segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O Pastor e a oração

Por 
Taciano Cassimiro

Aos 17 anos fui convidado para pregar em uma denominação muito conhecida no Brasil durante o período de carnaval. As mensagens em sua maioria relacionadas a oração, estudo da Bíblia e testemunho. Dias depois, fiquei sabendo que a igreja estava passando por um sério problema na liderança, e como consequencia os membros estavam feridos, tristes, e muitos pensando em mudar de denominação. Estava hospedado na casa do pastor quando próximo da meia-noite fui convidado a fazer um lanche antes de dormir. Enquanto o pastor preparava, conversava-mos e de repente começou a desabafar, e seu desabafo trazia revelações bombásticas, e a que mais me assustou foi ao ouvi-lo dizer - Nunca mais eu orei, faz muito tempo que eu não leio a Bíblia. Aquela revelação foi um choque, pois até o momento eu achava que todo pastor orava bastante, estudava bastante a Bíblia. Muita coisa eu precisava aprender sobre a vida pastoral e principalmente no que diz respeito a oração. Certo dia ouvi um pastor dizer que - não é preciso orar, pois o que há de ser será.
Desse dia em diante passei a levar mais a sério a oração (eu tinha por costume orar mais quando recebia convites pra pregar), cultivar uma vida de oração. E sei como é difícil viver em oração, mais é preciso orar e orar sem cessar, descobrir o valor e o sabor de uma vida de oração, orar por querer, por desejar está perto de Deus. Pois como disse o Padre Pio de Pietrelcina "A oração faz desaparecer a distância entre o homem e Deus." O Pastor precisa está perto de Deus, em comunhão com Deus, escutar Deus. Sendo assim, a vida do pastor necessariamente tem que ter as marcas da oração. Caso contrário, como disse Charles Spurgeon " Se os ministros não são dedicados à oração, são dignos de lástima e o seu povo digno de compaixão".
Infelizmente muitos estão nas condições da experiência citada. Muitos até estudam, mas não oram. Querem que Deus abençoe seus ministério, mas não querem buscar aquele que pode abençoar. Muitos tem tempo para jogar a famosa peladinha, ir ao cinema, ao clube, ao estadio de futebol ver a partida de seu time do coração, mas não conseguem dobrar os joelhos, investir tempo em oração, falar com Deus e escutar Deus. Se você não ora, embora Deus esteja sempre perto, você nunca conseguirá notar sua presença. Seu ministério poderá ter aparência de vida, ter nome do que vive, mas estará morto.

O nosso maior exemplo vem de Nosso Senhor Jesus Cristo que orou durante todo seu ministério, sua vida foi de verdadeira oração. Seu ministério teve as marcas da oração.

Não devemos seguir o exemplo de Jesus?

sábado, 24 de dezembro de 2011

Febre anglicana entre os jovens nos EUA

Durante décadas, os jovens têm ido a igrejas “amigáveis” (seeker-friendly) que tinham cultos culturalmente relevantes e um ambiente casual.
Agora, uma nova denominação que enfatiza tradição,  sacramentos e práticas antigas está atraindo muitos jovens.
A Igreja Anglicana na América do Norte (ACNA) começou oficialmente em 2009 com centenas de congregações que terminaram os laços com a Igreja Episcopal dos USA.


Em Albany Park, Chicago, um grupo de universitários e graduados começaram uma nova igreja da ACNA.
Os cultos acontecem nas tardes de domingo, em um prédio (alugado) da igreja que é perto de vários campus universitários.


Nova Denominação, o Culto Antigo

Enquanto os membros da congregação se vestem casualmente, o culto tem um estilo mais formal e litúrgico. Os alunos que conversaram com a CBN News, disseram que é isso exatamente o que eles gostam.
“Eu amo a ênfase na Escritura. Adoro que lemos quatro textos bíblicos todos os domingos, assim realmente recebemos a Bíblia a cada domingo”, disse Andie Roeder, que estuda no Moody Bible Institute.
“E eu amo o jeito que ele é interativo, tem uma chamada e uma resposta, e você ora constantemente,” disse ela.
O diácono, Mike Niebauer, que supervisiona tanto a congregação de Albany Park, como outra na Northwestern University em Evanston, disse que a liturgia constrói comunidade e ajuda os alunos que muitas vezes desejam estar conectados.
“Eu acho que muitas pessoas, especialmente jovens, se sentem como se eles não estivessem conectados em lugar nenhum, não enraizados em nenhuma coisa, principalmente as pessoas que mudam de lugar,” disse.
“Então, a idéia de que a igreja tem raízes e sua adoração tem ao redor de 2.000 anos, acho que uma coisa que atrai muito a eles,” disse Niebauer.


Febre Anglicana


Arcebispo Robert Duncan apelidou o movimento como “Febre Anglicana” em um discurso no Congresso Lausanne no ano passado.
CBN News falou com líderes Anglicanos que estão testemunhando nas comunidades universitárias surgidas da Flórida a Massachusetts e além.
Uma possível razão para o crescimento é a autenticidade. Muitas congregações na nova denominação entregaram os edifícios e propriedades, a fim de romper com a Igreja Episcopal e sua teologia cada vez mais liberal.
Um dos piores casos ocorreu em Binghamton, NY, onde a Igreja Episcopal expulsou a congregação Bom Pastor e, em seguida, vendeu sua propriedade para uma mesquita.
Reitor Matt Kennedy descobriu o novo proprietário, enquanto ele estava dirigindo pela propriedade e viu um guindaste derrubar o campanário.
“Foi muito triste”, disse ele. “Porque é um lugar onde o evangelho tinha sido pregado geração após geração.”
“As pessoas têm vindo a conhecer Jesus Cristo, as pessoas foram trazidas das trevas para a luz e, agora, ele foi vendido a um grupo que promove a escuridão”, acrescentou Kennedy.


Uma abordagem diferente


Enquanto a luta pelas propriedades é ainda uma realidade para muitas congregações, a liderança de ACNA não quer se concentrar no drama do Forum.
Em vez disso, o grupo tem uma visão ambiciosa de plantar 2,000 novas igrejas com o objetivo de dobrar de tamanho em cinco anos. A estratégia envolve uma combinação de tradição anglicana com modelos de plantação de igreja moderna a partir de África.
“Eles estão realmente seguindo algumas das igrejas anglicanas do sul global em como estão plantando igrejas usando uma liderança menos treinada”, explicou Lon Allison, especialista em evangelismo e Diretor do Centro de Billy Graham no Wheaton College.
Isto é exatamente o que está acontecendo em Chicago.
Rev. William Beasley tem supervisionado o plantio de 9 igrejas anglicanas em torno dos campus universitários. Ele disse que espera um crescimento continuado com os alunos.
“Acho que estamos realmente apenas no começo”, disse ele. “Estamos no começo de alguma coisa que está destinada a crescer exponencialmente.”
O que atrai os jovens para a Igreja Anglicana é o que muitos não esperariam. São os sacramentos, a Santa Comunhão semanal e as orações tradicionais e o fato de que toda a congregação participa de leitura.
“Eu gosto do fato de que é algo que os cristãos ao redor do mundo estão dizendo, e que vem dizendo há muito tempo”, disse Josh Melby, estudante de Wheaton College.
“Eu cresci em uma igreja batista toda a minha vida”, diz Michelle Nelson. “Então, chegando a uma igreja anglicana, onde há liturgia e sacramentos a cada semana, eu aprecio a tradição.”


Avançando com Fé


Os estudantes também apreciam as conexões globais da igreja. A ACNA faz parte da Comunhão Anglicana e tem desfrutado de uma relação estreita com os Anglicanos Ortodoxos na África e América do Sul.
Outra área de crescimento para a nova denominação está na comunidade latina.
CBN News visitou um culto de adoração em Franklin Park, Chicago. Os latinos apreciam o estilo de adoração Anglicana, sua reverência e sua comunidade.
Tudo isto são sinais encorajadores para uma denominação jovem determinada a avançar o Evangelho e multiplicar a Igreja.


