecado. Ouso afirmar que neste tempo pós moderno, onde o relativismo tem mostrado as suas garras, necessitamos urgentemente de pastores preparados e capacitados, que amem a Deus acima de todas as coisas, e que se disponham a pastorear abnegadamente o rebanho de Cristo.

Que Deus tenha misericórdia de seu povo e levante pastores segundo o seu coração.

Soli Deo Gloria,

Renato Vargens

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Desmond Tutu endossa pastores homossexuais na Igreja Presbiteriana da Escócia


Desmond Tutu

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(Por Hilary White) – EDINBURGO, ESCÓCIA — O arcebispo Desmond Tutu apoiou a decisão da Igreja da Escócia de nomear um homossexual abertamente praticante para o ministério. A Assembléia Geral da Igreja da Escócia, conhecida como Kirk, num voto sábado de 326 a 267 confirmou a nomeação de Scott Rennie, um homossexual abertamente praticante, como pastor na Igreja Queen’s Cross em Aberdeen.

Na quarta-feira, Desmond Tutu, ganhador do Prêmio Nobel da Paz e bispo anglicano emérito da Cidade do Cabo, em seu discurso na Assembléia Geral, disse que ele ficou estupefato que as igrejas estejam debatendo “quem vai para a cama com quem” quando pessoas estão morrendo de fome, AIDS e em guerras.

Rennie disse para a BBC domingo a noite que ele não achava que esse voto é o “fim da discussão” dentro da Igreja da Escócia. “A Igreja está numa viagem de descoberta, de conversação um com o outro sobre homossexualidade”.

A Assembléia Geral mais tarde votou por uma moratória de dois anos em quaisquer outras ordenações de pastores homossexuais e concordou em não discutir a questão publicamente durante esse tempo.

Tutu comparou a ordenação de homossexuais à ordenação de mulheres na Comunhão Anglicana, dizendo: “Eu acharia impossível ficar parado quando pessoas estão sendo perseguidas por algo sobre o qual elas nada podem fazer — sua orientação sexual”.

O caso de Scott Rennie é semelhante ao caso de Gene Robinson, bispo episcopal americano cuja confirmação como bispo de New Hampshire foi o ponto de partida para a crise em andamento na Comunhão Anglicana Mundial. Robinson tinha naquele ponto sido casado e pai de dois filhos. Rennie também esteve casado durante cinco anos e teve uma filha. Ruth e Scott Rennie se separaram e se divorciaram e Scott Rennie está agora num relacionamento atual com outro homem.

Ruth Rennie disse para o jornal Scotsman que aqueles que se opuseram à eleição de seu ex-marido como pastor da Igreja Queen’s Cross “não têm compaixão” “Em seu ministério”, disse ela, “Scott é por natureza uma pessoa sensível e caridosa, e o que ele tem enfrentado provavelmente o tornou um pastor ainda melhor”.

Em 2008, depois que Scott Rennie disse para a congregação de Queen’s Cross que ele é um homossexual praticante que vive com outro homem, eles o elegeram como seu pastor por 140 votos a 28. Essa seleção foi mais tarde sustentada pelo Presbitério de Aberdeen por 60 votos a 24. Isso fez de Rennie o primeiro pastor abertamente praticante a ser confirmado na Kirk.

A decisão, porém, foi posteriormente contestada por um grupo de 12 pastores e presbíteros em Aberdeen e a questão foi adiada para a Assembléia Geral deste ano, o tribunal mais elevado da igreja e seu órgão governante, que se reuniu de 21 a 27 de maio.

Como com as principais denominações protestantes, a Kirk está experimentando profundas divisões sobre a questão da homossexualidade. Em 1994, um relatório do Conselho Doutrinário da Kirk concluiu: “Casais que coabitam, quer heterossexuais ou homossexuais, podem muito bem demonstrar todas as marcas de uma parceria de compromisso, amor e fidelidade e não devem ser vistos como em estado de pecado”.

