sábado, 9 de agosto de 2008

Arminianos, ouçam Armínio!

A posição evangélica dominante nos dias de hoje identifica-se com o teólogo holandês Jacó Armínio, pelo que nos debates teológicos é designada como arminianismo. O que muitos não sabem é que Armínio era bem mais "calvinista" que os arminianos atuais imaginam ou gostariam de saber. Se eles soubessem o que ele escreveu a respeito de alguns assuntos importantes no debate sobre a salvação, poderiam não se tornar calvinistas, mas pelo menos seriam arminianos melhores.

Descobririam, por exemplo:

a) Que ele recomendava a leitura da obra de Calvino

"Depois da leitura das Escrituras..., e mais do que qualquer outra coisa,... eu recomendo a leitura dos Comentários de Calvino ... Pois afirmo que na interpretação das Escrituras Calvino é incomparável, e que seus Comentários são mais valiosos do que qualquer coisa que nos tenha sido legada nos escritos dos pais — tanto assim que atribuo a ele um certo espírito de profecia no qual ele se encontra em uma posição distinta acima de outros, acima da maioria, na verdade, acima de todos." (Carta escrita a Sebastian Egbertsz, publicada em P. van Limborch e C. Hartsoeker, Praestantium ac Eruditorum Virorum Epistolae Ecclesiasticae et Theologicae (Amsterdam, 1704), nº 101).

b) Que ele cria na doutrina da providência

"Nesta definição de Providência Divina, eu de forma alguma a privo de qualquer partícula daquelas propriedades que concordam ou pertencem a ela; mas eu declaro que ela preserva, regula, governa e dirige todas as coisas e que nada no mundo acontece acidentalmente ou por acaso. Além disto, eu coloco em sujeição à Providência Divina tanto o livre-arbítrio quanto até mesmo as ações de uma criatura racional, de modo que nada pode ser feito sem a vontade de Deus, nem mesmo as que são feitas em oposição a ela , somente devemos observar uma distinção entre as boas e as más ações, ao dizer, que "Deus tanto deseja e executa boas ações," quanto que "Ele apenas livremente permite as que são más." Além disto ainda, eu muito prontamente admito, que até mesmo todas as ações, sejam quais forem, relativas ao mal, que possam possivelmente ser imaginadas ou criadas, podem ser atribuídas ao Emprego da Divina Providência, tendo apenas um cuidado, "não concluir deste reconhecimento que Deus seja a causa do pecado." (Works, vol 1: The providence of God)

c) Que ele cria nos decretos divinos

"Os decretos de Deus são os atos extrínsecos de Deus, ainda que sejam internos, e, por essa razão, feitos pelo livre-arbítrio de Deus, sem qualquer necessidade absoluta . Todavia um decreto parece exigir a suposição de outro, a bem de uma certa conveniência de igualdade; como o decreto relativo à criação de uma criatura racional, e o decreto relativo à salvação ou condenação [dessa criatura] sob a condição de obediência ou desobediência. A ação da criatura também, quando considerada por Deus desde a eternidade, pode algumas vezes ser a ocasião, e algumas vezes a causa motriz externa de criar algum decreto; e isto de tal forma que sem tal ação [da criatura] o decreto não seria nem poderia ser feito. (...) Embora todos os decretos de Deus foram feitos desde a eternidade, todavia uma certa ordem de prioridade e posterioridade deve ser formulada, de acordo com sua natureza, e a relação mútua entre elas." (Works, vol 2: On decree of God)

d) Que ele cria na predestinação

"O primeiro na ordem dos decretos divinos não é o da predestinação, pela qual Deus preordenou para fins sobrenaturais, e pela qual ele resolveu salvar e condenar, declarar sua misericórdia e sua justiça punitiva, e ilustrar a glória de sua graça salvadora , e de sua sabedoria e poder que concordam com aquela mais livre graça.(...) Os eleitos não são chamados "vasos de misericórdia" na relação de meios para o fim, mas porque a misericórdia é a única causa motriz, pela qual é feito o próprio decreto da predestinação para salvação." (Works, vol 2: On predestination to salvation)

e) Que ele cria na imperdibilidade da salvação

"Embora eu aqui, aberta e sinceramente, afirmo que eu nunca ensinei que um verdadeiro crente pode, total ou finalmente, abandonar a fé, e perecer; todavia não nego que haja passagens da Escritura que me parecem apresentar este aspecto; e as respostas a elas que tive a oportunidade de ver não se mostraram, em minha opinião, convincentes em todos os pontos. Por outro lado, certas passagens são fornecidas para a doutrina contrária [da perseverança incondicional] que merecem especial consideração." (Works, vol 1: The perseverance of the saints).

De minha parte, ficaria muito feliz se os atuais arminianos firmassem posição com Jacó Armínio. Pois já estaríamos no lucro.

Copiado de: http://cincosolas.blogspot.com/2008/08/arminianos-ouam-armnio.html
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quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Algumas coisas que os não-calvinistas
deveriam saber sobre o Calvisnimo

por

Colin Maxwell


Esta é uma tentativa de corrigir alguns dos mal-entendidos sobre o Calvinismo. Isto não pretende ser uma defesa doutrinária detalhada das Doutrinas da Graça.

1) Calvinismo e Hiper-calvinismo são pólos opostos. Os termos não devem ser usados como sinônimos. Um hiper-calvinista não é apenas um calvinista zeloso. Ambos consideram o outro como calvinistas “mistos”. Ninguém chama a si mesmo de hiper-calvinista.

2) Sim, os calvinistas se dividem em várias facções. Mas existem muitas escolas doutrinárias, e.g. Dispensacionalismo, Governo da Igreja, Adoração... nós cantamos somente Salmos ou usamos hinos? Quais hinos? Nós usamos música? Qual música? Com que conjunto de textos nós baseamos nossa tradução da Bíblia? É o Textus Receptus que é importante ou a (KJV) AV ? Ou ambos? Etc.

3) O termo livre-arbítrio precisa ser definido para evitar confusão. Calvinistas poderão afirmá-lo ou negá-lo, dependendo do que eles acham que você quis dizer... Isto algumas vezes leva a acusações de contradição. Consulte as Confissões Calvinistas padrão, e.g. a Confissão de Fé de Westminster, capítulo 9, para uma definição de termos.

4) O termo livre agência não é automaticamente o mesmo que livre-arbítrio quando usado por um calvinista. Ele é o termo calvinista preferido para livre-arbítrio. Preferido de forma a evitar a confusão tratada no ponto acima.

5) Calvinistas acreditam na responsabilidade do homem, mas negam sua capacidade de arrepender-se e crer no Evangelho. Os dois termos não são sinônimos. Calvinistas crêem que a incapacidade do homem de arrepender-se e crer é causada por seu próprio pecado, e a sua incapacidade não anula a sua responsabilidade.

6) Calvinistas não acreditam que os homens são fantoches, bonecos de madeira ou robôs, mas seres responsáveis e tratados assim por Deus, mesmo quando decaídos.

7) Calvinistas não são fatalistas. Calvinistas acreditam que Deus ordenou o fim e também os meios para este fim. Portanto, eles crêem no evangelismo como o meio que Deus usa para cumprir sua intenção de salvar os eleitos. Não é verdadeiro dizer que os calvinistas acreditam que Deus salva homens sem o Evangelho. Calvinistas acreditam em oração.

8) Calvinistas acreditam que é obrigação dos homens arrependerem-se e crerem no Evangelho. Esta é um de nossas disputas com alguns hiper-calvinistas.

9) Calvinistas acreditam que o Evangelho deve (para citar Calvino) ser pregado indiscriminadamente aos eleitos e réprobos (Comentário de Isaías 54:13), visto que não sabemos quem são eles, mas somente Deus.

10) Calvinistas não limitam o valor ou mérito ou dignidade do sangue de Cristo. Eles limitam a intenção do sangue para salvar qualquer um além dos eleitos. Nós estamos satisfeitos o bastante (como estava João Calvino) com a afirmação de que o sangue de Cristo é suficiente para o mundo inteiro, mas eficiente somente para os eleitos.

11) Calvinistas não pregam apenas os Cinco Ponttos e nada mais. Pelo menos não mais que Dispensacionalistas que pregam apenas sobre profecias ou Pentecostais que só pregam sobre os dons do Espírito, etc.