Fonte: CBN NEWS, 16 de dezembro de 2011.


in omnibus glorifecetur Deus

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Magno Malta: Lei da Palmada é uma agressão à família

Julio Severo
Em nota oficial, o senador Magno Malta (PR/ES) disse que a chamada Lei da Palmada, projeto que prevê punições a pais que administram castigos físicos em seus filhos, é uma agressão à família que é responsável pela educação dos filhos.
Magno Malta, aliado de Dilma Rousseff, é totalmente contra a chamada Lei da Palmada
Presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Família Brasileira, Malta é totalmente contra a chamada lei da Palmada. “Sempre provei para população, que família estruturada reflete uma sociedade também estruturada. Filhos tem que ser educados pelos pais. Não podemos interferir na educação e nos bons costumes familiares. É lógico, que sou contra qualquer tipo de violência, mas Deus permitiu as mães corrigirem os filhos com palmadas. Este tipo de correção é também uma forma de amor. É melhor fazer uma criança chorar, do que ter que chorar no futuro”, explicou Malta.
Aliado do governo de Dilma Rousseff e conhecido pelo seu papel principal na CPI da Pedofilia e do Narcotráfico, o senador Magno Malta declarou que “não é correto penalizar uma mãe que corrigir o filho com uma simples palmada. Esta lei é um exagero” frisou.
O projeto, aprovado por unanimidade pela Comissão Especial da Câmara, especifica que crianças e adolescentes devem ser “protegidos” do castigo físico, como se a família fosse uma ameaça constante para as crianças. O projeto coloca o Estado como “protetor” das crianças contra a família, o mesmo Estado que vem gradativamente trabalhando para liberar a lei do aborto, que mata crianças, o mesmo Estado que permite programação imprópria de TV para crianças, o mesmo Estado que quer doutrinação homossexual para crianças nas escolas.
Como explicar que Malta, que é evangélico, é totalmente contra a chamada Lei da Palmada, mas a Frente Parlamentar Evangélica fez acordo com o governo para que o projeto fosse aprovado com unanimidade na Câmara dos Deputados?
Pelo acordo, o projeto deveria ir diretamente para o Senado, depois da aprovação na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, numa votação que desrespeitou a maioria dos pais e mães do Brasil, contrários a essa invasão dos direitos dos pais.
Contudo, atrapalhando o acordo, o Dep. Jair Bolsonaro conseguiu coletar 51 assinaturas necessárias para fazer com que o projeto seja votado no plenário da Câmara dos Deputados, onde todos os deputados serão vistos votando num projeto que tem ampla antipatia da população.
Magno Malta disse: “Caso seja votada no Senado Federal, com certeza vamos mobilizar a Frente em Defesa da Família Brasileira para coibir este absurdo”.
Por que a Frente Parlamentar Evangélica (FPE) não teve semelhante atitude contra esse absurdo de lei? Por que a FPE não fez na Câmara o que Malta pretende fazer no Senado?
Para vergonha da FPE, Jair Bolsonaro fez o que uma bancada evangélica inteira não quis fazer.
Com informações da Assessoria de Imprensa do Senador Magno Malta.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O Que fazer quando estamos angustiados?

                                                     Por Taciano Cassimiro
Texto: Salmo 4.1-8

É verdade que as aflições que nos atingem no dia a dia, muitas vezes rouba-nos a alegria, e em alguns casos até a vontade de viver. A angustia é algo muito perigoso, pois a mesma pode afastar alguns do caminho de Deus Mt 13.21.

De onde nasce a angustia?

Da preocupação ou sensação de insegurança. Pode estar também associada a causas psicológicas como: traumas, complexo, meio ambiente repressor ou desgastante podem desencadear sensações de opressão. A angustia é também uma emoção que precede algo ( acontecimento, uma ocasião, circunstância), também pode-se chegar a angustia atravéz de lembranças traumáticas que dilaceram a alma.

Há angustia sempre esteve presente na historia do povo de Deus a própria Bíblia nos mostra exemplos de servos que se angustiaram em determinados momentos de suas vidas. 

São eles:

1. O profeta Elias depois de ter vencido os 450 profetas de Baal refugiou-se em uma caverna com medo da perseguição e morte 1 Rs 19.9-10; 

2. O profeta Jonas no ventre do peixe sentiu-se em agonia ( angustia ) e clamou ao Senhor 2.2;

3. O grande apostolo dos gentios, Paulo, teve seus momentos de angustias, e relatou aos seus irmãos da igreja de Corinto que mesmo em aflições, ele, sentia prazer por e no amor de Cristo 2 Co 6.4; 12.10.

4. Até nosso Senhor Jesus, no Jardim do Getsêmane, sentiu sua alma ser inundada pela aflição. Sua angustia lhe causava a dura e severa impressão de morte. Mesmo assim entregou-se a vontade de Deus Mc 14.32-36.

Independentemente de nossa espiritualidade, conhecimento teológico ou até mesmo psicológico nós não estamos livres de sermos acometidos pelas angustias da vida.

Vejamos as lições do Salmo 4 que segundo os estudiosos está no mesmo contexto histórico do Salmo 3, que de forma poética revela-nos as dores de Davi mediante a rebeldia de seu filho Absalão ( pai da paz ), como também nos mostra a confiança de Davi em Deus, mesmo em momento turbulento.

No Salmo 4 Davi fala sobre confiar em Deus na angustia.

Diante da certeza de momentos angustiantes como devemos agir, o que devemos fazer quando estamos angustiados?

1. Devemos clamar ao Senhor v.1

Em momentos de angustia devemos e precisamos orar ao Senhor. João Calvino chamou a oração de “ o principal exercício da fé, mediante a qual recebemos diariamente os benefícios de Deus”.

Em relação a oração surge a seguinte pergunta.
Se a vida cristã inteira, desde o primeiro passo até a perseverança final, é dom de Deus, por que orar então?

Eis a resposta: “Os fiéis não oram para contar a Deus o que ele não sabe, para pressioná-lo em suas tarefas ou apressá-lo quando demora, mas sim a fim de alertar a si mesmos para buscá-lo, para exercitar a fé meditando em suas promessas, livrando-se de suas CARGAS ( ANGUSTIAS ) ao se elevarem a seu íntimo”.

Em nossas angustias devemos clamar ao Senhor, buscá-lo em oração e com certeza encontraremos a paz e alivio que nossas almas necessitam. Pois Ele nos alivia v.1 e nos ouve 3.
A oração deve ser uma prática constante na vida do cristão.

2. Devemos confiar no Senhor v.5

Com certeza a angustia surge como uma resposta aos anseios mais diversos é um estado da alma em que a aflição e agonia se fazem presente, tendo como companheiro o sofrimento.

O salmista nos ensina que devemos clamar, e CONFIAR no Senhor. Nossa confiança deve ser constante em Deus.

O salmista Davi nos versículos 6 e 7 nos dá duas razões básicas para confiarmos no Senhor:

Primeiro, porque o Senhor levanta sobre nós a luz, a sua luz. O salmista diz isso, não como uma possibilidade, mais como certeza. Isto significa que Deus não está alheio a dor,angustia, do seu servo. É reconfortante saber que o Senhor se interessa por nós mesmo em angustia.

Segundo, porque o Senhor nos concede alegria. Amados, em meio a angustia sentimos alegria, receber alegria é algo muito maravilhoso. O natural no moemnto de angustia é sentir dor, muita dor, sofrimento. Porém o Senhor nos concede alegria, e não raro encontramos servos em leito de morte transmitindo vida, paz e consolo, e isto se explica pela presença e alegria do Senhor.

Confie no SENHOR em todo tempo, mesmo em tempo de angustia.

3. Devemos descansar no Senhor v.8

Na angustia o natural seria a falta de sossego, de paz, e do sentido de viver. Com o servo de Deus é diferente. O salmista faz questão em mostrar isso por meio de uma experiência tão simples do dia a dia, o ato de dormir.
Ele diz que se deita em paz e logo pega no sono.
Quantos não conseguem dormir em paz, descansar tranqüilo por não saberem o que fazer com suas angustias.

O servo de Deus sabe o que fazer, ele descansa no Senhor. E faz isto porque tem a convicção de que estar guardado e seguro em Deus.

O hino 69 do Novo Cântico,na quarta stroffe diz:
Tua ovelha, nos teus braços,
Bem segura guardarás.
Vem livrar-me dos pecados
E guarda-me em tua paz!
Amém.

É nesta certeza que somos exortados a descansar sempre no Senhor “ entrega teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará Sl 37.5.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

AUDIO: REFLEXÃO, MUSICAS E DOCUMENTÁRIO

Programa Verdade e Vida na Rádio Agua Viva FM 105,9

1. Música Kleber Lucas - Casa de Davi, casa de oração
2. Coral Presbiteriano da Coréia
3. Reflexão pelo Missionário Taciano Cassimiro
4. Documentário: João Calvino 500 anos
5. Música Alvaro Tito - Cuida de Mim

CLICK ABAIXO NO LINK

VERDADE E VIDA MUSICAS, REFLEXAO E DOCUMENTARIO.mp3

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

terça-feira, 15 de novembro de 2011

SEITAS E HERESIAS

Hans Küng quer nova Reforma na Igreja Católica



Entrevista concedida pelo teólogo católico suíço Hans Küng ao jornal alemão Der Spiegel, traduzida e publicada no Estadão de hoje:

'Crise da Igreja lembra período da Reforma'

Teólogo diz que excessiva concentração de poder nas mãos do papa impede as mudanças necessárias para conter fuga de fiéis

DER SPIEGEL - O Estado de S.Paulo

Crítico do papa Bento XVI e de seu antecessor, João Paulo II, o teólogo Hans Küng, de 83 anos, afirma que a Igreja Católica só vai recuperar os fiéis que perdeu nos últimos anos se abandonar o sistema centralizador na figura do papa - que ele compara a um monarca absoluto - e retomar o legado de reformas democráticas do Concílio Vaticano 2.º. "O momento é de mudança, e o papa e os bispos estão cegos, como há 500 anos, na época da Reforma."