Traduzido por Julio Severo.
Fonte: Notícias profamília / Julio Severo

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Henrique Martin 1781 – 1812


Henrique Martin Foi um daqueles que costuma-mos chamar de “gigante na fé”. Sua vida de fé, piedade e serviço serve-nos de inspiração e exemplo, que deve ser seguido por todos os combatentes da fé. Sua história não foi muito diferente dos demais lutadores da fé. Mesmo formando-se com méritos, desistiu da carreira de advogado, para dedicar-se as Missões, principalmente, depois de ouvir um sermão sobre o “ Estado Perdido dos Pagãos “.

FRASES DE H.MARTIN
·        “...parece...que posso orar para sempre sem nunca cansar. Quão doce é andar com Jesus e morrer por Ele..”
·        “ Que eu seja uma chama de fogo no serviço divino “
·        “ Se eu viver ou morrer, que Cristo seja magnificado pela colheita de multidões para Ele “
·        “ Um moribundo, pregando aos moribundos “
·         “ Agora, Senhor, quero arder até me consumir inteiramente por Ti “.
Henrique Martin era homem piedoso, costumava levantar-se cedo para desfrutar da comunhão com Deus, amava ler as Escrituras Sagradas. Sua vida foi grandemente influenciada pela história de dedicação e pioneirismo de Guilherme Carey (1761-1834) na Índia. Assim, decidiu ser missionário na Índia. Seu ministério também foi influenciado pelo testemunho de David Brainerd (1718-1741), o “ Grande Arauto aos peles-vermelhas “.

Martin enfrentou diversas dificuldades: os costumes pagãos, cultos aos demônios e forte perseguição. Parecia até que Martin era “ vizinho do inferno “,. Além disso, o mesmo encontrava-se longe da família, distante de sua noiva, e lutava contra a tuberculose que ardia no seu peito.

Seu ministério na Índia foi muito difícil, mesmo diante da falta de frutos, não deixou de pregar, e não abandonou seu projeto de traduzir as Escrituras. Como fruto do seu trabalho conseguiu traduzir porções das Sagradas Escrituras para as línguas de uma quarta parte de todos os habitantes do mundo. O Novo Testamento em hindu, hindustão e persa e os evangelhos em judaico-persa são apenas uma parte de suas obras.

Como pregador, sua mensagem era simples, e sempre se dirigia como “ um moribundo, pregando aos moribundos”. Ele possuía a simplicidade dos verdadeiros servos de Deus.

Depois de seis anos e meio de ministério na Índia. Durante uma viagem faleceu Henrique Martin aos 31 anos de idade. Sua vida, seu exemplo de fé e dedicação despertou muitos filhos de Deus para a obra missionária.

De fato Henrique Martin foi um grande servo de Deus, um gigante incansável na obra do Senhor:
            Que sua vida de oração,
            Fidelidade ao chamado de Deus,
            Simplicidade como pregador,
            Dedicação a seara, e espírito desbravador,
Sirva-nos de inspiração em nossas vidas e ministérios, que o Espírito Santo nos ajude a sermos “ Uma Luz Gasta Inteiramente por Deus “, como foi nosso irmão Henrique Martin.

Fonte: Heróis da Fé e adaptado ( comentários ) Por Taciano Cassimiro


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Bispo J.C. Ryle.

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Bispo John Charles Ryle nasceu em Macclesfield, em 10/05/1816 e foi educado em Eton e no Christ Church, em Oxford.

Bispo Ryle foi um apoiador da escola evangélica e um crítico do ritualismo. Totalmente dedicado à doutrina evangélica, Bispo Ryle não comprometia seus princípios. Foi um escritor prolífico, um pregador vigoroso e um pastor fiel.

Estudando em Oxford, remou e jogou críquete; depois foi convidado a lecionar, o que declinou. Como filho de um rico banqueiro, estava destinado a uma carreira política, antes de ser chamado pelo Senhor da seara para o Seu ministério.