12) Calvinistas não lêem os Cinco Pontos em todos os textos da Escritura. Muitos dos maiores comentários bíblicos, amados e valorizados por todos os cristãos (e.g, Mattew Henry) foram escritos por calvinistas.

13) Calvinistas acreditam que os homens podem resistir ao Espírito Santo. Eles acreditam que mesmo os eleitos podem resistir ao Espírito Santo, e o fazem... mas somente até o momento em que o Espírito regenera seus corações de forma que não resistam mais a Ele. Os não-eleitos efetivamente resistem a ele por toda a vida.

14) Calvinistas não acreditam que todos os homens são levados se debatendo e gritando irresistivelmente a Cristo. Nós acreditamos na graça irresistível. A vontade não é ignorada na salvação. Nenhum homem vem a Cristo involuntariamente, ou se lamenta por ter sido trazido.

15) Calvinistas não acreditam que existam almas lá fora que querem ser salvas, mas não podem ser salvas porque não são eleitas.

16) Calvinistas, sem ter acesso ao Livro da Vida do Cordeiro, vêem todo homem como potencialmente eleito e pregam o evangelho a ele.

17) Calvinistas acreditam na eleição incondicional mas eles não acreditam na salvação incondicional. A não ser que o homem nasça de novo, ele não entrará no Reino dos céus (João 3:3). A não ser que ele se arrependa, ele perecerá (Lucas 13:3). A não ser que seja convertido, etc... todas estas são condições da salvação.

18) Calvinistas acreditam que a regeneração precede a fé em Cristo. Nós não confundimos o termo regeneração com justificação ou salvação. O Espírito de Deus regenera o pecador eleito capacitando-o a abandonar seu pecado e voluntariamente abraçar a Cristo e então ser justificado pela fé e salvo pela eternidade. Regeneração, portanto, não é sinônimo de justificação ou salvação assim como convicação de pecado não é sinônimo de conversão a Cristo.

19) Perseverança dos santos não significa que os calvinistas crêem que eles podem levar sua querida vida sem qualquer referência a observar o poder de Deus. Isto simplesmente significa que nós cremos que os cristãos provarão ser vencedores, de acordo com 1 João 5:4-5, etc...

20) Alguns calvinistas usam a frase redenção particular em oposição à expiação limitada porque eles podem ver como a posição da redenção geral também limita a expiação, embora de uma forma diferente, isto é, ela não realiza a tudo que se pretende.

21) Calvinistas não acreditam que João Calvino era infalível... não mais que Metodistas acreditam que João Wesley foi infalível ou Dispensacionalistas dão a Schofield ou John Darby a palavra final.

22) Embora os calvinistas creiam que a graça salvadora e o arrependimento são dons de Deus, dados somente a seus eleitos, eles não crêem que Deus exercita a fé por eles ou arrepende-se por eles. O pecador eleito, capacitado pelo poder de Deus, realmente se arrepende e crê por si mesmo.

23) Embora possa não haver um meio-termo real entre a posição calvinista e aquela dos não-calvinistas, ainda assim muitos calvinistas acreditam que os dois lados realmente pregam o Evangelho. Apesar de nossas diferenças em muitos dos detalhes, um homem que prega que Cristo morreu pelos ímpios e que a obra foi suficiente para salvar aquele que se arrepende e crê está realmente pregando o Evangelho. Nós nos regozijamos na pregação do Evangelho de John Wesley tanto quanto na de George Whitefield, apesar de (naturalmente) considerarmos Whitefield um teólogo melhor.

24) Não há nenhuma contradição ou paradoxo entre a soberania de Deus e a responsabilidade do homem. Em nenhum lugar a Escritura diz que o homem é responsável porque ele é livre, ou seja, a afirmação de que a responsabilidade pressupõe a liberdade é uma falácia. Pelo contrário, a Escritura ensina que o homem é responsável porque Deus, que é soberano, o considerada assim. Além do mais, Paulo, em Romanos 1, afirma que é o conhecimento inato do homem que o torna responsável pelos seus atos, e não a sua suposta liberdade. Isso está de acordo com o que Jesus diz em João 9:41: “Respondeu-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado algum; mas, porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado”.

25) Embora os calvinistas creiam que até mesmo atos pecaminosos são ordenados por Deus (Efésios 1:11/Provérbios 16:4), isso não faz de Deus o autor do pecado. Concordamos com o Dr. Clark, que ao escrever seu livro sobre o problema do mal, disse: “Deus não é o autor deste livro, como os arminianos seriam os primeiros a admitir; mas ele é a causa última dele, como a Bíblia ensina. Todavia, eu sou o autor. Autoridade, portanto, é um tipo de causa, mas há outros tipos. O autor de um livro é a sua causa imediata; Deus é a sua causa última... Deus não comete mais pecado do que ele está escrevendo essas palavras”.



Então, aqui está. Eu não espero que esta lista realmente convença alguém da verdade da posição calvinista. Isto não intenta ser uma defesa doutrinária do Calvinismo. Eu dei poucas referências porque queria manter curto e de fácil acesso. As confissões calvinistas padrão (isto é, a Confissão de Fé de Westminster, etc.) devem ser consultadas para afirmações definitivas. O Dictionary of Theological Terms (Rev. Alan Cairus) é uma ferramenta inestimável. Espero que esclareça mais que alguns poucos mal-entendidos. É desanimador ao extremo ver uma caricatura de sua fé ridicularizada. Talvez alguém do outro lado da batalha (não-calvinistas) possa esforçar-se e esclarecer alguns mal-entendidos que os calvinistas porventura tenham.


Traduzido, modificado e expandido por: Josaías Cardoso

Agradecemos ao tradutor, que gentilmente se dispôs a traduzir esse artigo para o site Monergismo.com.

Este artigo é parte integrante do portal http://www.monergismo.com/. Exerça seu Cristianismo: se vai usar nosso material, cite o autor, o tradutor (quando for o caso), a editora (quando for o caso) e o nosso endereço. Contudo, ao invés de copiar o artigo, preferimos que seja feito apenas um link para o mesmo, exceto quando em circulações via e-mail.


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A Vocação dos Eleitos - Agostinho


Procuremos entender a vocação própria dos eleitos, os quais não são eleitos porque creram, mas são eleitos para que cheguem a crer. O próprio Senhor revela a existência desta classe de vocação ao dizer: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi (Jo 15: 16). Pois, se fossem eleitos porque creram, tê-lo-iam escolhido antes ao crer nele e assim merecerem ser eleitos. Evita, porém, esta interpretação aquele que diz: Não fostes vós que me escolhestes.
*
Não há dúvida que eles também o escolheram, quando nele acreditaram. Daí o ter ele dito: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi, não porque não o escolheram para ser escolhidos, mas para que o escolhessem, ele os escolheu. Isso porque a misericórdia se lhes antecipou (Sl 53:11) segundo a graça, não segundo uma dívida. Portanto, retirou-os do mundo quando ele vivia no mundo, mas já eram eleitos em si mesmos antes da criação do mundo.
*
Esta é a imutável verdade da predestinação da graça. Pois, o que quis dizer o Apóstolo: Nele ele nos escolheu antes da fundação do mundo?(Ef 1:4). Com efeito, se de fato está escrito que Deus soube de antemão os que haveriam de crer... (Para continuar clique aqui).
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O Calvinismo como uma Força Cultural.


Este é o primeiro de uma série de artigos sobre a importância e a influência de Calvino e do Calvinismo na história do mundo ocidental. E não estamos falando apenas da importância na Teologia e na vida cristã, mas em todos os ramos da cultura, economia e do pensamento moderno.
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Calvino foi um patrono dos modernos direitos humanos. Em seu pensamento, ele antecipou a moderna forma republicana de governo. Contribuiu para a moderna compreensão da relação entre lei natural e lei positiva. Ao lado dos movimentos sociais e políticos de seu tempo, compreendeu plenamente que a origem do estado nacional moderno, o surgimento do comércio burguês internacional, o desenvolvimento da classe burguesa e a vasta expansão do mercado monetário exigiam uma nova avaliação da proibição de empréstimo de dinheiro a juro. Além disso, Calvino levantou-se contra os abusos do poder, em seu tempo, e debateu o problema do direito à revolta.