Muitos católicos acham que o acobertamento dos abusos sexuais de crianças por padres afastou fiéis da Igreja. O que está errado na Igreja?

Se você encara a questão em palavras tão simples, darei uma resposta igualmente simples. O antecessor de Joseph Ratzinger (atual papa Bento XVI), João Paulo II, lançou um programa de restauração política e eclesiástica que contestava as intenções do Concílio Vaticano 2.º. Ele queria uma recristianização da Europa. E Ratzinger era o seu mais leal assistente, desde o início. Poderíamos chamar aquela época como um período de restauração do regime romano anterior ao concílio.

Como foi possível que esses problemas começassem a surgir de repente, 50 anos depois do Concílio Vaticano 2º (1962-1965)?

Os problemas surgiram há algum tempo na Igreja, como revela o acobertamento dos escândalos de abusos sexuais que duraram décadas. A certa altura, o problema mundial dos abusos não pôde mais ser negado. Mas este não é o único acobertamento da hierarquia católica.

O que o sr. quer dizer com isso?

Quero dizer que a vida da Igreja no plano das paróquias praticamente se desintegrou em muitos países. Em 2010, pela primeira vez, o número de pessoas que deixaram a Igreja superou o número das que foram batizadas na Alemanha. Desde o concílio, perdemos dezenas de milhares de sacerdotes. Centenas de presbitérios estão sem pastores e a ordenação de homens está desaparecendo porque não se consegue mais recrutar sangue novo. Mas a hierarquia da Igreja não tem a coragem de admitir, honesta e francamente, a verdadeira situação.

É tarde demais para salvar a Igreja?

A Igreja Católica como comunidade de fé poderá se manter, mas somente se abandonar o sistema de governo romano. Nós conseguimos sobreviver sem esse sistema absolutista por mil anos. Os problemas começaram no século 11, quando os papas afirmaram sua reivindicação do controle absoluto sobre a Igreja, aplicando uma forma de clericalismo que privou o laicato de todo poder. A regra do celibato também vem daquela época.

Recentemente, o sr. criticou o papa Bento XVI, afirmando que nem mesmo o rei Luis XIV foi tão autocrático. Bento XVI poderia realmente mudar o sistema romano se assim quisesse?

Na verdade esse absolutismo é um elemento essencial do sistema romano. Mas nunca foi um elemento essencial da Igreja Católica. O Concílio Vaticano 2.º fez de tudo para se afastar dele, mas infelizmente não foi até o fim. Ninguém ousou criticar o papa diretamente, mas houve uma ênfase na relação colegial do papa com os bispos, que se destinava a integrá-lo novamente na comunidade.

O sr. pede também o fim do celibato, que as mulheres sejam ordenadas sacerdotes e a Igreja levante a proibição do controle da natalidade - valores considerados fundamentais da Igreja Católica. O que restaria da Igreja?

O que restará será a mesma Igreja Católica que existia antigamente - e era melhor. Não estou dizendo que o papado deva ser abolido. Mas nós precisamos de agências que sirvam às congregações, do tipo de papado exercido por João XXIII. Ele não procurava dominar. Ao contrário, ele simplesmente demonstrou que estava ali para todos, inclusive para as outras igrejas. Ele estabeleceu as bases para o concílio e o novo amanhecer do cristianismo ecumênico.

Muitos afirmam que, se todas as reformas que o sr. defende fossem implementadas, a Igreja se tornaria mais protestante e abandonaria seu caráter católico.

A Igreja indubitavelmente se tornará um pouco mais protestante. Mas nós sempre preservaremos o nosso caráter distinto. Nossa maneira de pensar global, nossa universalidade, diferencia-nos de uma certa visão estreita das igrejas regionais protestantes. E assim teria de permanecer, assim como deveria ser mantido o cargo do papa. Mas se tudo se concentrar no cargo, acabaremos com um vigário medieval, um papa como monarca absoluto, que personifica simultaneamente o Executivo, o Legislativo e o Judiciário - contradizendo a moderna democracia e o Evangelho.

Pelo visto, o sr. quer reformar a Igreja para permitir que ela continue existindo. E o papa tenta fechar a Igreja para o mundo exterior e restringi-la cada vez mais a um núcleo conservador, que poderá até sobreviver.

De fato. No passado, o sistema romano foi comparado ao sistema comunista, no qual uma única pessoa podia se manifestar. Hoje, eu me pergunto se por acaso não nos encontramos em uma fase de "putinização" da Igreja Católica. Evidentemente não quero comparar o Santo Padre, como pessoa, ao ímpio estadista russo Vladimir Putin. Mas há muitas semelhanças estruturais e políticas entre os dois. Putin herdou um legado de reformas democráticas, mas ele fez tudo o que podia para anulá-las. Na Igreja, tivemos o concílio, que iniciou a renovação e o entendimento ecumênico. A política de restauração do papa polonês, a começar dos anos 1980, tornou possível que cabeças de mentalidade parecida, integrantes da Congregação para a Doutrina da Fé, que trabalha de maneira totalmente sigilosa, outrora conhecida como Congregação da Inquisição Romana e Universal - que continua sendo uma inquisição, apesar do seu novo nome -, fossem eleitas papa.

No ano passado, o sr. escreveu uma carta aberta a todos os bispos do mundo, em que apresentou uma explicação detalhada da sua crítica ao papa e ao sistema romano. Qual foi a resposta?

Há cerca de 5 mil bispos no mundo, mas nenhum deles ousou comentá-la publicamente. Isso mostra claramente que alguma coisa não funciona. Mas se você fala aos bispos individualmente, ouve muitas vezes: "O que o sr. descreve está fundamentalmente correto, mas não há nada que se possa fazer a respeito". Seria maravilhoso se um bispo importante dissesse apenas: "Isso não pode continuar". Mas, até agora, ninguém teve a coragem de fazê-lo. A situação ideal, na minha opinião, seria uma coalizão de teólogos reformistas, leigos e pastores abertos à reforma e bispos dispostos a apoiá-la. Evidentemente, eles poderiam entrar em conflito com Roma, mas teriam de encarar essa possibilidade num espírito de lealdade crucial.

Isso levou à Reforma, há 500 anos. Mas, na época, o Vaticano era incapaz de compreender as críticas vindas de suas bases.

Depois de 500 anos, surpreendemo-nos com o fato de que o papa e os bispos de então não terem percebido que a reforma era necessária. Lutero não queria dividir a Igreja, mas o papa e os bispos estavam cegos. Aparentemente, uma situação semelhante persiste ainda hoje.

TRADUÇÃO ANNA CAPOVILLA

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A Verdade Sobre a Compatibilidade Conjugal



Phil Smidt

No que se refere à compatibilidade, eu e minha esposa somos muito diferentes.

Quando meu filho mais velho estava com três anos de idade, fui passear de carro com ele pela cidade. Um semáforo levou-o a me perguntar o que significava a luz amarela. "Filho", comecei a responder com minha sábia voz paternal, "uma luz amarela significa que precisamos ter cautela".

Sua mente inquisitiva queria testar essa teoria; por isso, fez a mesma pergunta à minha esposa no dia seguinte.  "Filho", ela lhe informou, enquanto agitava suas mãos enfaticamente, "uma luz amarela significa ANDE DEPRESSA!"

Minha esposa precisava ir a muitos lugares. Tinha pressa. Mas eu gostava de andar devagar e desfrutar do cenário.

O que é compatibilidade?
O dicionário define compatibilidade como "a capacidade de viver junto em harmonia". Nossa cultura valoriza muito a compatibilidade no casamento, mas acredita-se que é preciso achar a pessoa certa para se conseguir isso. Se você encontrar "aquela pessoa", haverá harmonia. No entanto, a Bíblia ensina que casamentos harmoniosos não são algo natural. Desde a Queda, relatada em Gênesis 3, o pecado nos tornou incompatíveis, porque os relacionamentos se tornaram naturalmente prejudicados e fraturados. Mas o evangelho nos dá esperança de vivermos em harmonia com os outros, quando Jesus reconstrói os relacionamentos. Focalizamos as outras pessoas em vez de focalizarmos a nós mesmos (Rm 15.5).

