sexta-feira, 16 de maio de 2008

Vinte e Cinco Anos desde o falecimento de D. Martyn Lloyd-Jones (1899-1981); Lloyd-Jones e a Base da Unidade Cristã.

D. Martyn Lloyd-Jones (1899-1981) faleceu em 01 de março de 1981. Este é, portanto, o vigésimo quinto ano desde o seu falecimento. Considerado por alguns o maior pregador do século XX, o então ministro da Capela de Westminster, em Londres, transmitiu à igreja um legado inestimável, que pode ser percebido no seu amplo ministério através da pregação, da literatura, da formação dos ministros, da filosofia pastoral, da apologética, do apoio aos estudantes... Enfim, é impossível descrever o impacto que seu ministério ainda tem exercido ao redor do mundo, inclusive no Brasil.
Desde meados da década de 1950 tem ocorrido um reavivamento teológico reformado, o qual tem suas raízes nos livros dos puritanos. E o ministério de Lloyd-Jones tem importância crucial neste "renascimento da fé reformada". Em 1950 teve início um pequeno grupo de estudos, que ficou conhecido como a Conferência Puritana e reunia-se nas dependências da Capela de Westminster. Em 1959, esse encontro anual havia crescido para uma conferência de dois dias e cerca de 400 participantes. Dr. J. I. Packer e Lloyd-Jones eram os organizadores. Mais tarde aquele encontro veio a ser denominado "A Conferência de Westminster".
Curiosamente, o primeiro livro de Lloyd-Jones em português foi A Base da Unidade Cristã[i] publicado em 1966/1967. Este pequeno volume, já esgotado, consiste da substância de duas palestras feitas à Fraternidade de Ministros em Westminster em junho de 1962. Este mesmo material foi publicado em 1994 pela PES como um capítulo do livro Discernindo os Tempos.[ii] E ano passado (2005) a PES publicou este capítulo novamente como um volume separado. Desejo recomendar a todos quantos puderem a leitura deste capítulo (para encomendar poucas unidades do livro Discernindo os Tempos ou o capítulo A Base da Unidade Cristã clique aqui; e para encomendar mais de 10 volumes clique aqui).
Por vezes, algumas pessoas no contexto evangélico estabelecem um conflito entre “doutrina x vida” ou “doutrina x unidade”. Tais pessoas (na maioria das vezes bem intencionadas) reagem a um extremo e acabam incidindo no outro. Entretanto, é melhor não separar aquilo que Deus ajuntou, sendo mais apropriado falar em “doutrina e vida” e “doutrina e unidade”. Assim como para se ter saúde é preciso tomar água limpa, também nas Escrituras a boa conduta sempre está associada a uma doutrina pura. Lloyd-Jones, no texto acima, chega a dizer:
Isto, é claro, é típico do método do Novo Testamento, de abordar assuntos de conduta e prática. Seu ensino essencial é de que a conduta é sempre conseqüência da verdade e do ensino. A prática e o comportamento são o resultado da aplicação da doutrina que já foi estabelecida (...).
Vós tendes a doutrina, diz Paulo, agora tende cuidado para que a vossa conduta convenha ou corresponda a ela. Que não distoe dela, mas se adapte a ela. Que a revele ainda mais em sua glória e perfeição (...).
É para isso que se destinam a conduta e a prática. Não devemos pensar nelas isoladas da doutrina... A finalidade da roupa é servir de adorno à pessoa. Assim também com a prática e a doutrina. Uma destina-se a adornar a outra.
Para os irmãos que não têm o livro à mão, transcrevo abaixo (com os devidos créditos ao editor)[iii] uma pequena porção do capítulo recomendado.
Pode-se Definir a DoutrinaExaminemos o assunto agora positivamente. Em toda parte o Novo Testamento insiste na doutrina verdadeira. Saliento isso porque, como vimos, a tendência geral hoje é desencorajar que se fale de doutrina e insistirem que trabalhemos juntos, oremos juntos e evangelizemos juntos, porque a "doutrina divide". A doutrina está sendo desacreditada no interesse de uma suposta unidade. O fato é, porém, que não existe unidade fora da verdade e da doutrina, e é a fuga disso que causa desunião e rompe a unidade.