O impacto de Calvino e do Calvinismo sobre a moderna cultura ocidental está bem documentado. Reconhece-se que esta influência foi grande. Calvino e o Calvinismo ocuparam seu lugar entre as maiores forças que moldaram nossa moderna sociedade ocidental.

É importante descrever estas influências do ponto de vista histórico. Qual foi a influência do Calvinismo? Até onde, precisamente, se estendeu essa influência? Contudo, para avaliar o Calvinismo como uma força cultural, propriamente, é preciso descer a um nível mais profundo de questionamento. Que é que, no Calvinismo, determina a forma peculiar pela qual ele se relaciona com a cultura? Qual é o caráter distintivo que ele imprime à cultura? Nestes aspectos, em que difere ele de outros movimentos protestantes? Sem levantar questões como estas, dificilmente alguém tem condições de inquirir significativamente em que extensão ocorre sua influência. (para continuar lendo clique aqui)
*
Não deixe de ler os próximos artigos desta série a serem postados em breve:
- A Propagação do Calvinismo no Século XVI e
- Suíça: Triunfo e Declínio

A Propagação do Calvinismo no Século XVI


Este é o 2º Artigo desta série. O primeiros é:




A comunicação é sempre uma questão de grande importância em qualquer civilização ou cultura, mas tem se tornado mais importante do que o comum em nossa própria sociedade. A imprensa, o rádio e a televisão desempenham grande papel em nossas decisões e, de uma forma geral, em nossa maneira de pensar. Com as facilidades de comunicação que temos hoje, e que o homem jamais teve em tempos passados, temos a tendência de achar que o tempo em que vivemos é o único período em que a comunicação, a propaganda – ou como quer que a chamemos – é valorizada de fato. Contudo, quando nos voltamos para o século dezesseis, não temos como evitar a surpresa ante a maneira como informações e idéias de todos os tipos circulavam pela Europa. Um dos exemplos mais marcantes desta difusão de idéias torna-se visível na forma como o Calvinismo se espalhou a partir da pequena cidade Suíça, Genebra, por grande parte da Europa, indo dos braços mais baixos do Danúbio até as regiões nórdicas da Escócia.


O Luteranismo também se espalhou bastante rapidamente nos primeiros tempos da Reforma, mas logo começou a recuar como maré vazante, com exceção feita apenas às regiões mais teutônicas como a Alemanha e Escandinávia. As idéias de Calvino, por outro lado, penetravam e, freqüentemente, suplantavam as de Lutero em regiões tão diversas quanto as da França, Escócia, Holanda e Hungria. Apesar das dificuldades da geografia física, dos obstáculos causados por oposição política e pela perseguição instigada por autoridades católicas, o Calvinismo conseguiu expandir sua influência e ampliar suas fronteiras a ponto de vir a ser considerado o inimigo numero um da Igreja Católica Romana e dos governos absolutistas. Embora haja inúmeras razões que demonstram este fato, um fator muito importante é constituído pela forma e pelos meios utilizados na propagação do Calvinismo por toda a Europa do século dezesseis.


Ao tentarmos compreender esta questão da comunicação, devemos reconhecer que a transmissão de idéias depende muito da sociedade em que estas idéias são expressas. Temos tido muito bons exemplos deste fato nos jargões criados por estudantes universitários e pela geração hippie dos anos sessenta. Além disto, a questão de tecnologia da comunicação e da transmissão de idéias na sociedade hoje é de importância crucial. Haja vista que hoje o computador está assumindo uma função completamente revolucionária neste mesmo campo. No entanto, dada à técnica desta maneira de comunicar, ela é compreendida por muitos poucos, ou seja, apenas por aqueles que foram tecnicamente treinados para usá-la. Desta forma, para compreender o sucesso da transmissão das idéias de Calvino, e para explicar parcialmente o sucesso obtido em divulgá-las, é necessário que olhemos primeiro os antecedentes sociais da Reforma e o desenvolvimento dos meios de comunicação. (Para continuar clique AQUI)




Este artigo está no tópico - Artigos em Série




Não deixe de ler SUÍÇA: TRIUNFO E DECLÍNIO, o próximo artigo desta série a ser postado.
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Biografia - Calvino.


"De acordo com a vontade que manifestara no testamento, envolveram-lhe o corpo num grosseiro pano cru e depositaram-no num caixão de pinho semelhante àqueles com que se enterravam os pobres.
Sem discurso e sem cantos, foi conduzido por uma imensa multidão ao cemitério de Plainpalais. Não se erigiu nenhum monumento sobre o túmulo, nem mesmo uma cruz ou a menor pedra. Assim desejara ele regressar ao pó, no anonimato e no silêncio. E ninguém pode hoje indicar com certeza o lugar onde jaz João Calvino.Poucos homens, no entanto, deixaram sobre a terra um rastro tão profundo. Quem poderá negar a sua grandeza? Semeou grandes idéias, realizou grandes coisas e determinou grandes acontecimentos. A história não teria sido tal como foi se ele não tivesse vivido, pensado e agido com a sua vontade implacável... Não resta qualquer dúvida, porém, de que a sua influência foi determinante, até no desenvolvimento do capitalismo, da democracia e do socialismo... Calvino pertence incontestavelmente ao pequeníssimo grupo de mestres que, no decorrer dos séculos, moldaram com as suas mãos o destino do mundo." (Daniel-Rops (autor católico) - História da Igreja - Vol. IV = "A História da Renascença e da Reforma" - Academia Francesa)
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terça-feira, 5 de agosto de 2008

As Dez Marcas do Homem Carnal

por

Rev. Richard Baxter



Os sinais de um homem carnal são estes:

1. Quando um homem em seu desejo de agradar seu apetite, não faz isto visando um objetivo mais elevado, ou seja, a sua preparação para o serviço de Deus, mas somente para seu próprio prazer (claro que ninguém faz tudo conscientemente visando o serviço de Deus. Entretanto, uma vida gasta no serviço de Deus é ausente do prazer carnal, de maneira geral).

2. Quando ele procura mais ansiosa e diligentemente a prosperidade do seu corpo do que de sua alma.

3.Quando ele não se abstêm de seus prazeres, mesmo quando Deus os proíbe ou quando ferem sua alma, ou quando as necessidades de sua alma clamam que os deixe. Mas ele tem que ter seu prazer, não importa o que lhe custe; e é tão persistente nisto, que não o pode negar.

4. Quando os prazeres da carne excedem os deleites em Deus, Sua Santa Palavra e caminhos, e as expectativas de prazer infinito. E isto não só na paixão, mas na estima, escolha e ação. Quando ele prefere estar em um jogo, ou festa, ou outro entretenimento, ou adquirindo boas pechinchas ou lucros do mundo, do que viver na vida de fé e amor, que seria um modo santo e divino de viver.

5. Quando os homens fixam suas mentes em planejar e estudar para fazer provisão para os prazeres da carne e isto ocupa o primeiro lugar em seus pensamentos e lhe é prazeroso.

6. Quando eles conversam, ou ouvem, ou lêem mais coisas agradáveis à carne do que àquelas que deleitam o espírito.

7. Quando eles amam a companhia de pessoas carnais, mais do que a comunhão dos santos, nos quais eles poderiam ser exercitados no louvor ao Seu Criador.

8. Quando eles consideram que o melhor lugar para viver e trabalhar é onde eles podem satisfazer sua carne. Eles preferem estar onde têm coisas fáceis e onde nada falta para o corpo, do que em lugares onde têm muito melhor ajuda e provisão para a alma, apesar da carne ser atormentada por isso.

9. Quando ele está mais disposto a gastar dinheiro para agradar sua carne, do que para agradar a Deus.

10. Quando ele não acredita ou gosta de nenhuma doutrina exceto a "crença-fácil" (isto é, a fé que não requer obediência aos ensinos bíblicos) e odeia a mortificação, que classifica como "legalismo" muito rígido. Por estes sinais e outros semelhantes, podemos facilmente conhecer o homem carnal.


Tradução: Tânia Gueiros

Revisão: Rev. Joás Gueiros


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As 10 Resoluções para uma Vida Inteira Bem Sucedida

por

Robinson Monteiro



“No próximo ano, eu vou...”. Invariavelmente estas são as primeiras palavras daquilo que costumeiramente chamamos de “resoluções do primeiro dia do próximo ano”. Fazer dieta, fazer mais exercícios, procurar um emprego melhor, plantar aquela árvore no jardim, arrumar o closet... enfim, varia-se o objeto da resolução, mas a direção continua a mesma: mudança.