Compatibilidade bíblica
Então, o que a Bíblia diz especificamente sobre achar um cônjuge compatível? Um cristão verdadeiro deve casar-se com outro cristão verdadeiro (2 Co 6.14, 1 Co 7.39). Este é o ensino bíblico, porém significa muito mais.

Em vez de procurar uma pessoa compatível, os cristãos são instruídos a casarem-se com outro cristão e se tornarem cônjuges compatíveis. A transformação exige a graça e o poder de Jesus – boas novas para aqueles que procuram se casar ou já estão casados, pois Deus não deixa as mudanças por conta de nossos próprios esforços.

Perguntas que os solteiros devem fazer quando procuram um cônjuge biblicamente compatível:

1 - Como saber se ele ou ela se submete, de boa vontade, à autoridade de Deus?

Moças, se o rapaz não se submete à autoridade de Deus, ele é um homem perigoso. Rapazes, se a moça não se submete a uma autoridade piedosa agora (a um homem que, a propósito, não é você), ela é o tipo de mulher que Provérbios os adverte a evitar.

2 - Como saber se ele ou ela é submisso aos ensinos?

Se alguém gosta de discutir, está mais preocupado em ter razão do que em ser justo. Quando você pensa que venceu a discussão no casamento, na realidade perdeu. O casamento é amadurecimento manso, em que os cônjuges reconhecem que têm muito a aprender pelo resto da vida.

3 – Ele ou ela é conhecido e envolvido na comunidade cristã?

É fácil usar uma máscara quando nos sentimos atraídos por alguém e motivados por casamento. Se a pessoa não é conhecida na comunidade, você não a conhece. Outros precisam dar testemunho quanto ao seu caráter, integridade e fé.

4 - Como ele ou ela fala dos outros?

Se a pessoa é crítica, exigente ou petulante em suas atitudes e palavras, continuará assim no casamento. Logo, você se tornará o alvo da ira e do orgulho dela.

5 - Como ele ou ela reage quando confrontado com o pecado?

Quando alguém tenta esconder, disfarçar, acusar, desculpar ou racionalizar seu pecado, ele tem uma visão distorcida do evangelho. Por causa de Jesus, podemos confessar os pecados (1 João 1.0), arrepender-nos (Rm 2.4), andar na luz (Ef 5.8-9) e reconciliar-nos com Deus (2 Co 5.17-21).

Perguntas para os casados que desejam se tornar biblicamente mais compatíveis:

1 - O que você percebe, com frequência, que está certo ou errado em seu casamento?

Se você é cristão, há muita coisa certa com você, porque Jesus o salvou da ira de Deus e você lhe pertence. Você possui todos os recursos em Cristo à sua disposição (2 Pe 1.3). Como filho redimido de Deus, o perdão e a graça podem fluir livremente de seu coração, deixando que você seja proveitoso às fraquezas do seu cônjuge. Você vive dessa maneira?

2 – Quando foi a última vez que você fez alguma coisa intencional para o seu cônjuge?

A bondade e a consideração fortalecem o casamento. Todavia, muitos casais acham que podem falar com aspereza, desdém ou falta de perdão. "Para melhor ou para pior" não é permissão para pecar. Você precisará de fé e humildade para reagir com graça quando estiver irado, magoado ou for mal interpretado.

3 - Você crê que Deus sabia o que estava fazendo quando o fez casar-se com seu cônjuge? 

Quando o casamento está difícil, você pode ser tentado a pensar que cometeu um engano e esquece que o casamento nos molda, com frequência, de maneiras dolorosas. Volte no tempo e lembre o que aprecia e admira no outro. É possível que essas qualidades ainda estejam presentes, mas você permitiu que o pecado e o egoísmo entrassem sorrateiramente e obstruíssem sua visão.

4 - É preciso que você se arrependa da insatisfação e das queixas no seu casamento.

É preciso haver uma intervenção sobrenatural do Espírito Santo para que sejamos gratos. Nossa tendência é comparar e queixar. A gratidão é um estilo de vida ordenado pelas Escrituras (Cl 3.15-17), e não uma simples sugestão para os feriados de verão. Pelo que você se sente grato? O que você gosta no seu cônjuge?

5 - Você e seu cônjuge oram juntos? Vocês oram um pelo outro?

É difícil ficar com o coração endurecido e amargurado com uma pessoa por quem você ora frequentemente. Deus fará uma grande obra no seu casamento enquanto você estiver orando. A oração mostra que necessitamos de Deus e é um ato de adoração.

Traduzido por: Yolanda Mirdsa Krievin

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terça-feira, 25 de outubro de 2011

John Knox, o presbiteriano com uma espada






Knox era um ministro do evangelho cristão que defendia a revolução armada. Ele era considerado um dos mais poderosos pregadores de seus dias, mas apenas dois das centenas de sermões que pregou foram publicados. Ele é uma figura-chave na formação da Escócia moderna, mas só há um monumento erguido em sua homenagem neste país, e seu túmulo está embaixo de um estacionamento.

John Knox era de fato um homem de muitos paradoxos, um Jeremias hebreu estabelecido em solo escocês. Numa campanha incessante de oratória flamejante, ele buscou destruir o que achava ser idolatria e purificar a religião da Escócia.
 
Abraçando a causa - John Knox nasceu por volta de 1514, em Haddington, uma pequena cidade ao sul de Edinburgo. Por volta de 1529 ele entrou na Universidade de St. Andrews e continuou fazendo Teologia. Foi ordenado em 1536, mas se tornou um tabelião, e depois tutor dos filhos dos proprietários de terras locais (a nobreza inferior escocesa).

Eventos dramáticos aconteceram durante a juventude de Knox. Muitos estavam enfurecidos com a Igreja Católica, que possuía mais da metade dos imóveis e tinha uma renda anual de quase 18 vezes a da Coroa. Os bispos e padres eram freqüentemente meros indicados políticos, e muitos nunca esconderam suas vidas imorais: o arcebispo de St. Andrews, cardeal Beaton, andava abertamente com concubinas e era pai de 10 filhos.

O constante tráfego marítimo entre a Escócia e a Europa permitiu que a literatura luterana fosse contrabandeada para dentro do país. Autoridades da igreja ficaram alarmadas com esta “heresia”, e tentaram suprimi-la. Patrick Hamilton, um declarado protestante convertido, foi queimado vivo em 1528.

No início dos anos de 1540, Knox conheceu a influência de reformadores convertidos, e sob a pregação de Thomas Guilliame se juntou a eles. Tornou-se, então, um guarda-costas do feroz pregador protestante George Wishart, que estava pregando por toda a Escócia.

Em 1546, entretanto, o cardeal Beaton prendeu, julgou, estrangulou e queimou Wishart. Em resposta, um grupo de 15 nobres protestantes invadiu o castelo, assassinou Beaton e mutilou seu corpo. O castelo foi imediatamente cercado por uma frota de navios franceses (a França católica era aliada da Escócia). Embora Knox não fosse co-responsável pelo assassinato, ele o aprovou, e durante um furo no cerco, se juntou ao grupo sitiado no castelo.

Durante um culto protestante em um domingo, o pregador John Rough falou sobre a eleição de ministros e publicamente pediu a Knox que assumisse a função de pregador. Quando a congregação confirmou o chamado, Knox ficou abalado e foi às lágrimas. Ele declinou, a princípio, mas finalmente se submeteu ao que sentia ser um chamado divino.

Foi um ministério curto. Em 1547, depois de o castelo de St. Andrews ser cercado mais uma vez, ele finalmente cedeu. Alguns de seus ocupantes foram presos. Outros, como Knox, foram mandados para as galés como escravos.

Pregador viajante - Dezenove meses se passaram antes que ele e outros fossem libertados. Knox passou os cinco anos seguintes na Inglaterra e sua reputação como pregador cresceu muito. Mas quando a católica Mary Tudor assumiu o trono, ele foi forçado a fugir para a França.

Ele foi até Genebra, onde encontrou João Calvino. O reformador francês o descreveu como um “irmão… trabalhando com energia pela fé”. Knox, de sua parte, ficou tão impressionado com a Genebra de Calvino que a chamou de “a escola mais perfeita de Cristo que esteve sobre a terra desde os dias dos apóstolos”.

Knox viajou então para Frankfurt am Main, onde se juntou a outros protestantes refugiados – e rapidamente entrou em controvérsia. Os protestantes não conseguiam concordar com uma ordem de culto. As discussões tornaram-se tão acaloradas que um grupo abandonou uma igreja num domingo, recusando-se a cultuar no mesmo prédio que Knox.