Em 1838, Bispo Ryle foi despertado espiritualmente enquanto lia Efésios 2 na igreja. Foi ordenado bispo em Winchester em 1842. Por 38 anos pastoreou Helmingham e depois Stradbrooke, em Suffolk. Também foi líder do partido evangélico na Igreja da Inglaterra, destacando-se por seus escritos doutrinários e polêmicos.

Em 1880, com 64 anos, tornou-se o primeiro bispo de Liverpool, pela recomendação do PM Benjamin Disraeli. Aposentou-se em 1900, aos 83 e morreu no mesmo ano, em 10/06.

Bispo Ryle combinou seu espírito de liderança e sua vigorosa defesa evangélica com graça e amabilidade em seus relacionamentos pessoais. Um vasto número de homens e mulheres da classe trabalhadora frequentavam suas pregações e muitos foram levados à fé em Cristo.

http://www.igrejaanglicana.com.br

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O Que São as Experiências de Crise?


Existem crentes que dão muita ênfase às experiências pós-conversão, principalmente aquelas experiências advindas do batismo do Espírito Santo. Por outro lado, há muitos crentes (entre eles alguns reformados) que não dão a mínima às experiências de crise, e ainda criticam aqueles que passam ou já passaram por algo semelhante.

Não temos o direito de tirar ou minimizar as experiências de alguém. Não podemos incentivar as pessoas que rejeitem quaisquer experiências de crise que estão tendo ou venham a ter. Ninguém pode fazer isso. Somente a pessoa que passa por uma experiência sabe o que sentiu, e isso por si só nos impede que procedamos de maneira legalista, opinando, criticando e julgando experiências espirituais individualistas.

Nossa crença, como crentes calvinistas reformados, é que a Bíblia é o nosso único guia na doutrina, na prática e na experiência. De acordo com as Sagradas Escrituras, nenhuma experiência pós-conversão é prometida, ou apresentada, aos crentes. Mesmo assim, há crentes que fazem questão de afirmarem terem tido uma experiência de crise, porém, que tipo de experiência tiveram? O que causou esta experiência?

Talvez tiveram uma experiência de fortalecimento, ou uma experiência santificadora. Talvez as pessoas tenham tido apenas uma experiência de segurança. Ou talvez alguém tenha tido uma experiência de muita tristeza por ocasião de algum pecado não confessado, ou por ocasião de pecado constante na vida. Ou podem ter uma experiência de crise relacionada com vida espiritual morna, que deveria ser mais atuante.

As Escrituras nos encorajam a ter uma experiência específica, a da própria conversão. Isso equivale ao crescimento na graça e no conhecimento. Regeneração, conversão, justificação são os únicos fundamentos experimentais sobre os quais somos encorajados a construir.

1. Em alguns casos, a experiência de crise é a experiência da conversão.

A situação calamitosa do clima evangélico em nosso meio está tornando a conversão como uma experiência simples, fácil e sem deixar "marcas". Multidões têm "decididos" por Jesus em várias reuniões; são trazidas às igrejas com uma falsa segurança. E de uma hora pra outra, as pessoas se "tornam vivas" através de palavras "mágicas" do pastor. Das duas, uma: ou essa "palavra mágica" pode ser alguma promessa material para esta vida. Aliás, tudo se resume ao "aqui e agora". Ou pode ser o pronunciamento de algumas palavras, sem nexo e sem sentido, para estimular a emoção da pessoa e "forçar" que essas palavras sejam pronunciadas rapidamente, produzindo êxtase e um descontrole mental significante, ao ponto de fervilharem as emoções. Tudo isso para a pessoa acreditar que foi "movida", ou "enchida" pelo Espírito.