Neste início de ano, eu gostaria de sugeri-lhe 10 resoluções que podem fazer este ano – e toda a sua vida – algo coroado de sucesso e êxito. Por que dez? Bem, poderia ser dois ou doze, mas o que menos importa é a quantidade, mas a qualidade da resolução. Vamos a elas:

  1. Priorize Deus na sua escada de valores. Nós fomos criados à Sua imagem e semelhança e nas palavras de Santo Agostilho, somente nele encontramos realização, sentido e prazer eternos.
  2. Priorize as pessoas sobre as coisas. Nossa família, amigos e o próximo em geral são mais importantes do que as coisas, pelas quais frequentemente magoamos, machucamos e desprezamos as pessoas.
  3. Priorize o ser sobre o ter. Mesmo numa sociedade materialista e pragmática como a que vivemos, não devemos resumir a nossa existência ao que temos sob o risco de naquele dia quando nada tivermos, descobrirmos que nada somos.
  4. Priorize o crer sobre o fazer. A maior obra que podemos fazer é crer que Deus está fazendo uma grande obra em nós e através de nós. Somos muito mais objetos e instrumentos do que sujeitos desta vida que vivemos.
  5. Priorize o investir sobre o gastar. Não apenas na questão financeira mas em toda a vida, quando investimos, lucramos e fazemos outros lucrar também.; quando gastamos apenas desperdiçamos.
  6. Priorize o hoje ao ontem. O passado é uma ótima referência para celebrar acertos e confessar erros, mas nunca uma fonte de onde devemos sempre estar bebendo.
  7. Priorize o amanhã sobre o hoje. O imediatismo é como uma erva daninha que pode sufocar a bela rosa do amanhã. Planejar e viver a longo prazo é mais sábio do que apenas existir para o aqui e agora.
  8. Priorize o positivo ao negativo. Se nada de bom tiver para falar, por que falar algo pessimista, negativo, depreciativo sobre algo ou alguém? O pessimismo é um veneno que mata primeiro o seu portador.
  9. Priorize o útil ao belo. Não porque são opostos, mas porque é mais fácil encontrar beleza no que é útil, do que utilidade no que é somente belo.
  10. Priorize o difícil ao fácil. A dificuldade treina o caráter, a persistência, a paciência. É da corda tensionada do violino que saem os sons mais bonitos. Facilidade gera flacidez.

Muitas receitas de sucesso já foram dadas. Esta não é mais uma, até porque é humana e incompleta. Para a Divina e perfeita receita do sucesso, vede Salmo 1.




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Resoluções de Jonathan Edwards (1722-1723)

por

Jonathan Edwards


Estando ciente de que sou incapaz de fazer qualquer coisa sem a ajuda de Deus, humildemente Lhe rogo que, através de Sua graça, me capacite a cumprir fielmente estas resoluções, enquanto elas estiverem dentro da Sua vontade, em nome de Jesus Cristo.

Lembra de ler estas resoluções uma vez por semana.

1. Resolvi que farei tudo aquilo que seja para a maior glória de Deus e para o meu próprio bem, proveito e agrado, durante todo tempo de minha peregrinação, sem nunca levar em consideração o tempo que isso exigirá de mim, seja agora ou pela eternidade fora. Resolvi que farei tudo o que sentir ser o meu dever e que traga benefícios para a humanidade em geral, não importando quantas ou quão grandes sejam as dificuldades que venha a enfrentar.

2. Resolvi permanecer na busca contínua de novas maneiras para poder promover as resoluções acima mencionadas.

3. Resolvi arrepender-me, caso eu um dia me torne menos responsável no tocante a estas resoluções, negligenciando uma ínfima parte de qualquer uma delas e confessar cada falha individualmente assim que cair em mim.

4. Resolvi, também, nunca negar alguma maneira ou coisa difícil, seja no corpo ou na alma, menos ou mais, que leve à glorificação de Deus; também não sofrê-la se tiver como evitá-la.

5. Resolvi jamais desperdiçar um só momento do meu tempo; pelo contrário, sempre buscarei formas de torná-lo o mais proveitoso possível.

6. Resolvi viver usando todas minhas forças enquanto viver.

7. Resolvi jamais fazer alguma coisa que eu não faria, se soubesse que estava vivendo a última hora da minha vida.

8. Resolvi ser a todos os níveis, tanto no falar como no fazer, como se não houvesse ninguém mais vil que eu sobre a terra, como se eu próprio houvesse cometido esses mesmos pecados ou apenas sofresse das mesmas debilidades e falhas que todos os outros; também nunca permitirei que o tomar conhecimento dos pecados dos outros me venha trazer algo mais que vergonha sobre mim mesmo e uma oportunidade de poder confessar meus próprios pecados e miséria a Deus.

9. Resolvi pensar e meditar bastante e em todas as ocasiões sobre minha própria morte e sobre circunstâncias relacionadas com a morte.

10. Resolvi, sempre que experimentar e sentir dor, relacioná-la com as dores do martírio e também com as do inferno.

11. Resolvi que sempre que pense em qualquer enigma sobre a salvação, fazer de tudo imediatamente para resolvê-lo e entendê-lo, caso nenhuma circunstância me impeça de fazê-lo.

12. Resolvi, assim que sentir um mínimo de gratificação ou deleite de orgulho ou de vaidade, eliminá-lo de imediato.

13. Resolvi nunca cessar de buscar objectos precisos para minha caridade e liberalidade.

14. Resolvi nunca fazer algo em forma de vingança.

15. Resolvi nunca sofrer nenhuma das mais pequenas manifestações de ira vinda de seres irracionais.

16. Resolvi nunca falar mal de ninguém, de forma tal que afete a honra da pessoa em questão, nem para mais nem para menos honra, sob nenhum pretexto ou circunstância, a não ser que possa promover algum bem e que possa trazer um real benefício.

17. Resolvi viver de tal forma como se estivesse sempre vivendo o meu último suspiro.

18. Resolvi viver de tal forma, em todo o tempo, como vivo dentro dos meus melhores padrões de santidade privada e daqueles momentos que tenho maior clarividência sobre o conteúdo de todo o evangelho e percepção do mundo vindouro.

19. Resolvi nunca fazer algo de que tenha receio de fazer uma hora antes de soar a última trombeta.

20. Resolvi manter a mais restrita temperança em tudo que como e tudo quanto bebo.

21. Resolvi nunca fazer algo que possa ser contado como justa ocasião para desprezar ou mesmo pensar mal de alguém de quem se me aperceba algum mal.

(Resoluções 1 a 21 foram escritas em New Haven em 1722)

22. Resolvi esforçar-me para obter para mim mesmo todo bem possível do mundo vindouro, tudo quanto me seja possível alcançar de lá, com todo meu vigor em Deus – poder, vigor, veemência, violência interior mesmo, tudo quanto me seja possível aplicar e admoestar sobre mim de qualquer maneira que me seja possível pensar e aperceber-me.

23. Resolvi tomar ação deliberada e imediata sempre que me aperceber que possa ser tomada para a glória de Deus e que possa devolver a Deus Sua intenção original sobre nós, Seu desígnio inicial e Sua finalidade. Caso eu descubra, também, que em nada servirá a glória de Deus exclusivamente, repudiarei tal coisa e a terei como uma evidente quebra da quarta resolução.

24. Resolvi que, sempre que encetar e cair por um caminho de concupiscência e mau, voltar atrás e achar sua origem em mim, tudo quanto origina em mim tal coisa. Depois, encetar por uma via cuidadosa e precisa de nunca mais tornar a fazer o mesmo e de orar e lutar de joelhos e com todas as minhas forças contra as origens de tais ocorrências.

25. Resolvi examinar sempre cuidadosamente e de forma constante e precisa, qual a coisa em mim que causa a mínima dúvida sobre o verdadeiro amor de Deus para direcionar todas as minhas fortalezas contra tal origem.

26. Resolvi abater tais coisas, a medida que as veja abatendo minha segurança.

27. Resolvi nunca omitir nada de livre vontade, a menos que essa omissão traga glória a Deus; irei, então e com frequência, rever todas as minhas omissões.