De volta à Escócia, os protestantes estavam redobrando seus esforços e congregações estavam se formando por todo o país. Um grupo, que veio a ser chamado de Os Senhores da Congregação, votaram para fazer do protestantismo a principal religião da Terra. Em 1555, eles convidaram Knox para retornar à Escócia para inspirar a tarefa da reforma. Ele passou nove meses pregando extensiva e persuasivamente na Escócia antes de retornar à Genebra.

Golpes furiosos - Mais uma vez longe de seu lar, ele publicou alguns de seus tratados mais controversos: em sua Admonition to England [Admoestação à Inglaterra], rancorosamente atacou os líderes que permitiram ao catolicismo voltar à Inglaterra. Em The First Blast of the Trumpet Against the Monstrous Regiment of Women [O primeiro toque da trombeta contra o regime monstruoso das mulheres], argumentou que uma governante mulher (como a rainha inglesa Mary Tudor) era “mais odiosa na presença de Deus” e que ela era “uma traidora e se rebelava contra Deus”. Em Appellations to the Nobility and Commonality of Scotland [Apelos à nobreza e à plebe da Escócia], estendeu às pessoas comuns o direito – na verdade a tarefa – de se rebelar contra governantes injustos. Como ele disse a rainha Mary da Escócia mais tarde: “A espada da justiça pertence a Deus, e se os príncipes e governantes deixarem de usá-la, outros o farão.”

Knox retornou à Escócia em 1559, e mais uma vez emprestou suas habilidades formidáveis de pregação para aumentar a militância protestante. Poucos dias após sua chegada pregou um sermão violento em Perth contra a “idolatria” católica, causando tumulto. Imagens foram esmagadas e templos religiosos destruídos.

Em junho, foi eleito ministro da igreja de Edimburgo, onde continuou a exortar e a inspirar. Em seus sermões, sempre gastava meia hora calmamente fazendo a exegese de uma passagem bíblica. Então, quando aplicava o texto à situação escocesa, tornava-se “ativo e vigoroso” e esmurrava o púlpito violentamente. Disse um homem que tomava notas: “Ele me fez sacudir e tremer de um modo que eu não podia segurar a caneta.”

Os Senhores da Congregação ocuparam militarmente mais e mais cidades, de modo que finalmente, no tratado de Berwick de 1560, ingleses e franceses concordaram em deixar a Escócia (os ingleses, agora sob o reinado da protestante Elizabeth I tinham ido ajudar os escoceses protestantes; os franceses estavam ajudando o grupo católico). O futuro do protestantismo na Escócia estava garantido.

O Parlamento ordenou que Knox e cinco outros colegas escrevessem uma Confissão de Fé, o Primeiro Livro da Disciplina e o Livro da Ordem Comum — os quais colocaram a fé protestante na Escócia de um modo distintamente calvinista e presbiteriano.

Knox terminou seus anos como pregador na igreja de Edimburgo, ajudando a moldar o protestantismo na Escócia. Durante esse tempo, escreveu History of the Reformation of Religion in Scotland [História da reforma da religião na Escócia].

Embora permaneça um paradoxo para muitos, ele claramente foi um homem de grande coragem. Alguém, diante da sepultura aberta de Knox, disse: “Aqui jaz um homem que nunca lisonjeou nem temeu nenhuma carne.” O legado de Knox é grande: seus filhos espirituais incluem cerca de 750 mil presbiterianos na Escócia, 3 milhões nos Estados Unidos e muitos milhões espalhados pelo mundo todo.

Fonte: Revista Cristianismo Hoje



quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Igreja Presbiteriana ordena pela primeira vez um pastor assumidamente gay

A Igreja Presbiteriana americana ordenará neste sábado pela primeira vez um pastor abertamente homossexual: Scott Anderson, que há duas décadas decidiu revelar que era gay e se viu obrigado a renunciar ao posto em sua congregação na Califórnia.

A ordenação, que marca mais um passo de uma Igreja protestante pela aceitação de homossexuais no clero, acontece após décadas de debate. Em maio deste ano, com o endosso da assembleia nacional presbiteriana, a Igreja resolveu remover de sua constituição a obrigação de um clérigo de estar "dentro do convênio do casamento entre um homem e uma mulher, ou da castidade no celibato".

Numa entrevista recente em sua atual igreja, no Winsconsin, Anderson, de 56 anos, relembrou o dia em que teve que tomar a decisão após ter sua sexualidade descoberta por um casal, que ameaçou denunciá-lo.

"Foi realmente o pior e o melhor momento da minha vida", disse Anderson. "O melhor porque pude pela primeira vez dizer que eu era gay. Mas houve também tristeza por ter que deixar o que eu amava".

Jennifer Sauer, que frequenta a atual Igreja de Anderson no Winsconsin, disse que ele está emocionado com a ordenação. "Qualquer um que conheça Scott vê seu extraordinário dom como pastor, sua habilidade de pregar a palavra, sua humildade", disse Sauer.

Conservadores questionam
Mas membros mais conservadores como Tom Hay, diretor de operações da Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana, ameaçaram abandonar a Igreja. "Os episcopais, luteranos, a Igreja Unida de Cristo: todos deram esse passo e tiveram perdas", afirma Hay. "Acho que nós perderemos também".

Várias razões foram citadas pelos defensores das mudanças na Igreja Presbiteriana, entre elas a tendência à aceitação da união do mesmo sexo na sociedade americana e o pouco interesse, entre membros do próprio clero, de continuar com o debate.
O pastor Scott Anderson conta que decidiu que queria ser pastor no ensino médio, e que só anos depois descobriu sua orientação sexual. No primeiro ano como seminarista, se apaixonou por outro homem.

"Naquele momento, eu tive que tomar a decisão: Sigo a regra e continuo no armário, ou saio, passo a ser honesto comigo mesmo e deixo o seminário?", conta.

A primeira opção foi pela religião. Anderson diz que esperava que a decisão fosse recebida com rejeição, mas a resposta por parte de sua então congregação o surpreendeu: recebeu apoio emocional e um cheque para cobrir os estudos regulares. Ele acabou indo para uma congregação diferente.

A ordenação deste sábado significa que ele passará a ter as tarefas que já tem. A diferença é que poderá novamente realizar sacramentos.

Para o pastor, ao aceitar homossexuais a Igreja Presbiteriana ficará mais fortalecida."Isso realmente mostra para a sociedade que temos uma Igreja que não fala apenas em ser criado à imagem e semelhança de Deus e sim que somos criados para se relacionar uns com os outros. Isso dará à Igreja Presbiteriana muito mais integridade em seu testemunho da fé cristã", disse.

Notícias Cristãs com informações de O Globo

Nota:  Apesar de ter origens na PCUSA, a IPB não mantém relações fraternas com a mesma.

Fonte: UOL E NOTICIAS CRISTÃ

Christopher Love



Uma breve história do Pregador Presbiteriano de Gales

Sua vida e morte

I. Introdução

A era dos puritanos é repleta de diversas pessoas brilhantes que sofreram muito ou realizaram muito por causa de Cristo. Entre os chamados de gigantes puritanos, alguém sem dúvida encontrará nomes tais como: Jeremiah Burroughs, Richard Baxter, John Flavel, Richard Sibbes, Thomas Watson, Thomas Vincent e William Ames. Todavia, há um nome que freqüentemente está ausente dessa lista ou é pouco citado: Christopher Love.

Tiraram-lhe a vida quando ele tinha 33 anos e, talvez, essa seja uma razão de conhecermos pouco dele. A despeito de sua curta vida, as obras que escreveu sobrepassam a quantidade escrita por muitos outros teólogos puritanos cujos nomes são familiares para a maioria de nós. Pode ser o caso de que sua vida não tenha sido tão significativa na história como o foi sua morte.

O propósito deste artigo é dar uma olhada na vida e morte desse jovem puritano de quem J. I. Packer disse: “Christopher Love foi um jovem pregador galês e uma estrela em ascensão no mundo do ministério puritano”.

II. A Vida de Christopher Love

A. Os Primeiros Anos de Vida

O ano era 1618, e Christopher Love veio ao mundo em Cardiff, uma antiga cidade em Gales. Ele era o filho mais moço dos seus pais, mas era a criança da velhice deles e o portador do nome do pai. Pouco eles sabiam que sua vida duraria somente meros 33 anos e terminaria abruptamente no cadafalso de Tower Hill.

Seus pais não eram nem ricos, nem pobres e, mesmo assim, foram capazes de providenciar-lhe uma boa educação, embora nunca houvessem pretendido que ele entrasse para o ministério. Na infância, Love desenvolveu uma paixão por livros e por conhecimento, devotando “muito do tempo, tanto de noite como de dia, aos seus amados estudos”.

Antes dos quinze anos, Christopher Love nunca tinha ouvido um sermão. Um dia, pela novidade interessante que isso parecia ser, ele foi a um culto com outros para ver um homem no púlpito, William Erbery.