O que chamam de "segunda bênção" ou "consagração" é, na verdade, a primeira e grande bênção do novo nascimento. É muito comum notarmos em nosso meio a prática de induzir falsas profissões de fé, utilizando chamadas do púlpito ou instando as pessoas a vir para a frente, pressionando-as a tomar uma decisão. A teoria de uma misteriosa e súbita transição do crente para um estado de bem-aventurança, é algo que não encontramos base bíblica para isso.

Outra situação bastante comum entre os evangélicos é a prática de aceitar muitas pessoas espiritualmente sem vida como cristãos, baseado no testemunho de que aceitaram a Jesus como Salvador, mas não como Senhor. São pessoas que estão indispostas a "aceitarem" a Jesus como Senhor e vivendo vidas deploráveis. Os falsos profetas asseguram a essas pessoas que somente o testemunho verbal garante a salvação, e lá na frente, se quiserem, podem aceitá-lO como Senhor.

Mas não podemos negar que exista uma experiência de crise real e verdadeira nas pessoas que ficam despertadas pela primeira vez e se arrependem pela primeira vez. Esta é a conversão, a primeira bênção, e não a segunda. Não podemos dizer que um homem se converteu a Cristo sem que ele se consagre para Deus.

2. Em alguns casos, a experiência de crise é a experiência do viver santificado.

Encontramos em nossos dias inúmeras igrejas que dão pouca ou nenhuma instrução doutrinária e muito menos instrução prática sobre o viver santificado. Quando crentes, pobres na doutrina, se deparam com reuniões ou conferências onde são poderosamente “movidos” pelo Senhor, subitamente encontram poder e resolução para deixar hábitos pecaminosos, arrepender-se da preguiça e da indiferença, e daí para frente avançam na vida cristã.

Muitos acham que essa santificação “instantânea” (perfeita santificação) é baseada em alguns textos bíblicos. Mas o que eles não sabem é que esses textos fazem parte da categoria que os estudiosos chamam de santificação definitiva, ou seja, na conversão, o ato de ser separado por Deus é final e de uma vez por todas.

A referência é ao significado básico da palavra grega santificar, isto é, separar (1Co 1.2,6,11; Rm 6.2). Logo após terem sido separados, segue-se a obra interna e progressiva da santificação (Rm 8.13; Cl 3.5; 2Co 3.18; 7.1; 2Pe 3.18; 1Ts 5.23). A idéia de que por um poderoso ato de consagração se possa atingir perfeita santidade é errada e antibíblica.

Pode surgir um momento em nossas vidas que estamos tão distantes de Deus, que logo somos levados a reconhecer a necessidade de nos voltarmos para Deus com nossas vidas inteiramente dedicadas a Ele. Não devemos transformar esse impulso como algo sobrenatural e místico. Não há nada de “espetáculo” nisso. Isso nada mais é do que um comportamento natural daquele que foi nascido de novo e regenerado por Deus, desejando viver uma vida de santidade adequada aos padrões de Deus após um período de negligência na vida cristã.

A conversão e a consagração são simultâneas, no sentido de que nenhuma conversão realmente acontece se não significar uma verdadeira consagração a Deus. A consagração não é um avanço a outro estágio de experiência, e sim, um retorno a um estágio anterior. Esta é a vida do cristão: cheios de altos e baixos.

3. Em alguns casos, a experiência de crise é nada mais do que emoções e sentimentalismo.

A prova da realidade espiritual é a evidência dos frutos do Espírito, e não meramente profissões de fé exterior. Do que adianta exibir todo um sentimentalismo e emoções em cultos públicos, se não mostram melhorias inerentes na qualidade de vida em casa, no trabalho ou na igreja.

As igrejas estão cheias de pessoas sentimentalistas. Bastam algumas palavras do pastor que elas logo manifestam suas tendências ao emocionalismo, com atitudes e palavras fora do controle. E chamam isso de “ação” do Espírito!