28. Resolvi estudar as Escrituras de tal modo firme, preciso, constante e frequente que me seja tornado possível e que me aperceba em mim mesmo de que estou crescendo no conhecimento real das mesmas.

29. Resolvi nunca ter como uma oração ou petição, nem permitir que passe por oração, algo que seja feito de tal maneira ou sob tais circunstâncias que me possam privar de esperar que Deus me atenda. Também não aceitarei como confissão algo que Deus não possa aceitar como tal.

30. Resolvi extenuar-me e esforçar-me ao máximo de minha capacidade real para, a cada semana, ser levado a um patamar mais real de meu exercício religioso, um patamar mais elevado de graça e aceitação em Deus, do que tive na semana anterior.

31. Resolvi nunca dizer nada que seja contra alguém, exceto quando tal coisa se ache de pleno acordo com a mais elevada honorabilidade evangélica e amor de Deus para com a sua humanidade, também de pleno acordo com o grau mais elevado de humildade e sensibilidade sobre meus próprios erros e falhas e de pleno acordo àquela regra de ouro celestial; e, sempre que disser qualquer coisa contra alguém, colocar isso mesmo mediante a luz desta resolução convictamente.

32. Resolvi que deverei ser estrita e firmemente fiel à minha confiança, de forma que o provérbio 20:6 “ Mas, o homem fiel, quem o achará? ” não se torne nem mesmo parcialmente verdadeiro a meu respeito.

33. Resolvi, fazer tudo que poderei fazer para tornar a paz acessível, possível de manter, de estabelecer, sempre que tal coisa nunca possa interferir ou inferir contra outros valores maiores e de aspectos mais relevantes. 26 de Dezembro de 1722

34. Resolvi nada falar que não seja inquestionavelmente verídico e realmente verdadeiro em mim.

35. Resolvi que, sempre que me puser a questionar se cumpri todo meu dever, de tal forma que minha serenidade e paz de espírito sejam ligeiramente perturbadas através de tal procedimento, colocá-lo diante de Deus e depois verificar como tal problema foi resolvido. 18 de Dezembro 1722

36. Resolvi nunca dizer nada de mal sobre ninguém que seja, a menos que algum bem particular nasça disso mesmo. 19 de Dezembro de 1722

37. Resolvi inquirir todas as noites, ao deitar-me, onde e em quais circunstancias fui negligente, que atos cometi e onde me pude negar a mim mesmo. Também farei o mesmo no fim de cada ano, mês e semana. 22 e 26 de Dezembro de 1722

38. Resolvi nunca mais dizer nada, nem falar, sobre algo que seja ridículo, esportivo ou questão de zombaria no dia do Senhor. Noite de Sábado, 23 de Dezembro de 1722

39. Resolvi nunca fazer algo que possa questionar sobre sua lealdade e conformidade à lei de Deus, para que eu possa mais tarde verificar por mim se tal coisa me é lícito fazer ou não. A menos que a omissão de questionar me seja tornada lícita.

40. Resolvi inquirir cada noite de minha existência, antes de adormecer, se fiz as coisas da maneira mais aceitável que eu poderia ter feito, em relação a comer e beber. 7 de Janeiro de 1723

41. Resolvi inquirir de mim mesmo no final de cada dia, de cada semana, mês e ano, onde e em que áreas poderia haver feito melhor e mais eficazmente. 11 de Janeiro 1723

42. Resolvi que, com frequência renovarei minha dedicação de mim mesmo a Deus, o mesmo voto que fiz em meu bptismo, o qual recebi quando fui recebido na comunhão da igreja e o qual reassumo solenemente neste dia 12 de Janeiro, 1722-23.

43. Resolvi que a partir daqui, até que eu morra, nunca mais agirei como se me pertencesse a mim mesmo de algum modo, mas inteiramente e sobejamente pertencente a Deus, como se cada momento de minha vida fosse um normal dia de culto a Deus. Sábado, 12 de Janeiro de 1723.

44. Resolvi que nenhuma área desta vida terá qualquer influencia sobre qualquer de minhas ações; apenas a área da vivência para Deus. E que, também, nenhuma ação ou circunstância que seja distinta da religião seja a que me leve a concretizar. 12 de Janeiro de 1723

45. Resolvi também que nenhum prazer ou deleite, dor, alegria ou tristeza, nenhuma afeição natural, nem nenhuma das suas circunstâncias co-relacionadas, me seja permitido a não ser aquilo que promova a piedade. 12 e 13 de Janeiro e 1723

46. Resolvi nunca mais permitir qualquer medida de qualquer forma de inquietude e falta de vontade diante de minha mãe e pai. Resolvi nunca mais sofrer qualquer de seus efeitos de vergonha, muito menos alterações de minha voz, motivos e movimentos de meu olhar e de ser especialmente vigilante acerca dessas coisas quando relacionadas com alguém de minha família.

47. Resolvido a encetar tudo ao meu alcance para me negar tudo quanto não seja simplesmente disposto e de acordo com uma paz benévola, universalmente doce e meiga, repleta de quietude, hábil, contente e satisfeita em si mesma, generosa, real, verdadeira, simples e fácil, cheia de compaixão, industriosa e empreendedora, cheia de caridade real, equilibrada, que perdoa, formulada por um temperamento sincero e transparente; e também farei tudo quanto tal temperança e temperamento me levar a fazer. Examinarei e serei severo e acutilante nesse exame cada semana se por acaso assim fiz e pude fazer. Sábado de manhã, 5 Maio de 1723

48. Resolvi a, constantemente e através da mais acutilante beleza de caráter, empreender num escrutínio e exame minucioso e muito severo, para constatar e olhar qual o estado real de toda a minha alma, verificando por mim mesmo se realmente mantenho um interesse genuíno e real por Cristo ou não; e que, quando eu morrer não tenha nada de que me arrepender a respeito de negligências deste tipo. 26 de Maio de 1723

49. Resolvi a que tal coisa (de não ter afeto por Cristo) nunca aconteça, se eu a puder evitar de alguma maneira.

50. Resolvi que, sempre agirei de tal maneira, que julgarei e pensarei como o faria dentro do mundo vindouro apenas. 5 de Julho de 1723

51. Resolvi que, agirei de tal forma em todos os sentidos, como iria desejar haver feito quando me achasse numa situação de condenação eterna. 8 de Julho de 1723

52. Eu, com muita frequência, ouço pessoas duma certa idade avançada falarem como iriam viver suas vidas de novo caso lhes fosse dada uma segunda oportunidade de a tornarem a viver. Eu resolvi viver minha vida agora e já, tal qual eu fosse desejar vivê-la caso me achasse em situação de desejar vivê-la de novo, como eles, caso eu chegue a uma sua idade avançada como a sua. 8 de Julho de 1723

53. Resolvi apetrechar e aprimorar cada oportunidade, sempre que me possa achar num estado de espírito sadio e alegremente realizado, para me atirar sobre o Senhor Jesus numa reentrega também, para confiar nEle, consagrando-me a mim mesmo inteiramente a Ele também nesse estado de espírito; que a partir dali eu possa experimentar que estou seguro e assegurado, sabendo que persisto a confiar no meu Redentor mesmo assim. 8 de Julho de 1723

54. Sempre que ouvir falar algo sobre alguém que seja digno de louvor e dignificante e o possa ser em mim também, resolvi tudo encetar para conseguir o mesmo em mim e por mim. 8 de Julho de 1723

55. Resolvi tudo fazer como o faria caso já tivesse experimentado toda a felicidade celestial e todos os tormentos do inferno. 8 de Julho de 1723

56. Resolvi nunca desistir de vencer por completo qualquer de minhas veleidades corruptas que ainda possam existir, nem nunca tornar-me permissivo em relação ao mínimo de suas aparências e sinais, nem tão pouco me desmotivar em nada caso me ache numa senda de falta de sucesso nessa mesma luta.