Todavia, por meio do sermão Deus deu a Love uma tamanha visão de sua pecaminosidade que ele foi para casa aquela noite em profunda tristeza e medo do inferno. Antes de chegar em casa, o Senhor tinha salvo Love mediante Seu amor. A mudança que se operou durante o caminho para casa foi tão visível que seu pai imediatamente a percebeu.

Vendo o filho em tal estado de melancolia, o sr. Love aconselhou-o a se unir a seus amigos num clube de homens para um jogo usual. Mas Christopher Love não participaria mais das veredas pecaminosas de outrora.

No dia seguinte Love pediu permissão ao pai para assistir a uma palestra à noite, na igreja. O pai recusou de maneira inflexível e trancou-o no cômodo superior da casa. Love fugiu pela janela por meio de uma corda improvisada e pegou o caminho para a igreja. Ele pensou que seria melhor desagradar seu pai terreno do que ofender seu novo Pai celestial. Tal coragem pela Palavra de Deus o levaria à sua morte dezoito anos mais tarde.

Love encontrou comunhão com o irmão Erbery e lhe derramou o coração. Muitos dos amigos com quem ele costumava desfrutar os vícios também vieram à fé em Cristo e agora freqüentemente ficavam juntos nas últimas horas da noite para orar e jejuar, separando duas noites por semana para seus exercícios devocionais. Antigamente chamado de apostador, ele era agora chamado de um “pequeno puritano”. Tudo isso trouxe muita tristeza a seu pai. Vendo o recente desprezo do pai pelo filho, Erbery pediu permissão parte ter o jovem Christopher Love vivendo com ele, para que ele pudesse instruí-lo mais e cuidar adequadamente dele. O sr. Love consentiu.

B. Seus Estudos e Início do Ministério

A vida com o irmão Erbery desenvolveu-se muito bem. Naquela época, ele conseguiu permissão para estudar em Oxford, a fim de se preparar para uma vida no ministério do evangelho de Jesus Cristo.

Seu pai consentiu, mas com muito desprazer. O único apoio que o pai lhe deu foi um cavalo sobre o qual ele podia cavalgar até Oxford.

Contudo, sua mãe secretamente lhe supria com algum dinheiro. Erbery também se esforçou para assistir o jovem. Ao chegar em Oxford, em 29 de julho de 1635, ele escolheu Christopher Rogers como tutor. Rogers tinha sido descrito a Love como o “arquipuritano”7, e essa foi a razão da escolha. Love se lançou completamente aos estudos, freqüentemente se privando de sono e recreação. Todavia, permaneceu, por algum tempo durante esse período em sua vida, uma tristeza pelos anos que havia gasto em pecado. Seu coração foi grandemente sobrecarregado, e, com poucos amigos a quem buscar a fim de encontrar conforto, ele aprendeu a se voltar para a graça de Deus. Graças a tudo isso Love desenvolveu um zelo pela Palavra e pela Igreja de Deus. Ele gastava horas na Igreja de São Pedro ouvindo sermões e muitas mais ainda pregando-os também, aprimorando seu dom.

Christopher Love saiu-se tão bem em seus estudos que Rogers, seu tutor, convidou-o para viver em sua própria casa. Em maio de 1639 Love se graduou com seu bacharelado e continuou para adquirir seu mestrado, mas foi expulso antes de alcançar esse nível. Sua expulsão foi devida à sua recusa em assinar os mandatos do Arcebispo Laud durante a convocação. Ele foi readmitido mais tarde em 1645 e recebeu o título de mestre em 1645. Love foi o primeiro a recusar assinar os novos cânones de Laud.

Durante o tempo de sua expulsão, Love foi convidado para a casa do xerife Warner para servir como um capelão doméstico. O amor da família por ele tornou-se profundo e ele foi usado por Deus para trazer vários membros dela à fé em Cristo. Foi nessa casa que Love encontrou sua amada Mary Stone, a enfermeira do xerife. Seis anos mais tarde (9 de abril de 1645) eles se casaram. Love foi também convidado a ocupar a posição de professor acadêmico na Saint Anne’s, mas o bispo de Londres se opôs veementemente, pois ele não era ordenado, de forma que durante três anos “foi-lhe recusada sua concessão”. Recusando ser ordenado pela Igreja Anglicana, ele viajou para a Escócia a fim de buscar o rito de ordenação dos presbiterianos.

Desafortunadamente, os escoceses tinham determinado não ordenar ninguém ao ministério, a menos que a pessoa permanecesse no norte para realizar a obra do Senhor. Love fez grandes propostas para ser aceito entre eles, mas voltou para casa desapontado.

Ao retornar, foi convidado ao púlpito em Newcastle, em um domingo. Em seu sermão ele atacou o Livro da Oração Comum e as cerimônias da Igreja da Inglaterra. Por causa disso, ele foi preso com ladrões e assassinos. Enquanto encarcerado, muitas pessoas se reuniram para vê-lo, mas não lhes foi permitir visitá-lo; portanto, ele começou a pregar às multidões de fora através das barras do portão da prisão. Após algum tempo no cárcere, foi levado para Londres, julgado e absolvido de todas as acusações.

Algum tempo depois, Love foi acusado de traição e rebelião por pregar que uma guerra defensiva era justificável. Novamente ele foi considerado inocente. Pouco depois desse incidente, ele foi feito o capelão da guarnição militar de Windsor, que estava sob o comando do coronel John Veen. Ele foi grandemente amado por aqueles a quem ministrou, mesmo pelos que discordavam dele sobre os assuntos da igreja. Enquanto ministrava nesse posto, uma praga fulminou a cidade e o castelo. Embora muitos tenham morrido ao seu redor, Love corajosamente continuou ministrando. Apesar de se expor às infecções e à morte, o Senhor o preservou.

C. Sua Ordenação e Posterior Ministério

Naquela época, os presbiterianos chegaram ao poder. Isso deu a Love oportunidade para a ordenação que ele tinha tão intensamente desejado. “Na instigação de Edmund Calamy”, Christopher Love foi ordenado em 23 de janeiro de 1644, na Igreja Aldermanbury pelos senhores Horton, Bellers e Roberts. Durante o exame de ordenação foi-lhe perguntado se ele poderia sofrer pelas verdades de Cristo. Ele respondeu: “Eu tremo ao pensar sobre o que devo fazer em tal caso, especialmente quando considero como muitos se vangloriaram de que poderiam sofrer por Cristo, e, todavia, quando o momento chegou, negaram a Cristo e a Suas verdades em lugar de sofrer por eles.

Portanto, não ouso me vangloriar do que farei, mas, se este poder me for dado por Deus, então, eu não somente estarei disposto a ser preso, como também a morrer por causa do Senhor Jesus”. O reverendo Christopher Love cumpriria essas palavras em Tower Hill.

Durante os próximos poucos anos, Love pregou com severidade contra o episcopado e o Livro de Oração Comum, aos quais ele se referia.
Fonte: Os Puritanos

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Por trás do monge e do executivo


Entrevista com James C. Hunter

Poucos líderes nunca ouviram falar do livro O Monge e o Executivo (Editora Sextante). Ele se tornou febre no mundo corporativo, está há 222 semanas no ranking dos livros mais vendidos da Revista Veja e já vendeu mais de 2 milhões de cópias no mundo.

No livro, o norte-americano James C. Hunter conta a história de um executivo que vai buscar soluções para seus dilemas profissionais e pessoais num mosteiro beneditino. Neste lugar ele ouve falar de um homem que não ocupou cargo algum, não fez faculdade e sequer pisou numa empresa: Jesus Cristo. O monge apresenta o Mestre como o exemplo maior de líder.

No entanto, o que a maioria dos leitores dos livros de Hunter não sabe é que, o homem por trás do livro que introduziu o conceito de liderança servidora nas empresas é crente em Jesus Cristo há quase 30 anos. E foi sobre a sua experiência na fé que Hunter concedeu esta entrevista exclusiva para o nosso site.

Qual é a sua experiência pessoal com Cristo?
Hunter – Tenho sido um cristão sério e praticante nos últimos 28 anos. Fui batizado ainda criança, mas não levei minha fé a sério até ter 30 anos. A salvação fez sentido para mim em 1981. Atualmente, eu e minha família freqüentamos uma pequena igreja batista próxima de nossa casa.

Você já ocupou algum cargo de liderança na sua igreja local?
Hunter - Sim, já fui ancião e depois o presidente do conselho da igreja. Atualmente, sou professor do curso de Liderança e também do curso Construindo nossa Comunidade, ambos na igreja local.

Seria possível escrever um livro sobre liderança servidora sem ter experimentado o novo nascimento?
Hunter – Não! Minha fé é extremamente importante para mim e foi fundamental ao escrever livros sobre o tema.