A primeira coisa que o Novo Testamento acentua é que se pode definir doutrina. Não fora assim, Paulo jamais teria escrito a sua Epístola aos Romanos. Ele não pudera visitá-los, pelo que lhes escreve um sumário do seu ensino. É uma grande declaração doutrinária em que são expostas as doutrinas cardinais da justificação, da expiação, da união com Cristo, da segurança, da perseverança final dos santos, e assim por diante. Lembremo-nos de novo de 1 Coríntios 3:11: "Ninguém pode por outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo". O apóstolo já o pusera: Jesus Cristo, e Ele crucificado; não há outro. Isso é um absoluto. Qual seria o propósito de 1 Coríntios, capítulo 15? Não seria dizer apenas que crer ou não crer na ressurreição literal e física não é um ponto imaterial ou sem importância? Diz o apóstolo que é tão importante que, se não tivesse acontecido, a verdade seria esta: "logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé ... e ainda permaneceis nos vossos pecados" (versículo 14,17). Mas a tendência geral hoje é dizer que não importa se a pessoa crê na ressurreição literal e física, ou não. Diz o apóstolo que essa doutrina é um absoluto e que não há evangelho sem ela: "Ainda permaneceis nos vossos pecados"! Vê-se o mesmo argumento em 2 Timóteo, capítulo 2. Talvez em nenhuma outra parte seja exposto mais claramente do que no capítulo primeiro da Epístola aos Gálatas. Ele se maravilha de que tão depressa abandonassem o evangelho que ele lhes pregara: "Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho. O qual não é outro..." (Gálatas 1:6-7). Como ele pode dizer isso, se não se pode definir o evangelho?
Todavia isso está muito longe da atitude moderna e do modo como o tema da unidade está sendo apresentado hoje. É-nos dito que a fé cristã não pode ser declarada em proposições, que é algo místico que não se pode analisar nem se pode colocar numa série de definições expondo o que é certo e o que é errado. Dizendo isso, essas pessoas não só estão indo contra a prática da Igreja dos primeiros séculos, quando ela traçou os seus credos e confissões de fé; também estão negando o ensino do próprio Novo Testamento, que sustenta que tanto se pode definir a verdade, que é possível dizer que um homem se desviou dela. Pois, como se pode dizer que um homem se desviou de uma coisa se não se sabe que coisa é essa? A pressuposição geral é que ela pode ser definida e descrita com exatidão. Não há nada tão interessante como contrastar os concílios ecumênicos dos primeiros séculos da era cristã com o Concilio Mundial de Igrejas atual. A grande preocupação daqueles concílios, era a doutrina: a definição da doutrina e a denúncia do erro e da heresia. A principal característica do movimento moderno é o indiferentismo doutrinário e a exaltação do espírito inclusivista e da cooperação prática.
Mas o apóstolo vai mais longe. Diz ele aos filipenses: "Sede também meus imitadores, irmãos" (Filipenses 3:17). Ele não hesita em fazer tal colocação. Ele os conclama a imitá-lo e a seguir o seu ensino e o seu exemplo. Segue-se isto ao que ele já dissera: "Mas, naquilo a que já chegamos, andemos segundo a mesma regra, e sintamos o mesmo" (versículo 16). Deviam pensar a mesma coisa, e deviam pregar e ensinar a mesma coisa. Em 2Timóteo 2:8 ele fala sobre "meu evangelho". Ele o contrasta com "outros evangelhos". Ele não está dizendo o que eu lembro que li uma vez num sermão sobre este texto: "O importante é que você tenha uma experiência, que você possa dizer "meu evangelho". Naturalmente não pode ser o evangelho doutro homem, porém a coisa é, você pode dizer "meu evangelho?" Segundo essa interpretação, o importante é você ter uma experiência, é ser capaz de dizer que algo lhe aconteceu. A causa precisa da experiência foi considerada como sendo sem importância. No entanto, certamente o apóstolo está ensinando exatamente o oposto disso. Ele está dizendo que o seu evangelho é o único evangelho verdadeiro, não porque era seu, ou pelo que ele tinha feito em seu favor, porém pelo que Deus tinha feito em Cristo. O contexto no qual ele faz a sua declaração é o do falso ensino. Diz ele: "Lembra-te de que Jesus Cristo, que é da descendência de Davi, ressuscitou dos mortos, segundo o meu evangelho". Havia outros mestres que diziam que "a ressurreição era já feita", e estavam arruinando "a fé de alguns" (versículo 1 8). Não lhes dêem ouvidos, diz ele. O evangelho que ele, Paulo, pregava era o único evangelho verdadeiro, e todo e qualquer ensino que o contradissesse era uma mentira.