57. Resolvi que, quando eu temer adversidades ou maus momentos, irei examinar-me e ver se tal não se deve a: não ter cumprido todo meu dever e cumprir a partir de então; e permitir que tudo o mais em minha vida seja providencial para que eu possa apenas estar e permanecer inteiramente absorvido e envolvido com meu dever e meu pecado diante de Deus e dos homens. 9 de Junho e 13 de Julho de 1723

58. Resolvi a não apenas extinguir nem que seja algum leve ar de antipatia, simpatia fingida que encobre meu estado de espírito, impaciência em conversação, mas também e antes poder exprimir um verdadeiro estado de amor, alegria e bondade em todos os meus aspectos de vida e conversação. 27 de Maio e 13 de Julho de 1723

59. Resolvi que, sempre que me achar consciente de provocações de má natureza e de mau espírito, que me esforçarei para antes evidenciar o oposto disso mesmo, em boa natureza e maneira; sim, que em tempos tal qual esses, manifestar a boa natureza de Deus, achando, no entanto, que em algumas circunstâncias tal comportamento me traga desvantagens e que, também, em algumas outras circunstâncias, seja mesmo imprudente agir assim. 12 de Maio, 2 e 13 de Julho

60. Resolvi que, sempre que meus próprios sentimentos comecem a comparecer minimamente desordenados, sempre que me tornar consciente da mais ligeira inquietude interior, ou a mínima irregularidade exterior, me submeterei de pronto à mais estrita e minuciosa examinação e avaliação pessoal. 4 e 13 de Julho de 1723

61. Resolvi que a falta de predisposição nunca me torne relaxado nas coisas de Deus e que nunca consiga retirar minha atenção total de estar plenamente fixada e afixada só em Deus, exista a desculpa que existir para me tentar; tudo que a fala de predisposição me instiga a fazer, abre-me o caminho do oposto para fazer. 21 de Maio e 13 de Julho de 1723

62. Resolvi a nunca fazer nada a não ser como dever; e, depois, de acordo com Efésios 6:6-8, fazer tudo voluntariosamente e alegremente como que para o Senhor e nunca para homem; “ Sabendo que cada um, seja escravo, seja livre, receberá do Senhor todo bem que fizer”. 25 de Junho e 13 de Julho 1723

63. Supondo que nunca existiu nenhum indivíduo neste mundo, em nenhuma época do tempo, que nunca haja vivido uma vida cristã perfeita em todos os níveis e possibilidades, tendo o Cristianismo sempre brilhante em todo o seu esplendor, e parecendo excelente e amável, mesmo sendo essa vida observada de qualquer ângulo possível e sob qualquer pressão, eu resolvi agir como se pudesse viver essa mesma vida, mesmo que tenha de me esforçar no máximo de todas as minhas capacidades inerentes e mesmo que fosse o único em meu tempo. 14 De Janeiro e 3 de Julho de 1723

64. Resolvi que quando experimentar em mim aqueles “gemidos inexprimíveis”, Romanos 8:26, os quais o Apóstolo menciona e dos quais o Salmista descreve como, “ A minha alma se consome de anelos por tuas ordenanças a todo o tempo ”, Salmos 119:20, que os promoverei também com todo vigor existente em mim e que não me “cansarei” (Isaías 40:31) no esforço de dar expressão a meus desejos tornados profundos nem me cansarei de repetir esses mesmos pedidos e gemidos em mim, nem de o fazer numa seriedade contínua. 23 De Julho e 10 de Agosto de 1723

65. Resolvi que, me tornarei exercitado em mim mesmo durante toda a minha vida, com toda a franqueza que é possível, a sempre declarar meus caminhos a Deus e abrir toda a minha alma a Ele: todos os meus pecados, tentações, dificuldades, tristezas, medos, esperanças, desejos e toda outra coisa sob qualquer circunstância. Tal como o Dr. Manton diz em seu sermão nr.27, baseado no Salmo 119. 26 De Julho e 10 de Agosto, 1723

66. Resolvi que, sempre me esforçarei para manter e revelar todo o lado benigno de todo semblante e modo de falar em todas as circunstâncias de toda a minha vida e em qualquer tipo de companhia, a menos que o dever de ser diferente exija de mim que seja de outra maneira.

67. Resolvi que, depois de situações aflitivas, avaliarei em que aspectos me tornei diferente por elas, em quais aspectos melhorei meu ser e que bem me adveio através dessas mesmas situações.

68. Resolvi confessar abertamente tudo aquilo em que me acho enfermo ou em pecado e também confessar todos os casos abertamente diante de Deus e implorar a necessária condescendência e ajuda dele até nos aspectos religiosos. 23 de Julho e 10 de Agosto de 1723

69. Resolvi fazer tudo aquilo que, vendo outros fazerem, eu possa haver desejado ter sido eu a fazê-lo. 11 de Agosto de 1723

70. Que haja sempre algo de benevolente toda vez que eu fale. 17 De Agosto, 1723


Apesar da sua biografia apresentar contrastes dramáticos, estas são, na realidade, apenas algumas facetas diferentes de uma afinidade com um Deus SOBERANO. Assim, Jonathan Edwards tanto pregava sermões vívidos sobre o fogo do inferno, quanto se expressava em poesia e de forma lírica em suas apreciações sobre a natureza, pois o Deus que criou o mundo em toda a sua beleza, também é perfeito em sua santidade. Edwards combinava o exercício mental e intelectual de um gigante com piedade quase infantil, pois ele percebia Deus tanto como infinitamente complexo quanto como maravilhosamente simples. Na sua igreja em Northampton, sua consistente exaltação da majestade divina gerou muitas reacções diferentes — primeiro ele foi exaltado como grande líder e, em seguida, foi demitido do seu púlpito. Edwards sustentava a doutrina de que o Deus onipotente exigia arrependimento e fé das suas criaturas humanas; por isso, ele proclamava tanto a absoluta soberania de Deus quanto as urgentes responsabilidades dos homens.


Original:
http://www.jonathanedwards.com/text/Personal/resolut.htm


Tradução livre: José Mateus (Portugal)
Revisado por: Felipe Sabino de Araújo Neto
Julho/2004


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Seis Breves Regras para os Crentes

por

Brownlow North


1. Nunca descuide da oração particular diária; e quando orar, recorde que Deus está presente e que Ele ouve as tuas orações (Hb 11;6).

2. Nunca descuide da leitura diária da Bíblia em sua privacidade, e quando lê-la recorde que Deus está te falando e que deves crêr e obedecer sobre o que Ele lhe diz. Creio que toda deficiência começa com o descuido destas duas regras (Jo 5:39).

3. Nunca deixe passar um dia sequer, sem ter a intenção de fazer algo para Jesus. Medite a cada noite sobre o que Jesus tem feito por você, e assim se pergunte: “o que estou fazendo por Ele?” (Mt 5:13-16).

4. Se você tem dúvida de se alguma coisa é boa ou má, vai até a sua casa, ajoelhe-se e peça a benção de Deus para esta coisa. Se não puder faze-lo, é má (Rm 14:23).

5. Nunca assimile o seu Cristianismo com os cristãos, nem argumente que porque estas ou aquelas pessoas fazem isto, ou aquilo, também lhe é permitido fazer (2 Co 10:12). O que tem que se perguntar é: “o que Cristo faria em meu lugar?”, e em seguida esforce-se em obedecer (Jo 10:27).

6. Nunca faça caso do sentimento se este contradiz a Palavra de Deus. Pergunte-se: “pode ser verdadeiro o que sinto, se a Palavra de Deus é verdadeira?” E se ambos não podem ser verdadeiros, então acredite em Deus e aceite que o teu coração é enganoso (Rm 3:4; 1 Jo 5:10-11).


Tradução livre:
Rev Ewerton B. Tokashiki (26/11/2005)
revtokashiki@hotmail.com
Pastor da Igreja Presbiteriana de Porto Velho
Professor de Teologia Sistemática no SPBC - extensão Ji-Paraná-RO.


Agradecemos ao tradutor, que gentilmente se dispôs a traduzir esse livro para o site Monergismo.com.

Este artigo é parte integrante do portal http://www.monergismo.com/. Exerça seu Cristianismo: se vai usar nosso material, cite o autor, o tradutor (quando for o caso), a editora (quando for o caso) e o nosso endereço. Contudo, ao invés de copiar o artigo, preferimos que seja feito apenas um link para o mesmo, exceto quando em circulações via e-mail.