Que tipo de retorno você tem recebido dos pastores e de outros líderes cristãos sobre seu livro?
Hunter – Os pastores e líderes cristãos que entram em contato têm apoiado e dado indicações de que amaram o livro. Mas, a maior surpresa foi que os líderes de organizações seculares foram aqueles que realmente se interessaram pelo livro. Eu gasto 98% do meu tempo ensinando o conceito de liderança servidora em empresas e somente 2% em organizações cristãs. Isto foi surpreendente! Muitas organizações cristãs acreditam que entendem e praticam o conceito de liderança servidora, embora minha experiência mostre o contrário... Na realidade, poucas organizações cristãs realmente entendem e praticam a liderança servidora.

Você acredita que os seus leitores não cristãos tem se interessado em conhecer mais sobre Jesus Cristo?
Hunter – Sim, eu realmente creio que os princípios de meus livros podem ajudar a criar uma abertura para Jesus. Eu não tenho nenhuma estatística para apoiar esta afirmação, mas meu instinto diz que o conceito de liderança servidora pode gerar mentes e corações abertos para ouvir o Evangelho de Jesus Cristo.

Qual foi o seu maior desejo ao escrever este livro?
Hunter - Apresentar os princípios de liderança servidora que podem mudar nossas vidas em um mundo perdido e falido.

Que conselho daria aos líderes cristãos em relação ao tema Liderança Servidora em suas igrejas?
Hunter – O melhor conselho que posso dar é seguir o conselho e o exemplo de nosso líder Jesus. Ele disse que liderar é servir. Sendo assim, amem e sirvam os outros. Amar significa se doar para os outros, identificando e suprindo suas reais necessidades e buscando o melhor para suas vidas.

Reprodução Autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado o site www.institutojetro.com

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Já Vimos Isto Antes: Rob Bell e o Ressurgimento da Teologia Liberal




O romancista Saul Bellow ressaltou, certa vez, que ser um profeta é uma obra excelente se você pode consegui-la. O único problema, ele sugeriu, é que, mais cedo ou mais tarde, um profeta tem de falar sobre Deus. E, nesse ponto, o profeta tem de falar com clareza. Em outras palavras, o profeta terá de falar com especificidade a respeito de quem é Deus, e, nesse ponto, as opções se restringem.

Durante os últimos vinte anos, um movimento identificado como cristianismo emergente tem feito o seu melhor para evitar o discurso com especificidade. Figuras importantes no movimento ofereceram críticas mordazes dos principais segmentos do evangelismo. Mais enfaticamente, eles têm acusado, de diversas maneiras, o cristianismo evangélico de ser excessivamente preocupado com doutrina, fora de sintonia com a cultura, muito proposicional, ofensivo além do necessário, esteticamente mal nutrido e monótono.

Muitas de suas críticas eram relevantes – em especial, aquelas alicerçadas em preocupações culturais – mas outras denunciaram o que pode ser descrito como um relacionamento estranho com a teologia cristã ortodoxa. Desde o começo do movimento, muitos líderes da igreja emergente exigiam uma grande transformação na teologia evangélica.

No entanto, mesmo quando muitos desses líderes insistiam em que permaneciam dentro do círculo evangélico, ficou claro que muitos estavam se movendo para uma postura pós-evangélica. Houve os primeiros indícios de que o rumo do movimento seguia em direção ao liberalismo teológico e ao revisionismo radical. Mas a forma predominante do argumento deles era a sugestão, e não a asseveração.

Em vez de fazerem asseverações teológicas e doutrinárias claras, figuras da igreja emergente levantam, geralmente, questões e oferecem comentários sugestivos. Influenciados pelas teorias da narrativa pós-modernas, muito no movimento da igreja emergente se apóiam em histórias, e não no argumento formal. A direção geral parecia bastante clara. Os principais líderes da igreja emergente pareciam estar impulsionando o Liberalismo Protestante – apenas um século depois.

O liberalismo protestante surgiu no século XIX quando teólogos influentes defendiam uma reforma doutrinária. O desafio deles para a igreja era simples e franco: os desafios intelectuais da era moderna tornavam impossível a crença nas doutrinas cristãs tradicionais. Friedrich Schleiermacher escreveu seus fervorosos discursos para os "desprezadores cultos" da religião, argumentando que algo de valor espiritual permanecia no cristianismo mesmo quando suas doutrinas não eram mais críveis. Historiadores eclesiásticos, como Adolf von Harnack, argumentavam que certo núcleo de verdade e poder espiritual permanecia mesmo quando as afirmações doutrinárias do cristianismo eram negadas. Nos Estados Unidos, pregadores como Harry Emerson Fosdick pregavam que o cristianismo tinha de harmonizar-se com a era moderna e abandonar suas afirmações sobrenaturais.

Os liberais não planejavam destruir o cristianismo. Pelo contrário, estavam certos de que estavam resgatando o cristianismo de si mesmo. O esforço de resgate dos liberais exigia a capitulação das doutrinas que a era moderna achou mais difíceis de aceitar, e a doutrina sobre o inferno era a principal em sua lista de doutrina que tinham de ser renunciadas.

Como observou o historiador Gary Dorrien, do Union Theological Seminary – a fortaleza do liberalismo protestante – foi a doutrina do inferno que marcou os primeiros grandes afastamentos da ortodoxia teológica nos Estados Unidos. Os primeiros liberais não podiam aceitar e não aceitariam a doutrina do inferno que incluía punição eterna consciente e o derramamento da ira de Deus sobre o pecado.

Portanto, eles a rejeitaram. Argumentaram que a doutrina sobre o inferno, embora revelada com clareza na Bíblia, difamava o caráter de Deus. Ofereceram evasivas intencionais dos ensinos da Bíblia, revisões da doutrina e rejeição do que a igreja havia afirmado em toda a sua longa história. Por volta do final do século XX, a teologia liberal havia esvaziado amplamente as principais igrejas e denominações protestantes. Quando se inicia o novo século, o liberalismo teológico é não somente uma rejeição do cristianismo bíblico – mas também uma tentativa fracassada de resgatar a igreja de suas doutrinas. Por fim, uma sociedade secular não sente qualquer necessidade de freqüentar ou apoiar igrejas secularizadas que possuem uma teologia secularizada. A negação da doutrina sobre o inferno não trouxe relevância para as igrejas liberais. Apenas enganou milhões de pessoas quanto ao seu destino eterno.

Isso nos traz à controvérsia sobre o livro Love Wins, de Rob Bell. Como a sua capa anuncia, o livro fala sobre "o céu, o inferno e o destino de cada pessoa que já viveu". Ler esse livro é uma experiência entristecedora. Já lemos esse livro antes. Não as palavras exatas, nem apresentado de modo tão habilidoso, mas o mesmo livro, o mesmo argumento, a mesma tentativa de livrar o cristianismo da Bíblia.

Rob Bell, como comunicador, é um gênio. Ele é o mestre da pergunta pungente, da história distorcida e da anedota pessoal. Como Harry Emerson Fosdick, o paladino do liberalismo no púlpito, Rob Bell é um exímio comunicador. Se ele tivesse planejado defender o ensino bíblico sobre o inferno, ele o teria feito maravilhosamente. Teria prestado um grande serviço à igreja. Mas isso não foi o que ele intencionou fazer.

Como Fosdick, Rob Bell se preocupa profundamente com as pessoas. Isso se evidencia em seu escritos. Não há razão para duvidarmos que Rob Bell escreveu este livro motivado por sua preocupação pessoal com as pessoas que se irritam com a doutrina sobre o inferno. Se essa preocupação tivesse sido direcionada a uma apresentação de como a doutrina bíblica sobre o inferno se encaixa no contexto mais amplo do amor e da justiça de Deus e do evangelho de Jesus Cristo, isso teria sido um benefício para milhares de cristãos e outras pessoas que procuram entender a fé cristã. Mas não é isso que Bell faz em seu novo livro.

Em vez disso, Rob Bell usa seu incrível poder literário e comunicativo para dividir a mensagem da Bíblia e lançar dúvidas sobre os seus ensinos.

Ele afirma claramente o seu interesse: "Um impressionante número de pessoas têm sido ensinadas de que um grupo seleto de cristãos viverão para sempre em lugar de paz, regozijo e alegria chamado céu, enquanto o resto da humanidade viverá para sempre em tormento e punição no inferno, sem qualquer chance de algo melhor. Diz-se claramente a muitos que essa crença é uma doutrina central da fé cristã e que rejeitá-la significa, em essência, rejeitar a Jesus. Isso é errado, prejudicial e, em última análise, subverte a contagiante propagação da mensagem de amor, paz, perdão e alegria de Jesus, a mensagem que o nosso mundo precisa ouvir urgentemente".