Noutras palavras, ele não somente o define e diz que pode ser definido, mas também diz: é este, e todos os outros são errados. A mesma verdade emerge em Hebreus 4:14-16: "Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão" - a fé que temos concernente a Ele, "Jesus, Filho de Deus". O remédio para a infelicidade daqueles cristãos hebreus não era cultivar um vago e geral espírito de comunhão, era, sim, reter firmemente as doutrinas cardinais. Quais são elas? A doutrina da Pessoa de Cristo. A encarnação. Cristo como o nosso sumo sacerdote que ofereceu o Seu próprio sangue como expiação pelos pecados, como o escritor passa a explicar nos capítulos 7 a 10. Esse é o único meio pelo qual podemos entrar no "repouso" que Deus providenciou para o Seu povo. Temos que conhecer a doutrina e retê-la, e rejeitar todo falso ensino. É também o único meio pelo qual podemos chegar "com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno".
Em toda parte, no Novo Testamento, como vimos, há uma insistência na verdadeira doutrina em contrastante distinção da falsa doutrina. Isso só é possível porque a doutrina pode ser definida e estabelecida em termos e em proposições. Temos um padrão objetivo pelo qual podemos testar a nós mesmos e a outros.
O Falso Ensino CondenadoIsso fica mais claro ainda quando notamos a maneira pela qual o falso ensino é denunciado no Novo Testamento, e a linguagem empregada com relação aos falsos mestres. Observem, em particular, o modo como o nosso Senhor o faz. Pois todo o clima da opinião atual é completamente avesso a isso. Acho divertido notar, nas resenhas de livros, que um ponto quase sempre salientado é se o escritor foi inteiramente positivo ou não. Nunca devemos ser negativos; nunca devemos criticar outros conceitos. Isso é considerado como sub-cristão. O que importa é o espírito. Portanto, jamais devemos criticar, e muito menos denunciar qualquer coisa. Os conceitos totalmente divergentes devem ser considerados como percepções" valiosas que apontam na direção da verdade.
O fato é que, naturalmente, em nosso errôneo entendimento do Novo Testamento e do seu ensino, estamos exaltando uma espécie de gentileza e polidez, que não há como encontrar ali, nem mesmo no Senhor Jesus Cristo. Vejam, por exemplo, o que Ele diz em Mateus 7:15-27. Diz Ele que há falsos mestres que Ele só pode comparar com "lobos vestidos de ovelhas". Não se pode imaginar castigo mais severo. Ele Se refere a homens que negam a verdade, mas dão a impressão de que a pregam. Ele nos põe de sobreaviso contra eles. São "falsos profetas", "falsos mestres", pessoas que alegam que Lhe pertencem e que dizem: Senhor, Senhor, não temos feito isto, isso e aquilo em Teu nome? Ele responde que eles são mentirosos e que no grande dia do juízo Ele lhes dirá: "Nunca vos conheci"! Jamais Lhe pertenceram. Não se pode imaginar ensino mais forte que esse.
Ou vejam o que Ele ensina em Mateus 24:24-26. Ali Ele emite uma advertência muito importante para os Seus seguidores e para todos os cristãos através dos séculos: "Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vo-lo tenho predito. Portanto, se vos disserem: eis que ele está no deserto, não saiais: eis que ele está no interior da casa, não acrediteis". Aqui Ele nos adverte dos mestres falsos e enganosos. Mais uma vez, a linguagem é muito forte.