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A PIEDADE É A VERDADEIRA SABEDORIA

SANTO AGOSTINHO


Esta consideração é a que torna piedoso o homem, porque a piedade é
a verdadeira sabedoria. Refiro-me à piedade que os gregos denominam
theosebeian, a qual foi recomendada pelas palavras dirigidas ao homem e que se
lêem no livro de Jó: Eis, o temor do Senhor é a (verdadeira) sabedoria (Jó 28,28).
Pois, se traduzíssemos o termo theosebeian para o vernáculo a partir do latim de
acordo com a sua origem, poder-se-ia dizer “culto a Deus”, o qual consiste
principalmente em que a alma não lhe seja ingrata. Por isso, no verdadeiro e
singular sacrifício, somos exortados a dar graças ao Senhor nosso Deus.
A alma ser-lhe-ia ingrata, se o que vem dele atribuísse a si mesma,
principalmente a justiça, de cujas obras se orgulhasse como se fossem próprias
e como realizadas por si mesma em seu próprio favor. Avultaria a ingratidão,
se o orgulho se manifestasse não de maneira vulgar, como fazem os que se
jactam das riquezas ou da elegância corporal ou da eloqüência ou das outras
qualidades tanto interiores como exteriores, seja do corpo, seja da alma, as
quais os malvados também costumam possuir, mas também daqueles que são
os bens dos bens e de um modo não vulgar, mas próprio dos que se
consideram sábios. Devido a este pecado, o do orgulho, até ilustres varões
bandearam-se para a desonra da idolatria, rechaçados da solidez da natureza
divina.

Por esta razão, o mesmo apóstolo e na mesma carta, na qual se mostra
defensor acérrimo da graça, depois de se confessar devedor a gregos e
bárbaros, a sábios e ignorantes, e, portanto, pelo que lhe exigir sua missão, e
depois de dizer que estava disposto a evangelizar os que se encontravam em
Roma, afirma: Na verdade, eu não me envergonho do Evangelho, ele é a força de Deus
para a salvação de todo aquele que crê, em primeiro lugar do judeu, mas também do grego.
Porque nele a justiça de Deus se revela da fé para a fé, conforme está escrito: “O justo viverá
da fé” (Rm 1,14-17).

Esta é justiça de Deus que, oculta no Antigo Testamento, manifesta-se
no Novo. Chama-se justiça de Deus porque sua concessão torna justo os
homens, assim como o que está escrito: Do Senhor vem a salvação, indica que é a
salvação com a qual ele salva. Esta é a fé pela qual e na qual se revela a justiça,
isto é, a fé dos que pregam a palavra para despertar à fé os que obedecem.
Pele fé de Jesus Cristo, isto é, pela fé que nos conferiu Cristo, cremos que nos
vem de Deus o poder viver na justiça e vivê-la com mais perfeição no futuro.
Por tudo isso damos-lhe graças com a piedade devida somente a Deus.

Extraído de: A Graça I, (Patrística 12)
São Paulo: Editora Paulus, 1998, p.36.
Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9)
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MEDITAÇÃO PURITANA: O PORTÃO DA MENTE PARA O CORAÇÃO