Os pastores são verdadeiros psicólogos, pois “estudam” suas ovelhas para saberem quais são mais propícias ao sentimentalismo. Logo, o resultado esperado é sempre alcançado. As pessoas são levadas a crer que, de fato, foram movidas pelo Espírito, pois a “prova” disso e que elas não se lembram de nada. De fato, a emoção toma conta da mente de tal forma que qualquer raciocínio, razão ou percepção do lugar e das coisas, é anulada. As pessoas não se lembram do que fizeram, ou do que falaram.

4. Em alguns casos, a experiência de crise representa recuperação de declínio espiritual.

Todos concordamos que existem crentes que caem gravemente. E isso é testemunhado pelas Escrituras em vários lugares. Apenas para citar, temos o Salmo 51. Este salmo poderia ser descrito como uma experiência de crise na vida de Davi. No Novo Testamento, temos o caso de Pedro que, ao negar o Senhor por três vezes, falhou miseravelmente a ponto dele sentir o terrível peso do seu pecado. Ele fraquejou na fé e estava necessitado de recuperação ou restauração especial.

A restauração dos que caem é uma realidade. Que o declínio espiritual leva à apostasia é atestado pelas Escrituras. Isso é uma grande crise espiritual. Mas a restauração é possível, acompanhada por um profundo arrependimento e tristeza (2Co 7.11).

Todos nós somos passíveis a um período de fraqueza espiritual tal, que pode até fazer-nos abandonar a fé. Mas os que são eleitos de Deus sempre voltam ao primeiro amor. O verdadeiro crente pode até cair, mas jamais apostatar definitivamente da fé.

Conclusão

Não podemos negar as experiências de crise. O que, de fato, precisamos é identificar corretamente essas experiências à luz das Escrituras. Não há nada de espetacular ou especial nestas crises. Não podemos imaginar que seja a ação do Espírito se movendo sobre a pessoa, tornando sua vida espiritual mais elevada do que antes.

Tais experiências não têm, necessariamente, qualquer ligação com a santidade de vida. Tampouco as experiências devem ser tomadas como normas. As experiências de crise de alguns personagens bíblicos, ou até mesmo de algumas pessoas de dentro da igreja, são registradas para o nosso encorajamento apenas.

O erro de muitos crentes é acharem que se uma pessoa experimentou algum tipo de experiência, essa mesma experiência deve ser sentida por outros crentes. Isso é um erro! Ninguém pode, obrigatoriamente, buscar a mesma sensação espiritual ou experiência de crise que eu tive. Eu não posso me esforçar para sentir essas mesmas sensações que outra pessoa sentiu.

As experiências são individuais. A experiência que senti é minha somente. Ela não deve ser tratada como norma na igreja, ou mesmo doutrina. Mesmo com essa individualidade, as experiências não significam um avanço em algum “estágio” na santificação.

Ressalto que toda e qualquer experiência de crise deve ser analisada pelas Escrituras. Qualquer experiência que não encontrar apoio na Palavra de Deus deve ser desconsiderada e rejeitada.
Soli Deo Gloria

Heitor Alves

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Qual a interpretação correta do livro de Apocalipse?

Antes de falar nisto, deixe-me fazer uma consideração sobre parábolas e linguagem simbólica.

Durante o seu ministério, Jesus também falava muito por meio de símbolos – no que chamamos de parábolas. Uma explicação muito comum, mas equivocada sobre o uso de parábolas no ministério de Jesus, era que as parábolas supostamente facilitariam o entendimento da população que ouvia Jesus, já que transmitiam os ensinamentos por meio de comparações baseadas na vida comum de seus ouvintes. Tal explicação é incoerente com o ensino do próprio Jesus sobre o tema:

E chegando-se a ele os discípulos, perguntaram-lhe: Por que lhes falas por parábolas? Respondeu-lhes Jesus: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado; pois ao que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e ouvindo, não ouvem nem entendem.”  (Mt 13:10-13)