Já vimos a mesma coisa em Efésios, capítulo 4. Aí está este grande apóstolo, cheio do espírito de amor e, lembremo-nos, "falando a verdade em amor" (VA); mas, como vimos, a linguagem que ele emprega é, "que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia nos enganam fraudulosamente...” Isso é falar "a verdade em amor". Inclui denunciar esses falsos mestres na Igreja e mostrar claramente que espécie de gente eles são e que espécie de coisas eles fazem. Ele os descreve como animais predatórios que ficam à espera para "enganar". Falar a verdade em amor inclui uma clara exposição do erro e de tudo o que possa ser nocivo aos "bebês em Cristo".
O apóstolo utiliza linguagem ainda mais forte em seu discurso de despedida dos presbíteros da igreja de Éfeso: "Olhai pois por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não perdoarão ao rebanho; e que dentre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós" (Atos 20:28-31). Essa é a linguagem! "Lobos"! "Lobos cruéis"! Em 2 Coríntios 11:13-15 ele os chama de "falsos apóstolos" parecidos com o diabo, que "se transfigura em anjo de luz". Em Gálatas 1:8 ele diz: "Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho... seja anátema", isto é, seja amaldiçoado.
Tudo isso vem sob o título, "falando a verdade em amor". Por que essa linguagem é abominada hoje, e é considerada como sub-cristã? Porque desapareceu a idéia da verdade como algo que se pode definir, e a estamos substituindo por uma flébil e sentimental idéia de unidade e comunhão. Em Filipenses 3:18-19 o apóstolo escreve: "Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. Cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas". Essas pessoas estavam na Igreja e se apresentavam como mestres da verdade do evangelho, mas o apóstolo não hesita em denunciá-las como "inimigos da cruz de Cristo". Por quê? Porque estavam negando esta doutrina essencial nalgum ponto.
Devemos falar a verdade em amor acerca dessas pessoas para que os "meninos" na fé sejam protegidos da sua nefanda influência. Os termos empregados com relação a tais pessoas são extraordinários em sua força e em sua variedade. Ele fala de "filosofias e vãs sutilezas"; "tradição dos homens" (Colossenses 2:8); "clamores vãos e profanos" (1 Timóteo 6:20); palavras que "roem como gangrena (câncer)" (2Timóteo 2:17). O apóstolo Pedro fala em termos igualmente fortes de "fontes sem água" (2 Pedro 2:17). São os que parecem ter algo, porém na realidade não têm nada. O que há em seu evangelho? Qual é o seu conteúdo? Insistem em tagarelar sobre o amor; entretanto, de que amor falam? Onde está a sua salvação? Qual o sentido dos termos que empregam?
Observem também a linguagem usada por Judas. Examinem a linguagem usada nas cartas às igrejas, em Apocalipse, capítulos 2 e 3. O Novo Testamento fala de pessoas levadas a extraviar-se pela “operação do erro" e de pessoas que acreditam na "mentira" (2 Tessalonicenses 2:1 1). Nele os falsos profetas são classificados como "cães", como pessoas que ensinam e proferem "heresias de perdição", cujos caminhos são perniciosos, pessoas "mentirosas". Ele se refere ao falso ensino como gangrena, como câncer que corrói os órgãos vitais. Esse é o ensino do Novo Testamento. Tudo isso, no entanto, é abominado hoje em dia, e é considerado como sendo uma completa negação do espírito de amor e de comunhão, de fato uma negação do espírito de Cristo.
Noutras palavras, este ensino moderno sobre a unidade afastou-se tanto do Novo Testamento que qualquer elemento polêmico presente na pregação e no ensino da verdade lhe causa aversão. Como digo, é-nos dito que jamais devemos ser negativos, que sempre devemos ser positivos. O homem admirado é o que diz: não sou polemista, sou simplesmente um pregador do evangelho! Alguns evangelistas e outros crentes conservadores são elogiados por aqueles que são muito liberais em sua teologia porque não “atacam" o liberalismo e o modernismo. É isso que é objeto de admiração. E o elemento polêmico é tido como uma negação do espírito cristão. Nunca devemos criticar; sempre devemos ser bondosos e afáveis. Concordo que sempre devemos ser bondosos e afáveis, que sempre devemos "falar a verdade em amor”. Contudo, sempre devemos "falar a verdade em amor". Devemos, como o faz o Novo Testamento, "batalhar pela fé". Devemos expor o erro e denunciá-lo, em vez de só querer agradar os homens. O Novo Testamento está repleto desse ensino, como já provei.