Stephen Yuille

Uma definição
Sobre o tema da meditação puritana, James Packer escreve: “Sabendo que eles próprios
eram criaturas de raciocínio, afeições, e vontade, e sabendo que o caminho de Deus para
o coração humano (a vontade) é através da cabeça humana (a mente), os puritanos
praticaram a meditação, discursiva e sistemática, em todo escopo da verdade bíblica
conforme viam-na sendo aplicada a eles mesmos”. De forma similar, Horton Davies
descreve a meditação puritana como um “mover das questões intelectuais ao exercício
das afeições do coração, a fim de libertar a vontade para se conformar a Deus”.
Esta abordagem à meditação advém da convicção puritana que a vontade é uma
faculdade “cega”. De acordo com Edward Reynolds (1599-1676), a vontade “não pode
enxergar o bem devido que deveria influenciar sem a assistência de um poder
informador” e nem “pode ver o caminho correto que deveria tomar para alcançar aquele
bem, sem a direção de um poder condutor”. Este poder “informativo” e “condutor” é o
entendimento: a faculdade principal da alma. Quando esta “mais nobre faculdade”,
como Stephen Charnock (1628-1673) chama, é “empregada para o objeto mais
excelente”, ela informa e conduz a vontade através das afeições para escolher o “bem
correto”.
Com este paradigma firmemente reconhecido, George Swinnock (1627-1673) define a
meditação como “uma séria aplicação da mente a algum assunto sagrado, até que as
afeições sejam aquecidas e despertadas, e a resolução elevada e fortalecida através
disso, contra aquilo que é mal, e por aquilo que é bom”.
O método da meditação
De acordo com a definição de Swinnock, o método da meditação é uma séria aplicação
da mente… até que as afeições sejam aquecidas e despertadas. Este método remonta a
Joseph Hall (1574-1656), que afirma que “a prática da verdadeira piedade” depende da
meditação – “o melhor aprimoramento do cristianismo”. Ele define essa meditação
como “um voltar da mente para algum objeto espiritual, através de diversas formas de
discurso, até que nossos pensamentos cheguem a uma conclusão”. Este voltar-se da
mente se manifesta de duas formas: “extemporânea” e “deliberada”. Hall foca-se no
segundo, buscando descrever o seu “processo”.
Resumindo, a meditação deliberada “começa no entendimento, e termina na afeição;
começa no cérebro, desce ao coração; começa na terra, ascende aos céus, não de
repente, mas por determinados passos e degraus até que estejamos no topo”. Hall divide
estes “passos e degraus” em duas seções. A primeira se refere à prática da meditação no
entendimento. Ela envolve o estudo das verdades divinas de acordo com determinadas
“cabeças”: descrição, divisão, efeitos, assuntos, qualidades, contras, comparações,
títulos e testemunhos. A segunda se refere à prática da meditação nas afeições. Para
Hall, essa “é a própria alma da meditação, para a qual todas as coisas anteriores sevem
apenas como um instrumento”. Ela envolve pressionar as verdades divinas sobre as
afeições através de sete passos: experimentação, queixa, desejo do coração, confissão,
petição, aplicação e confiança. James Ussher (1581-1656) também recomenda essa
abordagem dupla, afirmando que o “trabalho” da meditação consiste de “duas
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faculdades principais da alma. Primeiro, o entendimento, o qual atribuo à memória; em
segundo lugar a vontade, o qual atribui às afeições”. A primeira envolve um “chamado à
mente”, onde as verdades bíblicas são lembradas e debatidas. A segunda envolve
“depositar no coração” essas verdades.
Swinnock descreve este “depositar no coração” como “uma consideração séria” ou “um
ato de entendimento prático, mediante o qual reflete sobre suas ações e intenções,
compara-as com a regra da palavra, e continua para colocar o seu mandamento sobre a
vontade e afeições, a fim de colocar o que é bom em ação”. Essa “reflexão” geralmente
consiste de solilóquios, que Richard Baxter (1615-1691) define como “questões
despertadoras”. Seu objetivo é fazer com que as pessoas sintam a pulsação de sua alma
com o propósito da auto-avaliação. Para Ussher, este é o “assunto mais importante” da
meditação – “ver como a matéria se encontra entre Deus, e minha própria alma”. Com
este objetivo em mente, ele sugere: “Primeiro olhe para trás, e diga, o que eu fiz?
Depois olhe para frente e diga, o que farei?” De forma similar, William Gurnall (1617-
1679) escreve: “Reflita sobre si mesmo, e pense seriamente sobre o seu próprio
comportamento – o que ele tem sido diante de Deus e dos homens ao longo do dia”.
O objeto da meditação
Em sua definição, Swinnock descreve o objeto da meditação como “algum assunto
sagrado”. De sua parte, Hall fala “daquelas questões divinas que podem mais que tudo
produzir compulsão no coração e levar-nos à devoção”. Ao todo, existem sete assuntos
“sagrados” que aparecem de forma proeminente na meditação puritana.
O primeiro é a majestade de Deus. “Acima de tudo”, escreve Swinnock, “medite na
infinita majestade, pureza e misericórdia daquele Deus contra quem tens pecado”.
Charnock concorda: “Tenham sempre em vista as excelências de Deus”. Gurnall
encoraja seus leitores a meditarem na “infinita santidade de Deus”. Similarmente,
Baxter direciona seu público a “mergulhar nas meditações do Todo-Poderoso”,
adicionando: “Alguém pensaria que se eu não lhes desse nenhuma outra tarefa, e nem
falasse de nenhuma outra questão para a meditação, esta seria suficiente; pois esta é, de
certa forma, tudo”. A urgência de Baxter origina-se de sua convicção que o “melhor
cristão” é aquele “que tem a mais plena impressão sobre a sua alma, pelo conhecimento
de Deus em todos os seus atributos”.
O segundo assunto é a severidade do pecado. Para os puritanos, o conhecimento do
pecado e o conhecimento de Deus estão inescapavelmente relacionados. Swinnock
explica: “O homem nunca chega ao conhecimento apropriado de si mesmo, que
miserável deplorável e abominável ele é, até que chegue ao conhecimento apropriado de
Deus, a saber, que incomparável majestade Ele é”. Charnock concorda: “Na
consideração da santidade de Deus somos relembrados da nossa própria impureza… de
forma que sua imensidão deveria nos fazer, segundo nossa própria natureza, parecer
pequenos aos nossos próprios olhos”. Em outras palavras, as pessoas chegam a um
entendimento apropriado da escuridão do pecado somente à luz da santidade de Deus,
porque é então que podem enxergar seu pecado como um ataque contra Deus. Com isto
em mente, Joseph Alleine (1634-1668) insta seu público a meditar sobre o “número”,
“gravidade”, “deformidade”, e “torpeza” de seus pecados.
O terceiro assunto é a beleza de Cristo, que só pode ser devidamente apreciada sobre o
pano de fundo da majestade de Deus e a severidade do pecado. De acordo com Alleine:
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“Enquanto os homens não estiverem cansados e oprimidos, e com seus corações aflitos,
não buscarão a cura em Cristo nem perguntarão sinceramente: ‘O que devemos fazer?’”.
Quando chegarem a esse ponto, eles verão a beleza do amor de Cristo conforme ele tapa
a distância imensurável entre um Deus glorioso e uma criatura pecadora. Isso leva
Gurnall a declarar: “Banhe a tua alma com a freqüente meditação do amor de Cristo”.
O quarto assunto é a certeza da morte. “Se deseja se exercitar na santidade”, escreve
Swinnock, “pense com freqüência no dia da sua morte”. Robert Bolton (1572-1631)
direciona seus leitores a ponderar na certeza de que “todos os prazeres, tesouros, e
confortos desta vida… precisam todos, diante do choque da morte... ser súbita, completa
e eternamente deixados para trás.”
O quinto assunto é a finalidade do julgamento. Gurnall lembra: “Certamente você não
poderá dormir facilmente enquanto este trompete, que chamará toda a humanidade a
julgamento, estiver tocando em seus ouvidos. A razão porque os homens dormem tão
tranqüilamente em segurança é que ou não acreditam, ou pelo menos não pensam nisso
com a seriedade que se espera”. Com esta letargia em mente, Bolton instrui as pessoas a
ponderarem sobre como será dar um relato exato de “todas as coisas feitas na carne”, de
testemunhar a revelação de todos os “pecados secretos” e as “vilanias escondidas”, e
“ouvir a terrível sentença de condenação a tormentos e horrores eternos”.
O sexto assunto é a miséria do inferno. Swinnock descreve o inferno como uma miséria
“pessoal”, porque os pecadores perdem os “prazeres terrenos”, os “contentamentos
carnais”, o “favor espiritual”, “a sociedade de todos os piedosos”, a “esperança”, a sua
“preciosa alma” e “o Deus infinitamente bendito”. Da mesma forma, Bolton fala da
“privação da gloriosa presença de Deus, e a separação eterna daquelas alegrias,
felicidades e bem-aventurança eternas”. Swinnock também descreve o inferno como
uma miséria “positiva”, por causa do que os pecadores ganham, explicando que “os
perversos deverão no outro mundo se separar de Cristo para o fogo… Eles não somente
serão privados de tudo o que é bom… mas também serão cheios de tudo o que é mau”.
Nesse momento, eles ganharão uma “perfeição de pecado” e uma “plenitude de
angústia”.
O sétimo assunto é a glória do céu. Em termos de ganho “pessoal”, Swinnock diz que os
cristãos obterão liberdade do mal do pecado, ou seja, liberdade de cometer o pecado e
de ser tentado ao pecado. Eles também obterão liberdade do mal do sofrimento. Em
termos de ganho “positivo”, eles receberão a companhia dos cristãos perfeitos, a
comunhão mais próxima com Cristo, e a fruição plena e imediata de Deus. Para Baxter,
esse ganho é da maior importância. “Eu não tiraria você de outras meditações”, ele diz,
“mas certamente assim como o céu tem a preeminência na perfeição, deveria tê-la
também em nossa meditação. Aquilo que nos dará a maior felicidade quando o
possuirmos, nos fará mais alegres quando meditarmos nele”.
O resultado da meditação
Através da meditação, o significado destes assuntos “sagrados” é sentido na alma. Um
vislumbre da majestade de Deus produz temor e amor. Um senso da severidade do
pecado produz tristeza e ódio. Um gostinho da beleza de Cristo incita prazer e desejo.
As verdades remanescentes, conhecidas como as “últimas quatro coisas”, produzem
aquilo que os puritanos chamavam de uma “mentalidade celestial”. “A pessoa com uma
mentalidade celestial”, explica o historiador Dewey Wallace, fica “absorvida nas coisas
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divinas, distante do mundo, e em profunda comunhão com Deus”. Seu objetivo é
“meditar naquele estado, atando seu coração tão próximo de Deus que tudo o mais
empalidece e se torna insignificante”.
De acordo com a definição de Swinnock, este “aquecimento” e “despertar” das afeições
levam a uma “elevação” e “fortalecimento” da “resolução” da vontade contra “aquilo
que é mal e para o que é bom”. Como Gurnall explica: “As afeições são afetadas
quando seu objeto está diante delas. Se amamos uma pessoa, o amor é excitado pela
visão dela, ou qualquer coisa que a lembre; se odiamos alguém, nosso sangue ferve
muito mais contra ela quando estamos diante da mesma”. Ao meditar nas verdades
divinas, o amor é direcionado ao supremo bem (Deus) e o ódio ao supremo mal
(pecado). Como resultado, a vontade fica resoluta em buscar a Deus e abandonar o
pecado. Para os puritanos, esta “resolução” se manifesta em piedade: conformidade à
vontade de Deus. Baxter estava tão convencido deste relacionamento entre meditação e
piedade que escreve: “Se, por estes meios, tu não percebes um aumento de todas as tuas
graças, não cresce além da estatura dos cristãos comuns, não te tornas mais útil em teu
lugar, e mais precioso aos olhos de todas as pessoas com discernimento; se tua alma não
desfruta de maior comunhão com Deus, e tua vida não se enche de conforto, e não estás
mais preparado para a hora de tua morte: então jogue fora estes conselhos, e acuse-me
eternamente de enganador”.
Conclusão
Para os puritanos, portanto, a meditação é essencial para a prática da piedade. Como
Baxter observou, “o Espírito usa nosso entendimento para ativar nossas vontades e
afeições”. Isto necessariamente implica que a meditação é um dos meios principais pelo
qual o Espírito Santo santifica o cristão.
É por esta razão que Hall muito lamentou a negligência generalizada da meditação em
seus dias, comentando: “Se houver qualquer dever cristão cuja omissão é notoriamente
vergonhosa e prejudicial para as almas dos professos, esse é o dever da meditação. Esse
é o próprio fim para o qual Deus nos deu nossas almas, de forma que estaremos
desperdiçando-a se não a usarmos assim”. As palavras de Hall são tão verdadeiras em
nossos dias quanto no dia em que as escreveu, assim como Joel Beeke observa: “Um
estorvo para o crescimento entre os cristãos hoje é o nosso fracasso em cultivar o
conhecimento spiritual. Falhamos em dar tempo suficiente para a oração e a leitura da
Bíblia, e temos abandonado o tempo para a prática da meditação”. Dado este fato,
faríamos muito bem em escutar o pedido de Gurnall para “nos retirarmos
freqüentemente para fazer algumas meditações que despertem a alma”, lembrando que
“se a buscares como a prata e como a tesouros escondidos a procurares; então,
entenderás o temor do SENHOR e acharás o conhecimento de Deus” (cf. Pv. 2:5).
Fonte: http://www.banneroftruth.org/pages/articles/article_detail.php?834
Tradução: Mauricio Fonseca Jr.

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