Jesus não usava parábolas pra facilitar a compreensão das verdades espirituais, mas para dificultar. Para compreender uma parábola, era preciso muita reflexão. Uma pessoa que verdadeiramente buscasse a Deus iria pensar, refletir, buscar e perguntar até que ele consiga encontrar o real sentido do que Cristo ensinava. Tendo encontrado o significado, ele irá refletir sobre o ele até que ele consiga compreender o máximo possível sobre Deus mediante a nova informação adquirida. O que Jesus disse é que ele queria que o sentido da parábola tivesse aberto somente para aqueles que realmente tivessem o desejo de compreendê-las. Isso requer dedicação e esforço.
É devida justamente a sua natureza simbólica que não existe unanimidade na interpretação do Apocalipse, ainda que em meio aos melhores estudiosos. A dificuldade em compreender este livro é que a sua mensagem é quase inteiramente transmitida em símbolos. O famoso escritor Ambrose Bierce comentou com uma dose de humor sobre este livro, dizendo que João escondeu tudo o que sabia e que quem nos dá a revelação são comentaristas que nada sabem. Não é a toa que um conhecido costuma dizer que “escatologia é terra de ninguém”.

Diferentes linhas de interpretação têm sido defendidas por grandes nomes no Cristianismo por toda a história. O aconselhável é que você se informe sobre as principais correntes de interpretação até chegar a uma conclusão sobre o que acredita ser o mais bíblico. Por que não começar sua pesquisa com os mil anos de Apocalipse 20? Sobre isto, existem três correntes principais de interpretação:

1) Pré-Milenismo: É a corrente que defende que a Segunda Vinda de Jesus acontecerá antes (pré) do período de mil anos de Apocalipse 20. Acreditam que serão mil anos literais e será caracterizado por grande paz e prosperidade na terra devido à presença física de Jesus reinando. Alguns defensores notáveis do Pré-Milenismo: Justino Mártir, Irineu, Charles Spurgeon, John Darby, John McArthur, John Piper, Mark Driscoll, Billy Graham.

2) Amilenismo: É a corrente que defende que os mil anos de Apocalipse 20 não devem ser entendidos literalmente, mas é uma linguagem figurada para falar de toda a História da Igreja da Primeira até a Segunda Vinda de Cristo. Defendem que não devemos esperar nenhum período de paz ou prosperidade terrena como fruto desse Reino, mas que o Reino de Cristo é completamente espiritual, no coração dos cristãos. Alguns defensores notáveis do Amilenismo: Agostinho, Martinho Lutero, Heinrich Bullinger, Abraham Kuyper, Cornelius Van Til, Herman Hanko, R.C Sproul.

3) Pós-Milenismo: É a corrente que defende que os mil anos de Apocalipse 20 não devem ser entendidos literalmente, é uma linguagem figurada para falar de toda a História da Igreja, mas que acreditam que o que devemos esperar para a História da Igreja é a evangelização do mundo inteiro e o completo desenvolvimento social, econômico e cultural do mundo como fruto dessa evangelização. Acreditam que a Grande Comissão será bem sucedida e que a maior parte das pessoas do mundo será convertida. Alguns defensores notáveis do pós-milenismo: Atanásio, João Calvino, John Knox, a maioria dos puritanos, Jonathan Edwards, Kenneth Gentry, Gary DeMar, Gary North, David Chilton.

Não estamos afirmando que todas essas interpretações sejam igualmente corretas, pois a Bíblia sendo perfeita não poderia estar falando mais de uma coisa sobre o mesmo assunto. Estamos falando somente que não há consenso sobre isso; então, o melhor a fazer é estudar todas as opiniões e estudar bastante as Escrituras, com muita oração, para chegar a uma conclusão pessoal sobre qual sistema parece ser o mais bíblico. Para isso, não esqueça que, como a Confissão de Westminster comenta com muita razão, “na Escritura não são todas as coisas igualmente claras em si, nem do mesmo modo evidentes a todos…” (I, 7).

Por: Frank Brito Website: voltemosaoevangelho.com
Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que adicione as informações supracitadas, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.


"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."
Agostinho de Hipona

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