Foi isso que se fez no tempo da Reforma. É isso que se faz sempre nos tempos de avivamento e renovação, porque em tais ocasiões há um retorno ao Novo Testamento. O erro é desmascarado, exposto e denunciado. Isso foi feito, igualmente, no tempo dos puritanos. Nestes dias em que a "gentileza", a "atitude amiga" e a "comunhão" são elevadas à posição suprema às custas da verdade, lembremos que a exortação dirigida aos mestres e aos crentes neotestamentários não foi que eles deviam estar prontos a concordar com qualquer coisa por amor da unidade e da comunhão. A exortação dirigida a eles em 1 Coríntios 16:13-14 é: "Vigiai, estai firmes na fé: portai-vos varonilmente, e fortalecei-vos. Todas as vossas coisas sejam feitas com caridade (ou amor)". Devemos ser varonis, devemos ser fortes, devemos permanecer firmes na fé que temos. Devemos saber que temos um alicerce debaixo dos nossos pés, e devemos saber o que ele é. Não devemos cavalgar nuvens; não devemos ficar no ar; devemos "estar firmes" num fundamento sólido, reconhecível, definível. Somos exortados a "batalhar energicamente pela fé" (VA) (Judas 3).
Em 2 João se nos diz que não devemos receber em casa, nem “saudar" a um falso mestre, e que fazê-lo é "ter parte nas suas más obras" (versículos 10-11). Em 2 Tessalonicenses 2:15 o apóstolo utiliza estas palavras: "Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa". Tradições ensinadas verbalmente e por escrito! Algo definível, algo concreto, algo claro, algo que é inconfundível. Isso foi escrito a pessoas como os tessalonicenses, a cristãos novos na fé. E por essa fé temos que batalhar energicamente, com toda a nossa força, com todo o nosso poder.
Em Tito 3:10-11 o apóstolo resume tudo de novo numa declaração por demais importante: "Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o. Sabendo que esse tal está pervertido, e peca, estando já em si mesmo condenado". Não devemos ser "gentis" e “amistosos" com ele. Se ele persistir em ser um herege depois da primeira e da segunda admoestação, devemos rejeitá-lo. Ele é um perigo para a Igreja, e nós temos que excluí-lo. Esse é o claro e explícito ensino do Novo Testamento, em toda parte. Naturalmente, tudo isso é inteiramente inevitável, em vista da natureza da verdade concernente à salvação, e da natureza da unidade que impera na Igreja. Contudo, isso está muito longe do atual ensino popular que, não somente tolera a doutrina de homens que negam o claro ensino do Novo Testamento concernente à pessoa e obra do nosso Senhor, mas até os exalta e os elogia como cristãos notáveis, dignos da emulação dos crentes novos.
___________[i] LLOYD-JONES, D. Martyn. A Base da Unidade Cristã; comentário sobre João 17 e Efésios 4. São Paulo: Casa da Bíblia, 1967, 77 pp.[ii] Idem, Discernindo os Tempos; palestras proferidas entre 1942 e 1977. São Paulo: PES, 1994, 408 pp. Cf. a edição nova de A Base da Unidade Cristã. São Paulo: PES, 2005, 88 páginas.[iii] Publicado aqui com a devida autorização da Editora PES – Publicações Evangélicas Selecionadas, cujos revendedores no Brasil são FACIOLI GRÁFICA e EDITORA Ltda (E-mail: livraria@puritanos.com.br) e SOCEP (E-mail: vendas@socep.com.br).
Leia também as seguintes postagens anteriores:
035 - 31/01/2006 - "Fundamentalista": Ser ou Não Ser? Eis uma boa questão! 021 - 28/12/2005 - Os Cinco Solas e o Âmago da Identidade Evangélica020 - 26/12/2005 - O Renascimento da Fé Reformada no Século XX
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