Essa é uma afirmação tremenda; é bastante clara. Rob Bell crê que a doutrina da punição eterna de pecadores que não se arrependem está impedindo que as pessoas venham a Jesus. Esse é um pensamento inquietante, mas, sob melhor análise, destrói a si mesmo. Em primeiro lugar, Jesus falou com muita clareza sobre o inferno, usando uma linguagem que só pode ser descrita como explícita. Jesus advertiu sobre "aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo" (Mt 10.28).

Em Love Wins, Rob Bell faz o seu melhor para argumentar que a igreja tem permitido que a história do amor de Jesus seja pervertida por outras histórias. A história de um inferno eterno não é, ele crê, uma boa história. Ele sugere que uma história melhor envolveria a possibilidade de o pecador vir à fé em Cristo depois da morte, ou de o inferno ser uma cessação de existência, ou de o inferno ser, por fim, esvaziado de seus habitantes. O problema, é claro, é que a Bíblia não nos dá qualquer indício da possibilidade de um pecador ser salvo depois da morte. Em vez disso, a Bíblia diz: "Aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo" (Hb 9.27).

Ele também advoga uma forma de salvação universal. Novamente, as afirmações de Rob Bell são mais sugestivas do que declarativas, mas ele tenciona claramente que seus leitores sejam persuadidos de que é possível – até provável – que aqueles que resistem, rejeitam ou nunca ouvem de Cristo possam, apesar disso, ser salvos por meio de Cristo. Isso significa que nenhuma fé consciente em Cristo é necessária para a salvação. Bell sabe que tem de lidar com textos como Romanos 10.14: "E como ouvirão, se não há quem pregue?" Ele diz que concorda sinceramente com esse argumento do apóstolo Paulo, mas, em seguida, descarta todo o argumento e sugere que esse não pode ser o plano de Deus. Evita totalmente a conclusão de Paulo de que a fé vem pelo ouvir e o ouvir "pela palavra de Cristo" (Rm 10.17). Bell rejeita a idéia de que uma pessoa tem de chegar a um conhecimento pessoal de Cristo nesta vida, para que seja salva. "E se o missionário não alcançar os perdidos?", ele pergunta.

Essa é a maneira como Rob Bell lida com a Bíblia. Ele argumenta que as portas que nunca se fecharão na Nova Jerusalém (Ap 21.25) significam que a oportunidade de salvação jamais se fecha, mas ele evita considerar o capítulo anterior, que inclui a afirmação clara da justiça de Deus: "E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo" (Ap 20.15). As portas eternamente abertas da Nova Jerusalém aparecem depois desse julgamento.

Assim como muitos outros, Bell quer separar a mensagem de Jesus das outras vozes do Novo Testamento, em especial a voz do apóstolo Paulo. Nisto, temos de enfrentar a inescapável questão da autoridade bíblica. Ou afirmaremos que cada palavra da Bíblia é verdadeira, digna de confiança e plena de autoridade, ou criaremos nossa própria Bíblia, de acordo com nossas preferências. Em palavras francas, se Paulo e Jesus não falam a mesma coisa, não temos qualquer idéia do que é realmente verdadeiro.

Bell prefere o inclusivismo, a crença de que Cristo está salvando a humanidade por outros meios além do evangelho, incluindo outras religiões. Mas ele confunde as coisas, parecendo advogar o universalismo em algumas páginas, mas esquivando-se de uma afirmação plena. Ele rejeita a crença de que a fé consciente em Cristo é necessária para a salvação, mas não se firma com clareza numa descrição específica do que ele crê.

Bell tenta reduzir toda a Bíblia e a inteireza do evangelho a história e crê que é seu direito e dever determinar que história é melhor do que outra – que versão do cristianismo será convincente e atraente para os incrédulos. Afinal de contas, ele estabeleceu isso como seu alvo – substituir a história recebida por algo que vê como melhor.

O primeiro problema nessa atitude é óbvio. Não temos nenhum direito de determinar que "história" do evangelho preferimos ou achamos mais convincente. Temos de lidar com o evangelho que recebemos de Cristo e dos apóstolos, a fé que uma vez por todas foi entregue à igreja. Sugerir que outra história é melhor e mais atraente do que essa história é audácia de proporções fenomenais. A igreja está presa à história revelada na Bíblia – em toda a Bíblia... cada palavra dela.

Há um segundo problema, um problema que podemos achar que já tínhamos aprendido. O liberalismo não convence. Bell quer argumentar que o amor de Deus é tão poderoso, que "Deus consegue o que Deus quer". Ora, Deus quer a salvação de todos, Bell argumenta, logo, todos serão salvos – alguns depois da morte, até muito tempo depois da morte. Mas ele não pode sustentar essa idéia por causa da sua absoluta afirmação da autonomia humana: Deus mesmo não pode impedir e não impedirá de ir para o inferno alguém que está decidido a ir para lá. Portanto, se entendemos Bell em seus próprios termos, nem ele crê que "Deus consegue o que Deus quer".
Semelhantemente, o argumento de Bell está centralizado na afirmação do caráter amoroso de Deus, mas ele separa o amor da justiça e da santidade. Isso é característico do liberalismo tradicional. O amor é divorciado da santidade e se torna mera sentimentalidade. Bell quer resgatar a Deus de qualquer ensino de que sua ira é derramada sobre o pecado e pecadores e, com certeza, em qualquer sentido de punição eternamente consciente. Mas Bell também quer Deus vindique as vítimas de assassinato, estupro, abuso infantil e males semelhantes. Ele parece não reconhecer que tem destruído sua própria história, deixando Deus incapaz ou indisposto de realizar sua própria justiça.

Na verdade, qualquer esforço humano para oferecer ao mundo uma história superior à abrangente história da Bíblia fracassa em todos os lados. É uma abdicação da autoridade bíblica, uma negação da verdade bíblica e um evangelho falso. Engana pecadores e não salva. Também fracassa em seu alvo central – convencer pecadores a pensarem melhor em Deus. O verdadeiro evangelho é o evangelho que salva – o evangelho que tem de ser ouvido e crido, para que pecadores sejam salvos.

Mas é exatamente neste ponto que o livro de Rob Bell se desvia. Ele descreve o evangelho nestes termos:

Começa na verdade certa e segura de que somos amados. A verdade de que, apesar do que saiu horrivelmente errado em nosso coração e se espalhou por todos os cantos do mundo; apesar de nossos pecados, erros, rebelião e coração insensível; apesar do que foi feito para nós e do que temos feito, Deus fez as pazes conosco.

Ausente do evangelho de Rob Bell, está qualquer referência clara a Cristo, qualquer entendimento adequado do pecado, qualquer afirmação da santidade de Deus e de sua garantia de punir o pecado, qualquer referência ao sangue derramado de Cristo, de sua morte na cruz, de sua expiação vicária e de sua ressurreição e, tão impressionantemente, qualquer referência à fé como a reposta de pecadores às boas-novas do evangelho. Aqui não há verdadeiro evangelho. Isso é apenas uma reedição da mensagem impotente do liberalismo teológico.

N. Richard Niebuhr condensou brilhantemente a teologia liberal nesta sentença: "Um Deus sem ira trouxe homens sem pecado a um reino sem julgamento por meio das ministrações de um Cristo sem uma cruz".

Sim, já lemos este livro antes. Com Love Wins, Rob Bell se move firmemente no mundo do liberalismo protestante. Sua mensagem é um liberalismo que chega tarde no cenário. Tragicamente, sua mensagem confundirá muitos crentes, bem como inúmeros incrédulos.
Não ousamos evadir-nos de tudo que a Bíblia diz sobre o inferno. Jamais devemos confundir o evangelho, nem oferecer sugestões de que talvez haja algum meio de salvação além da fé consciente em Jesus Cristo. Jamais devemos crer que podemos fazer um trabalho de relações públicas a respeito do evangelho ou do caráter de Deus. Jamais devemos ser imprecisos e subversivamente sugestivos sobre ao que a Bíblia ensina.

Nas páginas iniciais de Love Wins, Rob Bell garante aos seus leitores que "nada neste livro não foi ensinado, sugerido ou celebrado por muitos antes de mim". Isso é bastante verdadeiro. Mas a tragédia é que essas coisas foram ensinadas, sugeridas e celebradas por aqueles cuja companhia nenhum amigo do evangelho deveria querer. Neste novo livro, Rob Bell toma sua posição com aqueles que tem procurado resgatar o cristianismo de si mesmo. Sob qualquer medida, isso é uma grande tragédia.

Traduzido por: Wellington Ferreira


Copyright:
© R. Albert Mohler Jr.
©2011 Editora Fiel


Traduzido do original em inglês: We Have Seen All This Before: Rob Bell and the (Re)Emergence of Liberal Theology. Publicado originalmente no site: www.albertmohler.com

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